domingo, 11 de dezembro de 2011

UMA ARMADILHA PARA OS ALAGOANOS

Pensei que jamais veria a extinção do tradicional vestibular como preferencial porta de entrada aos cursos superiores. Eis que, de súbito, despretensioso plano de avaliação das escolas de nível médio, o Enem, passa a servir como único parâmetro para o acesso à tão sonhada faculdade.
Aposentado da Ufal, com a autopercepção de um barionix num tabuleiro de xadrez, com netos de 8 e 10 anos, a essa altura deveria apenas cuidar dos meus pacientes e comprar figurinhas para os netinhos.
Calejado pelo acompanhamento de vestibulares de amigos e parentes ao longo de anos, o tema me é caro. Vivenciei aprovações dos meus filhos, daquela que seria minha esposa, dos meus irmãos e até da minha mãe, para só falar das glórias.
Esta semana, a Academia Alagoana de Medicina promoveu uma sessão sobre o assunto, tendo como explanadores a reitora Ana Dayse e o diretor da Copeve, Almeida Lima, ambos da Ufal. Os velhos questionamentos retornaram.
A propósito, em 1977, comentei em artigo mudanças nas datas do vestibular da Escola de Ciências Médicas, que, a bem da verdade, atravessava calamitosa crise financeira. A divergência de datas teria como finalidade atrair inscrições pagas e com isso engrossar o raquítico orçamento. Com tais facilidades e com o nosso capenga ensino médio sem tutano para competir até com o de Sergipe, a ECMAL transformar-se-ia no paraíso dos “estrangeiros”.
Algo mudou deste então. O segundo grau procurou se adaptar às exigências dos vestibulares e o índice de aprovação bombou. Na contramão, tradicionais colégios de Maceió sentiram na carne o obsoletismo pedagógico. Certamente levará algum tempo para uma readequação aos preceitos do Enem. Nesse aspecto, soa precipitada a sofreguidão da Ufal em aceitar o Enem “pleno”.
Com a decadência do ensino público, a impor cartilhas partidarizadas e a estimular a cultura do “nóis se ferra”, além da criação do imoral e anticonstitucional sistema de cotas, são levianas certas críticas ao sistema privado de educação, como a propaganda, na busca de alunos. Pior é o governo: na insaciável caça de votos, com verbas públicas alardeia o que não faz.
O fato é que, hoje, quem se debruçar sobre o enigmático e volátil sistema de inscrição (Sisu), após receber a confirmação dos pontos do Enem, vai constatar a enrascada em que se meteu. Com a universalidade da concorrência, dificilmente teremos alagoanos incluídos nos cursos de maior apelo: medicina, odonto, direito, engenharia, dentre outros.

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