quarta-feira, 23 de abril de 2014

HIENAS DO BEM


HIENAS DO BEM

RONALD MENDONÇA

MÉDICO E MEMBRO DA AAL

Comparando João Paulo à hiena, a crônica de Walter Mairowski, lida por ele mesmo na Rádio CBN, foi cercada de analogias e metáforas. Tudo porque o  ex-deputado e ex-presidente da Câmara Federal, João Cunha, viu reduzida sua penalidade em cerca de 3-4 anos. Humanitários juízes do STF chegaram a uma conclusão óbvia: JC não lavou dinheiro  público ou privado. Aliás, nunca lavou nada. Consta ser alérgico a todo tipo de sabão, detergentes, até aqueles específicos para lavar notas de cinquenta e de cem. Os detergentes que lavam cédulas menores causam violentas urticárias nas mãos dos alérgicos. Se insistir, as bolhas terminam  em ulcerações terríveis.

Dou-lhe razão. Nosso herói não quis arriscar. Consta que, da última vez em que tentou lavar, mesmo numa concentração diluída, teve os olhos inchados, broncoespasmo e quase morre. Não por acaso  seus advogados não admitiram lavagens. JC jamais teria lavado nada. Nem a própria cueca, muito menos a cueca de outros petistas melada de dólares.  No máximo ele enxuga. Assim mesmo  com luvas antialérgicas.

 Mairowsky exagerou nas  críticas. Com efeito, o advogado/jornalista ficou furibundo porque JC comemorou ruidosamente sua  mudança de regime de prisão. Passará do quase-fechado para o regime semiaberto. Com certeza, tendo-se como base a qualidade moral dos hóspedes da Papuda, a reabilitação moral e ética dar-se-á  dentro de alguns dias. A previsão é de que ele e seus colegas de trambiques deixem a Papuda em estado de graça. Afinal, existe um contingente maravilhoso trabalhando na recuperação desses  guerreiros. Se houve alguma insatisfação com o resultado final,  devemos atribuir ao espírito misericordioso dos ministros.

Em boa hora, os ministros do STF também descriminalizaram a mulher do moço. Que culpa tem aquela inocente? Confiando cegamente no marido e em Valério, como poderia imaginar que aquele dinheiro, recebido à sorrelfa, poderia ser sujo? Era preciso ter a mente corrompida pelo pecado.  A mulher recebe orientação de negar que foi receber  uma babinha. A estratégia era dizer que tinha ido pagar o boleto da Sky... Somente um ser extremamente mau desconfiaria.

 Mas como diria a amante de Henry IV, “O Banco Rural vale bem uma missa”. Se a cândida   esposa de João Paulo Cunha  não tivesse ido ao Banco, hoje nada disso estaria acontecendo. Em compensação, a babinha iria passar por outros meios. A criatividade petista supera qualquer obstáculo. A grande verdade é que, segundo o Supremo, João Paulo Cunha, militante “incorruptível” não passa de um mero corrupto.  Isso não é motivo para angústias desnecessárias.  Jamais um adjetivozinho pespegado pela imprensa reacionária e por um Supremo politizado irá macular a biografia deste patrimônio  do Partido.

O que queria Mairowski ? Que João Paulo e sua incorruptível esposa se quedassem prosternados no ardente betume de Brasília? É evidente que  ele e os comparsas  são “hienas” (comem fezes e têm relação sexual uma vez por ano, não obstante sorriem desbragadamente). Mas são hienas do bem!

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