quinta-feira, 18 de julho de 2019

O VÍRUS DA INDECÊNCIA AGOSTO 2006

O vírus da indecência


     Se ainda hoje o criacionismo encontra respeitáveis adeptos no mundo inteiro, não é de estranhar que durante séculos a ciência tenha colocado todas as suas fichas na teoria da geração espontânea.
     Acreditava-se, por exemplo, que os ratos originavam-se espontaneamente do lixo, a partir da imundície. Sem um conhecimento mais profundo, os cientistas, que andavam de saco cheio com a história de que as doenças eram castigos divinos, conformavam-se com esse raciocínio simplista. Assim, as epidemias surgiriam caprichosamente, muitas delas levadas pelo ar (malária = mau ar).
     O mundo deu muitas voltas até sepultar completamente a teoria da geração espontânea, feito atribuído ao conhecido pesquisador francês Louis Pasteur, tido também como um dos pais da vacinação.
     Como se sabe, o pensamento científico passou a predominar, talvez até de forma exagerada. Com efeito, sob a égide do “cientifisismo” nenhuma verdade é absoluta, imutável. Conceitos consagrados, do dia para a noite tornam-se obsoletos. Concepções mais modernas ocupam seus lugares, que por sua vez logo são substituídos por outras ideias.
     Veja-se o enfarte do coração. Durante anos os vilões genética (colesterol, vida sedentária, fumo e obesidade) dominaram a cena. De uns anos para cá a teoria infecciosa (viral ou bacteriana) vem sendo admitida como um fator decisivo.
     Agora é a obesidade. Há quanto tempo o leitor sabe que alimentação excessiva é a principal causadora das nossas indesejadas camadas de banha? Isso parece coisa do passado. Baseados em experimentos em ratos, pesquisadores americanos juram que a obesidade tem uma causa viral.
     Pessoalmente estou cada vez mais inclinado a acreditar que há um vírus da indecência contaminando os políticos brasileiros. Embora Brasília seja um foco importante, o perigoso microrganismo parece estar difundido em todo o território nacional.
     Vocês não imaginam a compaixão que eu sinto pelos nossos honrados políticos, a maioria, infelizmente, contaminada. É por conta do vírus, coitados, que eles são levados a participar de valeriodutos, caixa dois, sanguessugas e outros esquemas. Morro de pena dos jovens, tão ingênuos, pois logo, logo estarão com os mesmos sintomas. O pior de tudo é que a doença, além de incurável, é tão traiçoeira que eles nem parecem doentes.

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