O retrato da sogra
A uma semana do pleito, é praticamente irreversível a reeleição de Lula. Não obstante o esforço dos seus aliados em demonstrar que não são de brincadeira quando se trata de extrair proveito dos bens públicos, a grande maioria dos eleitores já fez a sua opção.
Nada gruda no presidente. Hoje não existe força viva ou morta que consiga desbancar sua dianteira. Liderados por Berzoini e ninguém mais que Freud em pessoa, a última picaretagem do seu grupo foi tentar comprar um dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo, José Serra. Como se sabe, o concorrente petista Mercadante amarga a perspectiva de uma derrota acachapante, justamente no maior colégio eleitoral do País.
O dossiê talvez servisse para minimizar a diferença. Dizem que se o País fosse minimamente sério, só isso seria o bastante para detonar uma candidatura. De qualquer forma, escancara o jeito PT de fazer política.
É preciso que se reconheça, no entanto, que independente do seu partido – cujo desempenho geral é fraco – e guardadas as devidas proporções, Lula desperta sentimentos tão antagônicos que lembram o coronel Ubiratan, o controverso fauno que comandou o massacre do Carandiru.
O fato é que os adversários de Lula não empolgaram. Tirando os folclóricos Eymael e Bivar, restam Cristovam Buarque, Heloísa Helena e Geraldo Alckmin.
O ex-ministro Buarque, talvez prejudicado pela vozinha bitonal, passa a imagem de um sujeito bem-intencionado. E só.
Heloísa Helena até que tentou. Contudo, as ambiguidades entre programa de partido X programa de governo e as súbitas variações de humor não convenceram. Hoje seu nome caminha em marcha à ré.
Apropriadamente apelidado de picolé de chuchu, Geraldo Alckmin é outro que murcha a cada dia. Tem cara de bom moço, educado, médico, ar de quem acorda e dá bom-dia-lindo-dia, toma banhos diários, escova os dentes após as refeições e jamais fala um palavrão diante de senhoras e de pessoas idosas.
Alckmin preenche o perfil daquele rapaz sem vícios e sem graça que a namorada tolera a pulso (já Lula faz o tipo fauno), mas que todo pai adoraria tê-lo como genro. Com o seu jeito de seminarista, é até provável que ande com a foto da sogra na carteira.
Olho para o Geraldo Alckmin e não saberia dizer se ele dará um grande presidente, mas com certeza seria um ótimo pediatra para os meus netos.
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