quinta-feira, 18 de julho de 2019

POBRES CANDIDATOS POBRES JULHO 2006


Pobres candidatos pobres


     Impelidos pela legislação eleitoral, Lula e Alckmin revelaram as projeções financeiras para tentar ganhar as eleições. Na minha insignificância, não saberia dizer se 90 milhões é uma quantia razoável para sustentar uma campanha eleitoral para presidência da República, uma vez que só para os publicitários, em conta no exterior, escoam pequenas fortunas. A crença geral é de que esses valores estão subdimensionados.
     É praxe os candidatos puxarem os gastos para baixo, até para dar a impressão aos eleitores de que estão fazendo um grande sacrifício pessoal, um enorme esforço cívico em prol dos menos favorecidos. Por isso, não pega bem alardear cifras astronômicas.
     Duas décadas atrás, campanhas “milionárias” para o mesmo cargo eram avaliadas em torno de 15 milhões. Por conta da diferença da moeda fica difícil o cotejamento. De qualquer forma, parece que pouco a pouco a divulgação dos gastos é um pouco menos cínica.
     Não faz muito tempo, partidos “ideológicos” vendiam a mensagem de que quase não tinham gastos, posto que a campanha era tocada pela “militância” (abnegados e crédulos cidadãos que, por amor à pátria e ao partido, iriam às últimas conseqüências para eleger seus líderes). Duda Mendonça & Cia desmontaram essa farsa. Militância sem “babinha” é história da carochinha.
     Uma moda que não passa é propalar que o candidato venceu na vida apesar de sua origem humilde. Nessa hora quanto mais desgraçada tenha sido a infância melhor. Um pai irresponsável, agressivo, bêbado, como dizia Ronaldo Fenômeno, ajuda pra caramba. Mas cuidado: mãe prostituta, mãe vadia (ninguém sabe o porquê) não dá voto.
     Se o sujeito é rico de berço, herdeiro de indústrias e propriedades, os marqueteiros tentam reescrever sua biografia. Uma das táticas é difundir que o portentado recebeu uma massa falida, mas com o seu trabalho incessante conseguiu reerguer um império, sempre voltado para o bem-estar dos trabalhadores. Numa outra leitura, a eleição de Lula provou que o eleitorado não está nem aí para o nível cultural dos pretendentes.
     O engenheiro Maluf é o protótipo do milionário candidato. Numa de suas campanhas afirmava, sem corar, que os seus gastos se resumiam em comprar sapatos Vulcabrás, os mais resistentes para as duras jornadas pelos grotões paulistanos. Atacar o erário, nem pensar. Imaginem se um homem rico daquele se preocuparia em desviar dinheiro público....



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