quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Dia dos Pais: velhas tardes de sábado

Muitos sábados de antigamente foram muito diferentes dos de hoje. Houve um período em que levei o Roninho e o Duda para comermos acarajé ali na curva do Gogó da Ema. Os dois eram crianças. Na verdade, o Roninho era um pré adolescente e o Duda ainda garotinho.
 Detonávamos acarajés pra caramba. Ríamos muito. Lembro de uma história em que se dizia que o Batista Cortez (árbitro de futebol e CSA doente) supostamente havia desmaiado de emoção com um gol do centroavante Clóvis. Nesse dia, o Cortez estava de bandeirinha.
Tinha uma certa aproximação com ele no velho HPS onde ele trabalhava na administração do hospital. Estávamos sentados na calçada do "Alagoinha", eu o Duda e Roninho quando o BC estava atravessando a rua em nossa direção. Rapidamente sintetizei essa história, antes que ele se aproximasse. Apenas o tempo do cumprimento e do convite para ficar conosco dividindo uma cerveja.
 Os meninos não conseguiam parar de sorrir. Instado a relatar o episódio, BC não negou o sangue azulino que corria em suas veias. Contudo, disse-nos ele, nunca havia desmaiado. Foi um escorregão, nada mais.
 Houve também um período em que íamos para a lagoa. Os meninos eram loucos para esquiar... Subitamente as crianças cresceram. Os monótonos passeios com o pai haviam perdido um pouco a graça. (Meu Deus! Por que nossas crianças crescem?)
 Mas como dizia a propaganda: "O mundo gira e a Lusitana roda". Meu pai enviuvara e começou a me solicitar aos sábados. Em torno do meio-dia ele ligava: "E aí, rapaz, vc vem ou não? A cerveja está gelada, seus bifes à milanesa estão prontos e o charque na medida..."
 Daí a pouco, após as visitas aos pacientes da Santa Casa, estava um quase cinquentão batendo papo com um setentão. Que tardes maravilhosas! Meu pai, Zé Lopes, quase não bebia. Eu tomava as cervejas enquanto sorvia as suas recordações, as suas suas histórias fascinantes. Oh pai, como eu amava o senhor. Minhas saudades e minha singela homenagem.

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