SUPERANDO OS LIMITES




Vítimas do próprio desenvolvimento, cilada que a ontogênese e sobretudo a filogênese nos armou, não temos o olfato felino que permite identificar alimentos e fêmeas no cio a quilômetros. Não voamos por moto próprio. Ao perdermos as brânquias, tornamo-nos incapazes de respirar submersos. Nossas visão e audição, Deus do céu!, são um nada se comparadas às dos grandes caçadores que dão conta de suas presas a incríveis distâncias.

Nem tudo está perdido. A inteligência humana superou vários obstáculos. No sonho flutuamos. Nossa inviabilidade aquática foi contornada com as máscaras, os torpedos e os submarinos. A magnificação através de potentes lentes, permitiu-nos distinguir partículas de dimensões impensáveis e enxergar a milhares de quilômetros de distância. Até mesmo o que já não existe é reconhecido nas profundezas do firmamento. Hoje, “partículas de Deus”, em algum lugar do horizonte, surgem como uma real possibilidade de identificação.

Voamos ao infinito. Nunca as asas de Dédalo e Ícaro nos pareceram tão mitológicas. Mais que isso. Pacientemente ou sofregamente, mistérios e leis da natureza foram se desnudando. Criamos estações espaciais. Em tempos de crise do decadente capitalismo, passeios promocionais às fímbrias das galáxias estão disponibilizadas pela merreca de cem mil dólares.

Trocamos os grunhidos pela linguagem oral. A escrita evoluiu das garatujas rupestres à manual e eletrônica. Nas primitivas fantasias, ao “primeiro medo Deus se fez”. Imaginamos um Paraíso Terrestre e uma Torre de Babel. Fomos reconstruindo nossa identidade, parte dela fruto de nossas elucubrações. Estabelecemos códigos e regras.

Expandimo-nos espiritualmente nas poesias e prosas, inventando instrumentos musicais, cantando, compondo, primeiro reproduzindo os sons naturais, depois, a natureza passaria a nos imitar. Dançamos de olho nos trigais batidos pelo vento, inspirados nas coreografias das aves e peixes, sob impacto de suaves ou estridentes sons emanados de canoras aves. As telas e as esculturas são testemunhas da nossa busca pela forma perfeita.

Exemplo de contribuições à humanidade, o governo brasileiro supera-se e dá mais um show de criatividade. Vítima da arrogante mídia hegemônica, o ministro Fernando Pimentel, de codinome Oscar, reserva moral do partido, busca no Além explicar um milhão de reais recebidos por conta de imperdíveis conferências espíritas, pagas pelo patronato de Minas.