domingo, 11 de dezembro de 2011
RIEN DE RIEN
Instantes é um dos textos mais conhecidos de Jorge Luís Borges, o pranteado escritor argentino. É uma reflexão poética sobre o passado de um cidadão que lutara a vida toda contra o fantasma de conviver nas trevas da cegueira, tragédia pessoal que marcou sua existência. Aos 85 anos, revelando algum arrependimento, Borges observa que poderia ter tomado mais sorvetes, que não devia ter levado a vida tão a sério e lamenta não ter sido mais tolo do que foi. Se lhe fosse permitido retornar, trataria de cometer mais erros, de ser menos certinho e mais feliz... Naquele instante, reconhecia, era um pouco tarde para pôr em prática as coisas que deixara de fazer.João Cabral de Melo Neto, também teve seu momento de Madalena ao pressentir o “bafo da magra” a rondá-lo. Com efeito, o autor de Morte e Vida Severina, faria comovente desabafo lamentando o distanciamento de sua religião, das suas ave-marias, orações ensinadas pela mãe e que, por insegurança, modismo ou mero desafio, as renegara. Conta-se que, nos estertores, teria pedido para ouvir uma salve-rainha. Antes de partir, queria ficar de bem com a mãe do Céu.Diferentemente de Sinatra, que em My Way proclama, do seu jeito, seu mea culpa, ao interpretar Je ne regrette rien, a outonal Edith Piaff, apesar de todas as agruras pessoais, concupiscências e revertérios, não obstante fases de glória e glamour, solta a potente voz de contralto e em altos brados desautoriza qualquer arrependimento.Desfrutando as delícias de doce refúgio em um balneário paulista, quem também não quer ouvir falar em penitência é o terrorista italiano Cesare Battisti, hoje um imaculado cidadão brasileiro. Capa da IstoÉ dessa semana, é o tal cara que na Itália integrava facção criminosa. Trânsfuga internacional, seu país o aguarda para cumprir prisão perpétua por assassinatos. Para boa parte dos italianos, CB não passa de um bandido comum.Todos sabem que os grandes psicopatas não têm arrependimentos. Fascinados pela autoria de crimes com requintes perversos, muitas vezes, em juízo, são compelidos a exprimir essa “fraqueza”, apenas para driblar condenações menos suaves. Remorsos uma ova! Battisti dispensa-se dessa farsa pequeno-burguesa. Por cima da carne seca, ídolo gauchiste, tem em Lula e Tarso Genro fiéis escudeiros. Aliás, Genro, ao hostilizar o governo italiano tachando-o de decadente, sofre de amnésia seletiva, que o impede de lembrar que ordenha um governo em incontrolável declínio moral.
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