quinta-feira, 18 de julho de 2019

FLORES E PROVAS AGOSTO 2006


Flores e provas


     Posso me considerar um privilegiado pelo fato de ter sido alfabetizado pela minha avó aos cinco anos de idade. Na época, 60% da população brasileira era analfabeta.
Se há controvérsias de que aprender a ler contribui de alguma forma para a felicidade, certamente dominar o alfabeto não deixa ninguém menos infeliz.
     O que não posso negar é que, graças a essa habilidade, consigo tirar o modesto sustento da família. Pelas sinuosas trilhas do destino, nos últimos 30 anos transformei-me num profissional do ensino.
     Não é por acaso que em tempos de campanha a curiosidade se aguça em conhecer o que os pretendentes falam sobre educação, além, é claro, das óbvias generalidades.
     O professor Cristovam Buarque, candidato à presidência pelo PDT, esforça-se para fazer da educação a cara de sua campanha.
     Ex-ministro de Lula justamente na área que escolheu para seu cavalo de batalha eleitoral, Buarque garante ter sido impedido pelo chefe de fazer a sonhada revolução pela educação.
     Por isso a estéril passagem pela pasta. “Federalizar” a educação, sem tirar o seu caráter municipal é a meta do ex-ministro. Em que pese parecer um sujeito bem-intencionado, no seu acanhado patamar de 1% das intenções, as chances de aplicar esses planos desmancham-se no ar.
     Candidata em ascensão, a senadora alagoana Heloísa Helena é outra profissional do ensino de olho no trono presidencial.
     O discurso contundente e moralista está em lua-de-mel com os órfãos do PT ético de velhos carnavais.
     Sobre o tema educação, a senadora vem repetindo que, no caso de derrota, voltará a dar aulas, quando será recebida com flores na Universidade Federal de Alagoas. Só isso já terá valido a pena. Em três décadas de Ufal será a primeira vez que verei um professor deixar de ser recepcionado com a habitual indiferença diária.
     Com a reeleição praticamente assegurada, segundo as pesquisas de opinião, o presidente Lula já tem o segredo da educação eficiente: avaliações diárias.
     Com efeito, talvez por desconhecer o drama de se corrigir 500 provas mensais, sua excelência não admite que um cara passe 45 minutos dando uma aula e no fim ele não tenha a curiosidade de checar o que os alunos aprenderam, daí a sua orientação pedagógica.
     Sobre a sua própria falta de curiosidade em saber o que os seus auxiliares diretos e o seu partido praticavam durante 3 anos para corromper o País, nem uma palavra.



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