sexta-feira, 4 de abril de 2014

RIOS DE LÁGRIMAS



RIOS DE LÁGRIMAS
RONALD MENDONÇA
MÉDICO. MEMBRO DA AAL
Com a entrega do Aeroporto do Galeão ao truste internacional, o governo brasileiro segue um caminho iniciado pelo imperador Pedro I. Seu sucessor na coroa brasileira também privatizou. Não obstante o regime monocrático, Pedro II concebia um “Estado mais leve”. Com a República, havia a crença de que o “Estado pode muito, mas não pode tudo”.
A descoberta de petróleo  ensejaria uma campanha nacionalista do “Petróleo é Nosso”, culminando com a criação da estatal Petrobrás. A propósito, não tenho certeza se era Rockfeller que dizia: “os três melhores negócios do mundo são: 1) Um poço de petróleo bem administrado; 2) Um poço de petróleo medianamente administrado; 3) Um poço de petróleo pessimamente administrado”. Até há pouco tempo, por sinal, nossa Petrobrás  figurava entre as maiores empresas do mundo.
Não há como deixar de falar em FHC em cujo governo muito se privatizou, depois de anos da prevalência da cultura estatizante, nacionalista, dos militares que estiveram durante 21 anos no poder. O fato é que “o sociólogo de punhos de renda” fechou a venda de algumas grandes empresas, inclusive a Vale do Rio Doce. Até hoje esculhambam o homem...
 Uma parte  das vitórias do Lula deve-se à exploração pelos marqueteiros visando justamente as privatizações. Falava-se até que o PT, caso chegasse ao poder,  traria de volta a Vale,  para o colo dos amigos e admiradores do nosso “Barba”. Seria mais um peitinho gordo para saciar a sede de ética e moral dos companheiros.
Nesse atual cenário  de privatizações, eis que surge a delicada figura de Dilma Rousseff. Que choro sincero! Nem Cacilda Becker conseguiria chorar tão bem. Pudera! São muitas dores ao mesmo tempo. Se não bastassem a perda de pontos nas pesquisas, o fraudulento empobrecimento da Petrobrás, o desmascaramento da figura da gerentona... Some-se a dolorosa entrega do Galeão (como ela amava o velho Galeão!) Nunca mais ela verá aquela paisagem maravilhosa. Tudo isso relembrando a música de AC Jobim... Acrescentem-se ainda as lembranças do seu emocionante retorno do exílio. (É mero detalhe o fato de nunca ter sido exilada).
 Nesse mundo mau, há pessoas que não acreditam  naquela careta de choro de cortar o coração... Digo aos incréus, aos empedernidos: ouvi cinquenta e quatro vezes a canção de Jobim. Chorei rios de lágrimas. Estou treinando para a novela das oito.

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