quinta-feira, 18 de julho de 2019

2006 MARÇO SAFRA DE GÊNIOS


Safra de gênios
 Ronald Mendonça
 Médico e professor da Ufal

     Por mais esperto que seja um macaco, por mais gracinhas que faça um doce poodle, nunca ouvi alguém qualificá-los como “gênios”. Para o bem ou para o mal, a genialidade é marca inconfundível do ser humano.
     Na conturbada história da humanidade, de tempos em tempos, registram-se fases em que coincidem a presença simultânea de indivíduos portadores de capacidade intelectual superior, grande poder de captação de conceitos e com criatividade bem acima da média.   Geralmente seus legados revolucionários deixam rastros que são reconhecidos pelas gerações subsequentes. Esses seres especiais seriam os gênios.
     Há, é claro, os do bem e aqueles do mal. É compreensível que apenas os gênios do bem sejam relembrados. Por uma questão de justiça, não quero deixar de assinalar que o polimorfo renascentista Leonardo da Vinci é tido como um dos maiores gênios de todos os tempos. Talvez o maior de todos.
     Apesar de lecionar numa universidade há quase 30 anos, nunca tinha visto um gênio de perto. Aliás, quando se falava em gênios brasileiros logo vinham as veneráveis figuras  de Osvaldo Cruz, Machado de Assis e Rui Barbosa. Mas, na realidade, os mais conhecidos são os gênios da bola, Pelé e Garrincha. (Ronaldinho Gaúcho é outro forte candidato).
     Sim, porque embora a psicologia insista em enquadrar o gênio num escore de 190 num teste de QI, a genialidade pode se manifestar em habilidades específicas.
     Não fiquemos, contudo, tão decepcionados com a anêmica relação. Até porque nos últimos tempos a minguada lista de superdotados nacionais tem crescido de forma significativa. Nesse aspecto, a gente tem mais é que agradecer a Deus de joelhos pela nova safra de gênios representada pelos nossos valorosos políticos, particularmente pelos dirigentes petistas José Dirceu, Genoíno, Delúbio e Silvinho, além dos insuperáveis  Marcos Valério e Duda Mendonça. Somente o toque divino da genialidade permitiria a elaboração daquele esquema que espantou o País.
     Nesse rol de gênios, seria uma tremenda injustiça os alagoanos ficarem de fora. As vagas foram ocupadas pelos geniais gestores e construtores do novo aeroporto, que conseguiram transformar uma obra de 50 milhões em escandalosos 200 milhões.
     A essa altura, talvez valha a pena repetir o que o genial Chaplin disse certa vez: “Mais que de inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.



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