Flipenedo
Um calendário gentilmente ofertado por Ivone e Douglas me fez dar marcha à ré na memória. Num lance, revi-me menino perambulando, descalço e vadio, pelas ruas de Bebedouro. Uma bola de borracha nas mãos, uma garagem de bicicleta recendendo a familiares odores de graxa e Michelin.
Completando a cena, na parede encardida, um manuseado calendário da Pirelli onde uma loura meio despida atiça a curiosidade de impulsivos pré-adolescentes.
Que o leitor não se assanhe. O calendário do historiador Douglas Apratto é mais um mergulho no acervo arquitetônico de Alagoas. Desta feita, o pesquisador preocupou-se com a devastação, mostrando obras no seu estado primitivo ao lado da atual situação de penúria.
São mais de duas dúzias de construções que marcaram uma época e que hoje morrem por falta de assistência. Nada de louras, portanto.
Sob o sugestivo título de Memória da Destruição, Apratto dá um banho de iconografia. Em parceria com Leda Almeida e Cármen Lúcia Dantas, dá vida a um projeto de garimpagem que denuncia a extensão do descaso.
No entanto, se o resgate do patrimônio arquitetônico depender do empenho do presidente da Academia Alagoana de Letras, mestre Ib Gatto Falcão, os primeiros passos nessa direção já foram dados. É que a casa de Jorge de Lima, citada no trabalho de Douglas, está em vias de recuperação.
Justiça se faça, como o mestre Ib, há outros viventes das Alagoas que sonham elevar o nível cultural da terra.
Carlito Lima é um deles. Conhecido nacionalmente desde que pôs o dedo na ferida e contou suas experiências na caserna, o Duque de Jaraguá, como é carinhosamente tratado pelos amigos, tornou-se um guerreiro em prol dos nossos valores.
Entusiasmado com a Feira Literária de Parati, Carlito aliou-se a Geraldo Majella e a outros conterrâneos de boa vontade elegendo Penedo para a 1ª Festa Literária.
A bela cidade tem tudo a ver com o acontecimento. Abrindo o evento, a professora Vera Romariz homenageou o avô, o poeta penedense Sabino Romariz.
Vitorioso, o prestígio e a credibilidade do charmoso Velho Capita revelam-se ao conseguir reunir tanta gente boa. Arrisco-me a citar nomes: Arriete, Abynadá, Carlos Mero, Denis Melo, ,Douglas Apratto, Bonfim e tantos outros de igual nomeada.
Tudo estaria perfeito se Carlito, traído pelo coração, não tivesse intimado este modesto escriba para falar sobre Crônicas.
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