O IMPERECÍVEL LEGADO HUMANO

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O novo livro do engenhoso calculista prof. Vinicius Maia Nobre é um agradável passeio pelas veredas da nossa História. Reserva moral e intelectual do nosso torrão natal, VMN é uma daquelas figuras que Zeus deveria conceder-lhe a imortalidade.

Diversas vezes tive a honra de, gratuita e generosamente, ser surpreendido com inesperadas chamadas telefônicas. Voz gutural, identificando-se simplesmente como “Vinicius Maia Nobre”, o lendário engenheiro cumprimenta-me por um desses despretensiosos textos, que a Gazeta de Alagoas decide publicar.

Maia Nobre, certamente, por compulsivo furor, lê tudo, inclusive as heresias de um suburbano bebedourense. Mesmo sabendo o desnível abissal que nos separa, digo a vocês, sinto-me privilegiado por saber que tenho um leitor desse quilate. Nas minhas fantasias, sempre achei que somente alguns familiares davam-se ao sacrifício de um “coup d’oeil “, quase um “noblesse obligé”, de ler rápida e desinteressadamente minhas desimportantes opiniões.

Reporto-me aos primeiros ensaios quando, impetuosamente, resolvi escrever sobre um glorioso embate esportivo entre um combinado do CSA e do CRB com o portenho Velez Sarsefield. Foi um desastroso artigo. Cometi erros imperdoáveis, a começar pela grafia da equipe argentina.

Naquela época, era permitido colocar o e-mail.

Doutor Vinicius passou-me uma mensagem corrigindo os horrorosos solecismos históricos. Neófito no ramo, estive a ponto de parar de escrever bobagens. Infelizmente, para decepção do meu raquítico público leitor, na semana seguinte retratei-me num ridículo mea culpa.

Pensei que havia perdido um dos meus mais ilustres leitores.

O que quero dizer é que o prof. Vinicius Maia Nobre é testemunha ocular de todos os fatos importantes (alguns sangrentos) da nossa história. Desde seu retorno do Recife, onde colou grau, foi convocado a participar (e definir) do curso do pulsar desenvolvimentista do Estado.

O seu livro, antes de tudo, é uma aula monumental de História Universal. Memorialista, com Ib Gatto e outros luminares, emprestou sua inteligência, de olho no futuro e no momento particular que Alagoas viveu. Embora um imbatível expert em pontes, pessoalmente, creio que os cálculos que permitiram os majestosos vãos livres do Trapichão são o zênite de suas obras.

A obra literária de VMN é enriquecida por históricas fotos. À frente do seu tempo, sua atuação foi fundamental na consolidação da primeira Faculdade de Engenharia. Elegantemente, comenta obras inapropriadas, equivocadas, erguidas de forma açodada, que feriram de morte a harmonia do espaço urbano da Província.

São, de fato, incalculáveis as narrativas desse grande alagoano.