Os defensores de cotas para ingresso nas universidades dizem que a lei corrige um erro histórico de discriminação de 500 anos, nos quais negros, índios, mamelucos e egressos das escolas públicas não tiveram acesso ao ensino superior.
A propósito, dias desses, fui instado a responder se alguma vez, nos 34 anos de ensino, consegui distinguir na sala de aula aquele que havia sido beneficiário da cota. De fato, nunca tive essa percepção, mas jamais desperdicei meu tempo com tais minudências. Até os que vinham de faculdades estrangeiras chinfrins, que, de súbito e oblíquos, aterrissavam, nunca fiz-lhes distinção.
Tudo é relativo. Narro fatos com a Escola de Ciências Médicas, que, aliás, são de farto saber: anos atrás, o bizu corria solto no vestibular daquela unidade. Sabia-se até quem eram os agraciados. Daquelas turmas, muitos se superaram e são conceituados, nada lembrando a mácula do pecado original. Ou seja, para ser um bom profissional, o vestibular pouco representa.
O lado chato dessas histórias de garotos e garotas que passam com o auxílio de bizus ou sob a unção de cotas é a usurpação.É o desprezo pelo mérito. No instante da avaliação, por meio do instrumento legal (vestibular, Enem), havia pessoas mais competentes, que certamente estudaram e mereciam a aprovação. Imaginem quantos futuros bons médicos, engenheiros e advogados, desgostosos com a injustiça, desviaram-se de seus objetivos? Quem pode dizer que ali não se abrigavam grandes talentos, novos Carlos Chagas, réplicas de Oppenheimer?
Admito estar algo contaminado pelo “furor gozandi” de parte do corpo docente da Famed, a Faculdade de Medicina da Ufal. É justo o orgulho: a instituição teria conseguido o conceito máximo no Enade.Enade é a sigla de Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. Polêmica ferramenta, é uma prova de 40 questões versando sobre as matérias lecionadas no curso. Historicamente boicotada, no ano de 2010, os alunos de Medicina da Ufal resolveram encará-la com mais responsabilidade. Até pelo detalhe de não poderem faltar, sob pena de não colar grau.O entusiasmo é maior por conta das baixas pontuações em edições anteriores.
Curso em discutíveis mudanças na grade curricular, alguém mais açodado pode achar que com 3-4 anos já era possível se progredir da mediocridade para a excelência. Calminha aí com o andor, companheiro! Não vamos dar uma de Lula (nunca antes...). Na verdade, independentemente de Enade, a Famed sempre foi avaliada como uma boa escola
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