16 de Fevereiro
Ronald C. Mendonça
Médico. Membro da AAL
Década de 1950. Naquele domingo, o azulão estava triturando o velho rival, Regatas. Ainda no primeiro tempo, Cão (não o Silva Cão), irresistível artilheiro, levaria a torcida ao delírio ao fazer o terceiro gol.
Nem tudo era alegria. Na arquibancada, onde ficava a massa azulina, em meio a gritos e foguetórios, uma criança chorava. Da coxa ma...l coberta pela calça curta, uma pequena queimadura ameaçava pingar solitária gota de sangue. O pai, torceder do CSA, ao dar conta do choromingo filial, identificou o problema: no orgasmo da comemoração, um torcedor havia soltado um “pistolão” e o chio flamejante atingiria o garoto.
Irritado, o pai admoestaria severamente o transgressor. “Como”, perguntara o pai, “um chefe de família comete a “imprudência” de soltar um foguete numa arquibancada fechada? Quer-se crer que a coisa não tomou outro rumo pela leveza da lesão corporal e pela aparente indisposição do “imprudente” para confrontos.
Tudo se aperfeiçoa. Pistolões deram lugar a rojões poderosos com um grande potencial destruidor. Por sinal, anos atrás, estava presente no jogo Brasil X Chile, no Maracanã. Um rojão passaria perto do goleiro, Rojas, do Chile. A morte de uma criança, na Bolívia, com a participação de torcedores do Corínthians é nódoa indelével.
O fato é que o rojão, ao deixar os campos de futebol e os folguedos de São João, tornou-se objeto de “argumentação” de manifestantes. Ameaça à vida, hoje não existe uma passeata no Brasil em que não haja rojões.
Quero referir-me à morte do cinegrafista da Rede Band atingido por um petardo. Culpados enjaulados, haveria indícios de que as ações desses vagabundos, docemente chamados de “Black Blocs”, teriam financiamentos “externos”. Seriam pessoas e grupos interessados em “desestabilizar o governo...” Fala-se até em “séria ameaça à democracia...”
Sem exageros, os black blocs de hoje, inevitavelmente lembram as incontáveis invasões dos sem terras, que, dizia-se claramente, eram estimuladas pelo PT, quando oposicionista. A finalidade: criar um clima de intranquilidade e discórdia.
Data Venia. Nesse 16/02, nossa saudosa filha Lavínea faria 43 anos. Uma menina, no olhar do pai. Na minha mente vergastada pela dor, quero imaginá-la preocupada com as primeiras rugas e com teimosas cãs a tonalizar suas negras madeixas. Estaria com a beleza amadurecida, cultivando os filhos, os sobrinhos, os seus livros e brilhando com o fulgor de sua rara inteligência.
Ronald C. Mendonça
Médico. Membro da AAL
Década de 1950. Naquele domingo, o azulão estava triturando o velho rival, Regatas. Ainda no primeiro tempo, Cão (não o Silva Cão), irresistível artilheiro, levaria a torcida ao delírio ao fazer o terceiro gol.
Nem tudo era alegria. Na arquibancada, onde ficava a massa azulina, em meio a gritos e foguetórios, uma criança chorava. Da coxa ma...l coberta pela calça curta, uma pequena queimadura ameaçava pingar solitária gota de sangue. O pai, torceder do CSA, ao dar conta do choromingo filial, identificou o problema: no orgasmo da comemoração, um torcedor havia soltado um “pistolão” e o chio flamejante atingiria o garoto.
Irritado, o pai admoestaria severamente o transgressor. “Como”, perguntara o pai, “um chefe de família comete a “imprudência” de soltar um foguete numa arquibancada fechada? Quer-se crer que a coisa não tomou outro rumo pela leveza da lesão corporal e pela aparente indisposição do “imprudente” para confrontos.
Tudo se aperfeiçoa. Pistolões deram lugar a rojões poderosos com um grande potencial destruidor. Por sinal, anos atrás, estava presente no jogo Brasil X Chile, no Maracanã. Um rojão passaria perto do goleiro, Rojas, do Chile. A morte de uma criança, na Bolívia, com a participação de torcedores do Corínthians é nódoa indelével.
O fato é que o rojão, ao deixar os campos de futebol e os folguedos de São João, tornou-se objeto de “argumentação” de manifestantes. Ameaça à vida, hoje não existe uma passeata no Brasil em que não haja rojões.
Quero referir-me à morte do cinegrafista da Rede Band atingido por um petardo. Culpados enjaulados, haveria indícios de que as ações desses vagabundos, docemente chamados de “Black Blocs”, teriam financiamentos “externos”. Seriam pessoas e grupos interessados em “desestabilizar o governo...” Fala-se até em “séria ameaça à democracia...”
Sem exageros, os black blocs de hoje, inevitavelmente lembram as incontáveis invasões dos sem terras, que, dizia-se claramente, eram estimuladas pelo PT, quando oposicionista. A finalidade: criar um clima de intranquilidade e discórdia.
Data Venia. Nesse 16/02, nossa saudosa filha Lavínea faria 43 anos. Uma menina, no olhar do pai. Na minha mente vergastada pela dor, quero imaginá-la preocupada com as primeiras rugas e com teimosas cãs a tonalizar suas negras madeixas. Estaria com a beleza amadurecida, cultivando os filhos, os sobrinhos, os seus livros e brilhando com o fulgor de sua rara inteligência.
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