Ronald Mendonça
Médico e Membro da AAL.
Esta semana, um primoroso
texto do publicitário Aloísio Alves brindou os leitores da Gazeta de Alagoas.
Abro parêntesis para dizer que se aproxima a data comemorativa dos 70 anos desse diário que faz parte da vida dos
alagoanos. Era garoto de menos de 10 anos quando Arnon de Mello adquiriu essa
marca. Por que não dizer? Órgão fundado pelo pernambucano Luiz Silveira (irmão
do Major Bonifácio e tio de Nise da Silveira), vivia os estertores. Míseros
duzentos números eram a tiragem do jornal.
minha geração cresceu lendo a
Gazeta e o Jornal de Alagoas. Pouco e pouco, às vezes aos saltos, o diário
comandado por Arnon de Melo ocupou merecido espaço no conceito popular, com
competência e , sobretudo, credibilidade. Não se faz um grande jornal sem essas
características. Como parte dos parêntesis, ainda hoje, quando tento rabiscar
alguma coisa, lembro as crônicas dos eminentes Paulo Silveira, Zadir Cassela,
dentre outros.
Como queria dizer, o publicitário
Aloísio Alves pertence a essa nova
geração de articulistas e colaboradores que junto a Lysette Lyra, Milton Hênio,
José Medeiros, o saudoso Fernando Iório, Paschoal Savastano, José Maurício
Breda, Dom Edvaldo, Oduvaldo Perciano, Coronel Rocha, Eduardo Bonfim e tantos
outros, contribuem para consagrar as divergências, única via de uma verdadeira
democracia.
Como queria dizer, Alves, em
insuperável texto, discorreu sobre a situação dos doentes mentais e seus
familiares. Como corolário, expôs sucintamente a penúria dos hospitais
psiquiátricos. São cem mil leitos fechados na área! Deus do céu! Que tempos são
esses? A indiferença dos poderes lembra a famosa sentença do neurologista
francês P. Charcot “Cést la belle indiference”.
Parodio Ladame e digo: a bela indiferença passou dos doentes para os gestores.Com
efeito, a contra-cultura chegou a um tal ponto que um doente mental comete um
crime bárbaro e a culpa recai sobre o antipsicótico, o medicamento, que o desgraçado vinha usando
(e, recalcitrante, deixou de usar).
Sem nenhuma mágoa ou sentimento menor de
desforra, recordo que participei de uma reunião (“Sessão Pública”) na Câmara de
vereadores de Maceió, em 2000. Uma nojeira. Era tudo carta marcada. O próprio
vereador que organizou o evento padecia de incontida parcialidade. Num dado
momento, uma jovem psicóloga, ou assistente social, “brilhou” ao afirmar que
conhecia “um caso” de um psicótico que havia sido tratado com êxito num
hospital geral. O melhor de tudo: só com carinho.
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