Debruço-me mais uma sobre o tema a partir de matéria da Gazeta de Alagoas desta quinta-feira (25/11) : a situação de penúria do Hospital Escola Portugal Ramalho. O momento é de tristeza. Patrimônio dos alagoanos, inaugurada em 1951, a instituição funciona desde 1956 – única pública – e presta relevantes serviços à comunidade.
Jóia da Coroa da Uncisal, o HEPR, ao contrário das congêneres particulares, tem seus privilégios: é poupado da folha de pagamento dos seus funcionários e respectivas obrigações sociais, ônus bancado integralmente pelo Estado. Logicamente está isento de todos os impostos, inclusive do insaciável imposto de renda. Ligada ao ensino, recebe valor de diária diferenciado. Ver a falência do Portugal Ramalho é como assistir a queda do muro de Berlim.
Não sei como classificar, na aludida matéria, o depoimento da enfermeira. Se denúncia ou desabafo. O fato é que doeu na alma a indigência asilar: as prateleiras vazias, a superlotação (desnecessária e irresponsável, quando existem leitos desocupados em outros hospitais), a escassez de funcionários e medicamentos e até a falta de prosaicas calcinhas e absorventes. Acrescente-se a esse cenário a verborragia de Lula e seus áulicos e teremos esculpida a síntese do sistema público de saúde do país.
A denunciada decadência certamente não é aguda. (Chamo a atenção dos gestores para a deterioração da Unidade de Emergência de Arapiraca). Não tenho dúvidas de que faz parte do maquiavélico plano de eliminação dos hospitais psiquiátricos, iniciado há pelo menos duas décadas. Com efeito, desde então criou-se uma falsa perspectiva de que a patologia mental, orgânica por excelência, poderia ser conduzida sem a figura do psiquiatra e das suas “meizinhas”. Que poderia ser abordada com êxito através de terapias alternativas, algumas nitidamente esotéricas, para não dizer “picaretosas”.
A verdade é que há 10 anos ninguém se preocupa em atualizar os valores de diárias e honorários médicos. Tão grave quanto isso é atrasar o pagamento, como ocorreu com a Secretaria Municipal de Saúde.
O lado irônico da notícia é que o Portugal Ramalho prima por ocupar espaço na mídia – a meu ver, expondo de forma inadequada seus pacientes. Auto intitulado de “hospital-modelo”, está para ser demonstrado cientificamente que fotos de doentes em jornais ou aparições na TV possam lhes advir algum tipo de benefício terapêutico. Além de alguma notoriedade para quem os expõe.
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