terça-feira, 14 de dezembro de 2010

ESTREITAS BANDAS LARGAS

Peças valiosas, raros eram os telefones no Bebedouro da minha infância. Lembro bem do número 181 (eram só três números), que pertencia à Casa de Saúde Miguel Couto, vizinha à nossa casa.
Na adolescência, surgiu a TV preto-e-branco. Se em boa parte dos bairros de Maceió assistir televisão era uma novela, em Bebedouro, era uma absoluta frustração. O sinal vinha de Recife, havia uma retransmissora - acho que no Farol – que distribuía para a cidade. Escondido sob o morro, a barreira geográfica era fatal.
Mesmo no Farol, a coisa manquitolava. Os jogos da Copa de 1970 foram vistos em quarto de dormir, único local da casa onde as imagens poderiam ser chamadas de razoáveis. O colorido apareceu em 1974. Entre nós, o salto de qualidade, em termos de TV, deu-se com a criação, em 1975, da TV Gazeta, glorioso segundo grito de independência de Pernambuco.
Ferramenta revolucionária, a internet chegou de forma consistente para o público brasileiro na década de 90 do século passado. O acesso à rede, cada vez mais facilitado, inclusive pelo barateamento dos equipamentos, é uma verdade incontestável. Telefonia, internet e TV são instrumentos definitivamente interligados.
Até quase a dobrada do milênio, a importância do telefone se revelava de várias formas. Uma delas, era a imensa dificuldade de se obter uma linha; outra, pelo valor elevado, que fazia do equipamento sonho de consumo e bem de registro obrigatório nas declarações de imposto de renda. Hoje os celulares ultrapassaram em número a população. Sem pretender ser apologético, as privatizações abriram os horizontes do setor. Se dependesse do PT, o orelhão seria o equipamento símbolo.
A telefonia celular em Alagoas foi uma das pioneiras, graças a Marcelo Barros, o titã da telefonia caeté. Mas nem tudo era perfeito: um dia, procurei a Telasa Celular (hoje TIM) para uma queixa. Desgostoso com a má vontade de um burocrata indolente, vaticinei seu desemprego na hora em que a empresa fosse privatizada.
Usuário de várias corporações de telefonias e bandas largas, constato que os serviços oferecidos estão aquém da massacrante propaganda. Passados quase 20 anos, tenho as mesmas restrições para falar no celular em Ipioca. No mesmo distrito, não consigo sinal de banda larga por nenhuma das principais siglas. Sinal telefônico é pé de cobra em vários trechos no percurso para Arapiraca. Num flagrante desrespeito ao município que mais cresce em Alagoas, a telefonia móvel é uma alegoria azul. As bandas largas nem isso.

Nenhum comentário: