quinta-feira, 18 de julho de 2019

2006 25 MARÇO A CARNE É FRACA


A carne é fraca
 Ronald Mendonça
 Médico e professor da Ufal

     Aparentemente o inferno zodiacal de Antonio Palocci está apenas começando. Mantido no cargo graças ao obcecado apoio do presidente da República, não são recentes os indícios de envolvimento com lobistas e as evidências de favorecimento a empresas amigas em contratos governamentais.
     A bem da verdade, desde o início de sua gestão, o ministro foi flechado por críticas de diferentes direções. Nem o seu próprio partido o poupou. Não era para menos, sobretudo porque o governo Lula não tinha a mínima idéia do que seria dirigir um país. Plano de governo, nem pensar.
     Nesse aspecto, fazia lembrar um treinador do Bebedourense nos anos 60 do século passado, pinguço de fazer medo, que na hora de botar o time em campo distribuía as camisas e gritava: “Vamos lá cambada!”.
     O fato é que Palocci, seguindo as diretrizes do malfadado governo anterior, juntou financistas experientes e manteve a inflação sob controle. A receita não chegou a ser uma novidade. Juros altos, lucratividade imoral dos bancos e estrangulamento da classe média.   O dinheiro que deveria estar sendo empregado em infra-estrutura destinou-se a pagar juros. Entendidos falam numa sangria entre 150 a 200 bilhões por ano.
     A bomba estourou quando ex-assessores de Ribeirão Preto botaram a boca no trombone denunciando esquemas de corrupção que varavam o tempo. Pois é, o ex-prefeito, e agora ministro, seria um dos craques do PT em extrair dinheiro de empresários para “financiar campanhas” da honrada agremiação. Tirando de letra as denúncias,  Palocci nem surpreendia, muito menos decepcionava. Homens públicos só surpreendem quando são corretos. Deles espera-se tudo.
     É claro que achacar empresários não é invenção do PT. Era criança e já ouvia falar de políticos que, subservientes, iam rastejar nos escritórios dos poderosos, atrás de grana.  Os anos passaram, as “gorjetas” oficializaram-se. Hoje, até as formigas de açúcar sabem que para fechar qualquer contrato com o governo o cara tem de incluir o “pedágio”.
     A essa altura, tudo indica que Palocci estaria com seus dias contados como ministro.  Nada a ver com a ética republicana. É que as evidências de recorrente freqüência a uma mansão de orgias e surubas, templo pagão de lobistas e intermediários, teriam eclodido insustentável crise familiar.
     Quem, de sã consciência, poderia imaginar o seminarista Palocci cliente VIP de Mary Córner, a “Mossoró do Planalto”?.



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