quinta-feira, 23 de maio de 2019


Um país de vitórias e olímpias

 RONALD MENDONÇA
 MÉDICO E PROFESSOR DA UFAL

     Passou o 7 de setembro e o País continuou de pé, apesar das anunciadas ondas de protesto que se prenunciavam arrasadoras. Quem foi às ruas ou quem viu pela TV ficou comovido com o clima de bom-mocismo do MST, que chegou a dar pulinhos de alegria diante das estripulias da esquadrilha da fumaça.
     Como de praxe, o presidente Luiz Inácio leu o seu discurso enaltecendo a estabilidade da inflação, o crescimento econômico, a melhoria salarial, a oferta de três milhões de novos empregos. Pela óptica presidencial o País está muito bem.
     Certamente estaria melhor não fora a “crise fabricada pelas elites”.
     Como se sabe, os banqueiros no Brasil estão com a mão na cabeça, nocauteados por um prejuízo monumental, imposto pela sadia orientação econômica do governo, “voltada para os mais pobres”.
     A coisa está tão preta que o pessoal do Bradesco e do Itaú está pensando em mudar de ramo, quem sabe, fazer concurso para médico do PSF.
     Para Lula e seus áulicos, o próprio PT continua aquela agremiação acima de qualquer suspeita, salvo por “algumas bobagens” de uns poucos, que andaram fazendo coisas feias que todos fazem. Ninguém deve ser punido por isso. No máximo, um protocolar pedido de desculpas à nação.
     Aliás, a cultura da impunidade chegou a um grau de perversão assustador. A esse respeito, relembro ao leitor que há duas ou três semanas a imprensa destacou a coragem de dona Vitória, uma pacata viúva de 80 anos, moradora do Rio de Janeiro que, indignada com o que presenciava da janela de seu apartamento, no pé de um dos morros, resolveu revelar tudo às autoridades.
Inicialmente desacreditada, dona Vitória - por sinal, alagoana - passaria a registrar as cenas (que envolviam traficantes, viciados e policiais corruptos) com uma filmadora comprada a prazo. O desfecho provocaria a prisão de vários marginais.
     Num viés diametralmente oposto, uma outra dona de casa, dona Olímpia, durante bom tempo locupletou-se dos furtos praticados por um ex-empregado. Os anos estão passando e o convencimento pessoal é cada vez maior de que essa criminosa cumplicidade foi determinante para o frio assassinato de dois jovens universitários, meus filhos Lavínea e Roninho.
     Hoje, dona Vitória paga um preço: tem endereço e identidade sigilosos. Jurada de morte, vive sob proteção judicial. Já dona Olímpia continuou livre, leve e solta, ninguém a admoestou. Quem sabe, ela está certa... Ela, o PT & Cia. e toda a corja de facínoras desse País de aleijados morais.



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