Estela e Eva
Ronald Mendonça
Membro da AAL.
Nas minhas limitações
bebedourenses, quero, algumas vezes, considerar o Gênesis uma das mais
criativas obras de ficção científica de que se tem notícia.
Cresci entre pouquíssimos
brinquedos, salvo uma bicicleta aos onze anos e umas duas ou três couraças
número 3 (numeração que chegava até o cinco). Vivia entre livros. Não eram
tantos. Dava para ler alguns várias vezes, até quase decorar.
Matéria obrigatória no velho
Colégio Diocesano, História Sagrada, ou Religião, fez parte desse cabedal de
literatura consultada. Digo a vocês sem orgulho ou mágoa, ainda hoje lembro em
que posição estavam, nas páginas, determinadas figuras. Havia pois, algumas
ilustrações: a de Noé conferindo o embarque de elefantes e leões me era
particularmente cara.
Eu pensava, com os botões dos meus
oito anos, como esses animais eram obedientes... Imaginei que seriam de algum
circo que andava ali nas redondezas. Noé aproveitara e os colocou na “Arca”,
para enfrentar o Dilúvio prenunciado.
A figura de Eva com a sua nudez recoberta por longos cabelos... A
inacabada Torre de Babel, o gigante Golias levando uma pedrada de Davi... A
travessia do Mar Vermelho tinha uma ilustração que valia por mil palavras.
Assim como a da manjedoura, que abrigou o
Menino, com os Reis Magos em atitude de adoração...
Infelizmente, a gente cresce. É
uma lástima. Bem que eu poderia continuar crendo que Eva foi minha avó. A
propósito, a expulsão de Adão do Paraíso tinha uma ilustração pungente.
Cabisbaixo, humilhado, murcho, o casal atravessaria os portões do Éden depois
de ouvir um sermão daqueles.
Durante anos fui torturado pela
desobediência de Eva, pela transgressão de Adão. Que serpentezinha sacana! Que
tempos! Uma serpente falava e ninguém desconfiava que era o Satanás?
Deus é testemunha. Não quero
ofender aos que creem nessas histórias. É mais ou menos o que escuto alhures sobre nossa presidente. O que haveria de
verdade nessa guerrilheira? Será que alguém ainda acredita que ela queria, ao
assaltar bancos e residências, derrubar os milicos e devolver a “normalidade
democrática” ao País?
Onde está a pureza de “Estela” ao
permitir, na Casa Civil, vilanias praticadas por Erendina et filii? Em que Céu,
em que estrela se escondeu a badalada gerentona ao autorizar a compra de uma
refinaria em Pasadena? Ser eleita com dinheiro desviado dos cofres públicos beatifica alguém?
Nenhum comentário:
Postar um comentário