CRÔNICA DE RONALD MENDONÇA (Publicada no Blog do Carlito Lima)
O QUE NOS AGUARDA
Alagoas chega dividida ao dia das eleições neste 2010. Segundo os números dos institutos de pesquisa, há um empate técnico entre três candidatos ao governo, coincidentemente, dois ex-governadores e o atual, por sinal, licenciado. O desprezo pelas candidaturas de esquerda, até o momento, mostra quão é conservador o eleitor alagoano.
Para o senado, segundo as mesmas fontes, a surpresa é a candidatura da vereadora Heloísa Helena, que, tida como imbatível, entra em dispnéia e ameaça estertorar, ao mesmo tempo em que crescem as candidaturas “chapas brancas”. Especialistas e outros palpiteiros põem em dúvida se isso, caso se confirme, será salutar para Alagoas e para o Brasil.
Nessa batalha, todo apoio é bem vindo. Não saem baratos. Ouço dizer que as moedas de troca são as secretarias de verbas mais polpudas. Dito de outra forma: as secretarias de saúde e educação seriam os favoritos objetos de desejo dos sabidões. Serão esquartejadas e transformadas em currais eleitorais e inesgotáveis fontes de engorda de patrimônios pessoais. Se isso acontecer, não será a primeira vez neste estado. Sim, porque qualquer pilombeta sabe que verdadeiras quadrilhas já se instalaram nessas e em outras, inclusive na estratégica secretaria da fazenda, palco de lamentáveis acontecimentos.
No plano nacional, a divisão não é menor. É complicado. Não obstante a ostensiva utilização da máquina e o apoio frenético do presidente Lula, a candidata oficial patina na metade das intenções de voto, enquanto uma metade a rejeita. Doutra parte, os outros principais adversários também não empolgaram.
Não me queixo. O programa eleitoral foi um aprendizado. Depois de 40 anos na medicina, aprendi que o SUS é mais perfeito plano de saúde do planeta. Melhor que isso: nossos impostos estão sendo maravilhosamente empregados na educação de qualidade e na segurança pública. Nossas fronteiras são vigiadas como nunca. Tanto é que armamentos pesados e drogas em mãos de marginais praticamente desapareceram.
Melhor de tudo é o que nos espera. Defenestrada do cargo por má conduta, ficou “provado” que a meiga Erenice Guerra, o cérebro pensante da Casa Civil, é tão inocente quanto os bíblicos filhos Israel e Saulo. Braço direito de Dilma, será questão de tempo seu regresso às antigas funções. Outra boa notícia: finalmente chega ao fim o purgatório de José Dirceu, o mago do mensalão. Para alegria dos brasileiros, a previsão é de um retorno apoteótico do grande chefe
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
FIDELIDADE A UM ESTILO
De um certo viés, a recente morte da polêmica comediante Dercy Gonçalves nos remete à falecida cantora francesa Edith Piaf, até pelo tipo físico. Ainda razoavelmente jovem, com a saúde debilitada e a carreira em declínio, Piaf estouraria as bilheterias dos teatros com o grande sucesso “Je ne regrette rien” (Não me arrependo de nada), espécie de canto do cisne a fechar en grand stylo extraordinária vida artística. Nos últimos anos, a brasileira Dercy costumava repetir: “Não tenho mágoas de nada. Vivo o hoje.”
Laureada em vida e depois de tantas emocionadas homenagens póstumas, pode soar como imperdoável heresia admitir publicamente não compartilhar com o humor de Dercy (assim como não via graça em Grande Otelo), ainda que seja inegável que ela tenha sido fiel a um personagem. Com efeito, o grande papel de Gonçalves foi o dela própria, script do qual não se afastou um milímetro, até o último suspiro.
A par de incomum lucidez para a faixa etária, acho que parte da mídia, sobretudo os programas de auditório, usavam a Dercy somente para explorar seus destemperos semânticos, a arrancar lúgubres gargalhadas das platéias. Certamente o seu lado mais conhecido, não obstante o menos brilhante.
Sob o manto de secular vivência, testemunha ocular de fases tumultuadas do País, nunca soube que a atriz tenha sido instada a dar um depoimento sobre a Revolução de 32, por exemplo, ou sobre a ditadura Vargas. No máximo, era provocada a recontar à exaustão suas “espertezas” para driblar censores da ditadura militar. No fundo, quem sabe, intencionava-se transformá-la em mais uma mártir política do arbítrio. É claro que havia um discurso pronto e coerente. Afinal de contas, vai-se ao teatro ouvir palavrões quem quer. Por outro lado, imoralidades bem maiores são a fome, o desprezo pela saúde e educação, a corrupção, a impunidade...
De qualquer modo, algumas vezes me perguntei se era uma coisa realmente engraçada estimular uma senhora de 100 anos a soltar verbos, adjetivos e substantivos impróprios, sobretudo os dois últimos, com o intuito de se constatar sua grande forma.
Evidente que a comediante construiu vivenda de destaque no cenário artístico nacional. A biografia, desde uma infância sem recursos, a fuga para acompanhar modesta trupe de artistas, o relato de estupro, as recorrentes participações nas célebres chanchadas, não deixam dúvidas sobre sua capacidade de superação, garra e muito talento profissional.
Laureada em vida e depois de tantas emocionadas homenagens póstumas, pode soar como imperdoável heresia admitir publicamente não compartilhar com o humor de Dercy (assim como não via graça em Grande Otelo), ainda que seja inegável que ela tenha sido fiel a um personagem. Com efeito, o grande papel de Gonçalves foi o dela própria, script do qual não se afastou um milímetro, até o último suspiro.
A par de incomum lucidez para a faixa etária, acho que parte da mídia, sobretudo os programas de auditório, usavam a Dercy somente para explorar seus destemperos semânticos, a arrancar lúgubres gargalhadas das platéias. Certamente o seu lado mais conhecido, não obstante o menos brilhante.
Sob o manto de secular vivência, testemunha ocular de fases tumultuadas do País, nunca soube que a atriz tenha sido instada a dar um depoimento sobre a Revolução de 32, por exemplo, ou sobre a ditadura Vargas. No máximo, era provocada a recontar à exaustão suas “espertezas” para driblar censores da ditadura militar. No fundo, quem sabe, intencionava-se transformá-la em mais uma mártir política do arbítrio. É claro que havia um discurso pronto e coerente. Afinal de contas, vai-se ao teatro ouvir palavrões quem quer. Por outro lado, imoralidades bem maiores são a fome, o desprezo pela saúde e educação, a corrupção, a impunidade...
De qualquer modo, algumas vezes me perguntei se era uma coisa realmente engraçada estimular uma senhora de 100 anos a soltar verbos, adjetivos e substantivos impróprios, sobretudo os dois últimos, com o intuito de se constatar sua grande forma.
Evidente que a comediante construiu vivenda de destaque no cenário artístico nacional. A biografia, desde uma infância sem recursos, a fuga para acompanhar modesta trupe de artistas, o relato de estupro, as recorrentes participações nas célebres chanchadas, não deixam dúvidas sobre sua capacidade de superação, garra e muito talento profissional.
MEIO SÉCULO DE LUTAS
No final dos anos 60 do século passado, um grupo de psiquiatras e neurologistas estava reunido no Rio de Janeiro em torno de um novo medicamento. Grandes vultos da psiquiatria brasileira davam o ar da graça. Meu pai, o psiquiatra José Lopes de Mendonça, sem fazer parte deste time de ungidos, também ali marcava presença.
Num dado momento, houve oportunidade para uma visita ao Hospital Dr. Eiras, tradicional clínica psiquiátrica carioca. Meu pai foi incluído no grupo dos convidados especiais. Com os “cardeais” à frente guiados por Paulo Niemayer, meu pai acompanhava junto com outros, do “baixo clero”. De repente, gritos fariam estancar a procissão: “Doutor Zé Lopes! Doutor Zé Lopes!” Seguiu-se uma corrida de uma mulher em direção a ele, enlaçando-o em comovido abraço.
Depois de tomarem conhecimento da alagoanidade do velho, soube-se dos porquês de um ilustre anônimo, único a ser reconhecido em terras tão distantes. O segredo era simples: a paciente em questão tinha sido internada na Clínica de Repouso Dr. José Lopes de Mendonça, ali no Mutange. A família transferira-se para o Rio; coincidiu de estar lá, na Dr. Eiras, justamente para encher a bola do doutor Zé Lopes.
A Clínica de Repouso Dr. José Lopes de Mendonça foi fundada em setembro de 1960. Dois anos depois se transferiu para o majestoso solar do Mutange, sua sede atual. A fundação foi fruto de um amadurecimento de mais de 12 anos de atividade na especialidade, período em que meu pai trabalhou no hospital psiquiátrico Miguel Couto, culminando com um Curso de Especialização em Psiquiatria, em 1958, no Departamento Nacional de Doenças Mentais, no Rio de Janeiro.
São 50 anos de serviços prestados à comunidade alagoana e a moradores de estados vizinhos, atraídos pela fama da instituição. Avesso a exposições midiáticas, Dr. Zé Lopes sempre resistiu a apelos que transformassem seu hospital em “Circo de Horrores”, colocando seus pacientes em situações grotescas, espetáculos que se prestam mais para polir o narcisismo de quem os promovem.
Mas, nem tudo foram flores nesse caminhar. Sem falar no êxito profissional que despertaria a ira de alguns, a Clínica teve que lutar, dentre tantas batalhas, contra o preconceito e movimentos iconoclásticos. Incondicional parceira do SUS, (indis)gestores da sigla escamoteiam o mais elementar dos direitos: pagar pelos serviços que recebe. Com efeito, a dívida da Secretaria Municipal de Saúde do Município está lhe causando uma asfixia insuportável.
Num dado momento, houve oportunidade para uma visita ao Hospital Dr. Eiras, tradicional clínica psiquiátrica carioca. Meu pai foi incluído no grupo dos convidados especiais. Com os “cardeais” à frente guiados por Paulo Niemayer, meu pai acompanhava junto com outros, do “baixo clero”. De repente, gritos fariam estancar a procissão: “Doutor Zé Lopes! Doutor Zé Lopes!” Seguiu-se uma corrida de uma mulher em direção a ele, enlaçando-o em comovido abraço.
Depois de tomarem conhecimento da alagoanidade do velho, soube-se dos porquês de um ilustre anônimo, único a ser reconhecido em terras tão distantes. O segredo era simples: a paciente em questão tinha sido internada na Clínica de Repouso Dr. José Lopes de Mendonça, ali no Mutange. A família transferira-se para o Rio; coincidiu de estar lá, na Dr. Eiras, justamente para encher a bola do doutor Zé Lopes.
A Clínica de Repouso Dr. José Lopes de Mendonça foi fundada em setembro de 1960. Dois anos depois se transferiu para o majestoso solar do Mutange, sua sede atual. A fundação foi fruto de um amadurecimento de mais de 12 anos de atividade na especialidade, período em que meu pai trabalhou no hospital psiquiátrico Miguel Couto, culminando com um Curso de Especialização em Psiquiatria, em 1958, no Departamento Nacional de Doenças Mentais, no Rio de Janeiro.
São 50 anos de serviços prestados à comunidade alagoana e a moradores de estados vizinhos, atraídos pela fama da instituição. Avesso a exposições midiáticas, Dr. Zé Lopes sempre resistiu a apelos que transformassem seu hospital em “Circo de Horrores”, colocando seus pacientes em situações grotescas, espetáculos que se prestam mais para polir o narcisismo de quem os promovem.
Mas, nem tudo foram flores nesse caminhar. Sem falar no êxito profissional que despertaria a ira de alguns, a Clínica teve que lutar, dentre tantas batalhas, contra o preconceito e movimentos iconoclásticos. Incondicional parceira do SUS, (indis)gestores da sigla escamoteiam o mais elementar dos direitos: pagar pelos serviços que recebe. Com efeito, a dívida da Secretaria Municipal de Saúde do Município está lhe causando uma asfixia insuportável.
A MISÉRIA QUE NOS RONDA
Debruço-me mais uma sobre o tema a partir de matéria da Gazeta de Alagoas desta quinta-feira (25/11) : a situação de penúria do Hospital Escola Portugal Ramalho. O momento é de tristeza. Patrimônio dos alagoanos, inaugurada em 1951, a instituição funciona desde 1956 – única pública – e presta relevantes serviços à comunidade.
Jóia da Coroa da Uncisal, o HEPR, ao contrário das congêneres particulares, tem seus privilégios: é poupado da folha de pagamento dos seus funcionários e respectivas obrigações sociais, ônus bancado integralmente pelo Estado. Logicamente está isento de todos os impostos, inclusive do insaciável imposto de renda. Ligada ao ensino, recebe valor de diária diferenciado. Ver a falência do Portugal Ramalho é como assistir a queda do muro de Berlim.
Não sei como classificar, na aludida matéria, o depoimento da enfermeira. Se denúncia ou desabafo. O fato é que doeu na alma a indigência asilar: as prateleiras vazias, a superlotação (desnecessária e irresponsável, quando existem leitos desocupados em outros hospitais), a escassez de funcionários e medicamentos e até a falta de prosaicas calcinhas e absorventes. Acrescente-se a esse cenário a verborragia de Lula e seus áulicos e teremos esculpida a síntese do sistema público de saúde do país.
A denunciada decadência certamente não é aguda. (Chamo a atenção dos gestores para a deterioração da Unidade de Emergência de Arapiraca). Não tenho dúvidas de que faz parte do maquiavélico plano de eliminação dos hospitais psiquiátricos, iniciado há pelo menos duas décadas. Com efeito, desde então criou-se uma falsa perspectiva de que a patologia mental, orgânica por excelência, poderia ser conduzida sem a figura do psiquiatra e das suas “meizinhas”. Que poderia ser abordada com êxito através de terapias alternativas, algumas nitidamente esotéricas, para não dizer “picaretosas”.
A verdade é que há 10 anos ninguém se preocupa em atualizar os valores de diárias e honorários médicos. Tão grave quanto isso é atrasar o pagamento, como ocorreu com a Secretaria Municipal de Saúde.
O lado irônico da notícia é que o Portugal Ramalho prima por ocupar espaço na mídia – a meu ver, expondo de forma inadequada seus pacientes. Auto intitulado de “hospital-modelo”, está para ser demonstrado cientificamente que fotos de doentes em jornais ou aparições na TV possam lhes advir algum tipo de benefício terapêutico. Além de alguma notoriedade para quem os expõe.
Jóia da Coroa da Uncisal, o HEPR, ao contrário das congêneres particulares, tem seus privilégios: é poupado da folha de pagamento dos seus funcionários e respectivas obrigações sociais, ônus bancado integralmente pelo Estado. Logicamente está isento de todos os impostos, inclusive do insaciável imposto de renda. Ligada ao ensino, recebe valor de diária diferenciado. Ver a falência do Portugal Ramalho é como assistir a queda do muro de Berlim.
Não sei como classificar, na aludida matéria, o depoimento da enfermeira. Se denúncia ou desabafo. O fato é que doeu na alma a indigência asilar: as prateleiras vazias, a superlotação (desnecessária e irresponsável, quando existem leitos desocupados em outros hospitais), a escassez de funcionários e medicamentos e até a falta de prosaicas calcinhas e absorventes. Acrescente-se a esse cenário a verborragia de Lula e seus áulicos e teremos esculpida a síntese do sistema público de saúde do país.
A denunciada decadência certamente não é aguda. (Chamo a atenção dos gestores para a deterioração da Unidade de Emergência de Arapiraca). Não tenho dúvidas de que faz parte do maquiavélico plano de eliminação dos hospitais psiquiátricos, iniciado há pelo menos duas décadas. Com efeito, desde então criou-se uma falsa perspectiva de que a patologia mental, orgânica por excelência, poderia ser conduzida sem a figura do psiquiatra e das suas “meizinhas”. Que poderia ser abordada com êxito através de terapias alternativas, algumas nitidamente esotéricas, para não dizer “picaretosas”.
A verdade é que há 10 anos ninguém se preocupa em atualizar os valores de diárias e honorários médicos. Tão grave quanto isso é atrasar o pagamento, como ocorreu com a Secretaria Municipal de Saúde.
O lado irônico da notícia é que o Portugal Ramalho prima por ocupar espaço na mídia – a meu ver, expondo de forma inadequada seus pacientes. Auto intitulado de “hospital-modelo”, está para ser demonstrado cientificamente que fotos de doentes em jornais ou aparições na TV possam lhes advir algum tipo de benefício terapêutico. Além de alguma notoriedade para quem os expõe.
TERRA DE OPORTUNIDADES
Arapiraca, com suas terras férteis foi, em 1848, a escolhida do fundador Manoel André Correia dos Santos. “Foi numa Arapiraca frondosa e acolhedora situada às margens do Riacho Seco, onde Manoel André acampou no primeiro dia, quando procurava uma fonte de água doce onde pudesse se instalar”.
Abrigando-se sob a árvore teria proferido: “Esta Arapiraca será minha moradia”. Pungente no comércio, mas com a genética inclinada para o fumo e outras atividades agropecuárias, o município vem sofrendo importantes modificações.
A cidade que eu conheci mais de perto há cinco anos já não é a mesma. De fato, há um estado permanente, eu diria frenético, de ebulição. Beneficiada por uma série de boas administrações, a cidade ferve, se expande, transpira prosperidade. É um manancial de oportunidades. Vale acrescentar que sua riqueza é fruto do trabalho de uma miríade de pequenos agricultores. Houve em Arapiraca uma salutar e espontânea reforma agrária.
Falecido em 1935, Francisco de Paula Magalhães é apontado como o pioneiro na cultura do tabaco em Arapiraca. Se hoje o fumo não mostra a mesma força, seu apogeu, nos anos 60-70, tornou-a a “capital brasileira do fumo”, fama que lhe trouxe grande prestígio econômico.
No rol dos continuadores de Paula Magalhães estão Eduardinho, Gabi, Aurelino, Severino das Bananeiras, Adalberto Rocha, Deca Moço, Geraldo Lyra, Zé Alexandre, os irmãos Genilson e Jadielson, Zé Pivete, dentre tantos outros.
Arapiraca vai além do fumo e do glorioso ASA. Há poucos meses foi destaque numa revista de circulação nacional como exemplo a ser seguido pelo país. É presença forte na política nacional. O atual prefeito, Luciano Barbosa, foi ministro do governo FHC. A deputada eleita Célia Rocha, ex-prefeita da cidade, é uma das maiores lideranças do Estado.
Na Educação, Arapiraca vive momento de efervescência com a implantação de unidades da UFAL. Nesse item, o educador Moacir Teófilo dirigente do sexagenário Colégio Bom Conselho é um ícone.
No quesito Saúde, além dos tradicionais estabelecimentos, novos hospitais despontam, bem aparelhados e com equipes qualificadas.
Neste cenário de conquistas, um hábito ameaça a integridade física dos arapiraquenses: a disseminação da bombástica mistura álcool/motocicleta, aliada a proporcional ojeriza pelas mais elementares precauções, vem transformando prosaicos passeios em grandes tragédias. Hoje, acidentes com motos respondem por ¼ dos internamentos na UE do Agreste.
Abrigando-se sob a árvore teria proferido: “Esta Arapiraca será minha moradia”. Pungente no comércio, mas com a genética inclinada para o fumo e outras atividades agropecuárias, o município vem sofrendo importantes modificações.
A cidade que eu conheci mais de perto há cinco anos já não é a mesma. De fato, há um estado permanente, eu diria frenético, de ebulição. Beneficiada por uma série de boas administrações, a cidade ferve, se expande, transpira prosperidade. É um manancial de oportunidades. Vale acrescentar que sua riqueza é fruto do trabalho de uma miríade de pequenos agricultores. Houve em Arapiraca uma salutar e espontânea reforma agrária.
Falecido em 1935, Francisco de Paula Magalhães é apontado como o pioneiro na cultura do tabaco em Arapiraca. Se hoje o fumo não mostra a mesma força, seu apogeu, nos anos 60-70, tornou-a a “capital brasileira do fumo”, fama que lhe trouxe grande prestígio econômico.
No rol dos continuadores de Paula Magalhães estão Eduardinho, Gabi, Aurelino, Severino das Bananeiras, Adalberto Rocha, Deca Moço, Geraldo Lyra, Zé Alexandre, os irmãos Genilson e Jadielson, Zé Pivete, dentre tantos outros.
Arapiraca vai além do fumo e do glorioso ASA. Há poucos meses foi destaque numa revista de circulação nacional como exemplo a ser seguido pelo país. É presença forte na política nacional. O atual prefeito, Luciano Barbosa, foi ministro do governo FHC. A deputada eleita Célia Rocha, ex-prefeita da cidade, é uma das maiores lideranças do Estado.
Na Educação, Arapiraca vive momento de efervescência com a implantação de unidades da UFAL. Nesse item, o educador Moacir Teófilo dirigente do sexagenário Colégio Bom Conselho é um ícone.
No quesito Saúde, além dos tradicionais estabelecimentos, novos hospitais despontam, bem aparelhados e com equipes qualificadas.
Neste cenário de conquistas, um hábito ameaça a integridade física dos arapiraquenses: a disseminação da bombástica mistura álcool/motocicleta, aliada a proporcional ojeriza pelas mais elementares precauções, vem transformando prosaicos passeios em grandes tragédias. Hoje, acidentes com motos respondem por ¼ dos internamentos na UE do Agreste.
GOZO E CASTIGO
Depois do estardalhaço da “operação de guerra” que culminou com a “retomada” do território brasileiro que caíra nas indignas mãos do tráfico, parece que o noticiário está voltando ao seu padrão de costume.
As emissoras até que tentaram, a todo instante, criar um clima de paroxismo que efetivamente não ocorreu. O que se viram, no mais das vezes, foi deslocamento de helicópteros, policiais batendo papo de forma descontraída e dispneicos repórteres como se estivessem prestes a ser atingidos por explosões de granadas ou saraivadas de balas.
Com isso não quero negar os momentos de espetáculo midiático de grande efeito, como o da fuga em massa dos supostos deliquentes. Numa espécie de previsível êxodo, através de estrada de barro ligando o segmento invadido com as comunidades contíguas, só a polícia não sabia que aquela seria a rota natural de escape. Desalojar traficantes em manobras posteriores provou ser muito mais complicado. Dos centenas que fugiram, apenas alguns gatos pingados seriam capturados
Certas curiosidades merecem destaque. Fica a certeza inconfundível de que a polícia estadual seria incompetente (e bota incompetência nisso) para encarar a estrutura marginal. Diante do abundante material apreendido, entre armas, dinheiro e drogas, ficou evidente a criminosa omissão das autoridades, sobretudo federais, durante anos seguidos, isso inclui desde antes de FHC até Lulalá. Como esses caras foram irresponsáveis ao deixar ao “Deus dará” faixas territoriais sem qualquer controle!
E aí eu relembro que as favelas, sobretudo as do Rio de Janeiro, num passado não muito distante, eram considerados pelas elites intelectuais e gauchistóides como um fenômeno social de inteira responsabilidade dos governos capitalistas. Por conta disso, havia um condescendente e apaixonado olhar. Num paroxismo de inspiração, Chico Buarque faria a apologia do “meu guri”. Saber que a hipócrita e decadente burguesia da zona sul carioca estava de caras e veias enfiadas no tóxico era um gozo. (Jamais esquecer que só existe tráfico porque tem o cliente).
Com Lula, houve uma expansão (e o silêncio das elites). Nunca neste país o tóxico foi tão poderoso. No fim de tudo, com a proximidade da Copa, urgia tomar-se uma providência. Até porque os traficantes começaram a aterrorizar. Ônibus e carros ardendo em chamas costumam ter imensa repercussão internacional. Não fora isso, e os guris ainda hoje estariam belos e fagueiros vendendo seus bagulhos.
As emissoras até que tentaram, a todo instante, criar um clima de paroxismo que efetivamente não ocorreu. O que se viram, no mais das vezes, foi deslocamento de helicópteros, policiais batendo papo de forma descontraída e dispneicos repórteres como se estivessem prestes a ser atingidos por explosões de granadas ou saraivadas de balas.
Com isso não quero negar os momentos de espetáculo midiático de grande efeito, como o da fuga em massa dos supostos deliquentes. Numa espécie de previsível êxodo, através de estrada de barro ligando o segmento invadido com as comunidades contíguas, só a polícia não sabia que aquela seria a rota natural de escape. Desalojar traficantes em manobras posteriores provou ser muito mais complicado. Dos centenas que fugiram, apenas alguns gatos pingados seriam capturados
Certas curiosidades merecem destaque. Fica a certeza inconfundível de que a polícia estadual seria incompetente (e bota incompetência nisso) para encarar a estrutura marginal. Diante do abundante material apreendido, entre armas, dinheiro e drogas, ficou evidente a criminosa omissão das autoridades, sobretudo federais, durante anos seguidos, isso inclui desde antes de FHC até Lulalá. Como esses caras foram irresponsáveis ao deixar ao “Deus dará” faixas territoriais sem qualquer controle!
E aí eu relembro que as favelas, sobretudo as do Rio de Janeiro, num passado não muito distante, eram considerados pelas elites intelectuais e gauchistóides como um fenômeno social de inteira responsabilidade dos governos capitalistas. Por conta disso, havia um condescendente e apaixonado olhar. Num paroxismo de inspiração, Chico Buarque faria a apologia do “meu guri”. Saber que a hipócrita e decadente burguesia da zona sul carioca estava de caras e veias enfiadas no tóxico era um gozo. (Jamais esquecer que só existe tráfico porque tem o cliente).
Com Lula, houve uma expansão (e o silêncio das elites). Nunca neste país o tóxico foi tão poderoso. No fim de tudo, com a proximidade da Copa, urgia tomar-se uma providência. Até porque os traficantes começaram a aterrorizar. Ônibus e carros ardendo em chamas costumam ter imensa repercussão internacional. Não fora isso, e os guris ainda hoje estariam belos e fagueiros vendendo seus bagulhos.
ESTREITAS BANDAS LARGAS
Peças valiosas, raros eram os telefones no Bebedouro da minha infância. Lembro bem do número 181 (eram só três números), que pertencia à Casa de Saúde Miguel Couto, vizinha à nossa casa.
Na adolescência, surgiu a TV preto-e-branco. Se em boa parte dos bairros de Maceió assistir televisão era uma novela, em Bebedouro, era uma absoluta frustração. O sinal vinha de Recife, havia uma retransmissora - acho que no Farol – que distribuía para a cidade. Escondido sob o morro, a barreira geográfica era fatal.
Mesmo no Farol, a coisa manquitolava. Os jogos da Copa de 1970 foram vistos em quarto de dormir, único local da casa onde as imagens poderiam ser chamadas de razoáveis. O colorido apareceu em 1974. Entre nós, o salto de qualidade, em termos de TV, deu-se com a criação, em 1975, da TV Gazeta, glorioso segundo grito de independência de Pernambuco.
Ferramenta revolucionária, a internet chegou de forma consistente para o público brasileiro na década de 90 do século passado. O acesso à rede, cada vez mais facilitado, inclusive pelo barateamento dos equipamentos, é uma verdade incontestável. Telefonia, internet e TV são instrumentos definitivamente interligados.
Até quase a dobrada do milênio, a importância do telefone se revelava de várias formas. Uma delas, era a imensa dificuldade de se obter uma linha; outra, pelo valor elevado, que fazia do equipamento sonho de consumo e bem de registro obrigatório nas declarações de imposto de renda. Hoje os celulares ultrapassaram em número a população. Sem pretender ser apologético, as privatizações abriram os horizontes do setor. Se dependesse do PT, o orelhão seria o equipamento símbolo.
A telefonia celular em Alagoas foi uma das pioneiras, graças a Marcelo Barros, o titã da telefonia caeté. Mas nem tudo era perfeito: um dia, procurei a Telasa Celular (hoje TIM) para uma queixa. Desgostoso com a má vontade de um burocrata indolente, vaticinei seu desemprego na hora em que a empresa fosse privatizada.
Usuário de várias corporações de telefonias e bandas largas, constato que os serviços oferecidos estão aquém da massacrante propaganda. Passados quase 20 anos, tenho as mesmas restrições para falar no celular em Ipioca. No mesmo distrito, não consigo sinal de banda larga por nenhuma das principais siglas. Sinal telefônico é pé de cobra em vários trechos no percurso para Arapiraca. Num flagrante desrespeito ao município que mais cresce em Alagoas, a telefonia móvel é uma alegoria azul. As bandas largas nem isso.
Na adolescência, surgiu a TV preto-e-branco. Se em boa parte dos bairros de Maceió assistir televisão era uma novela, em Bebedouro, era uma absoluta frustração. O sinal vinha de Recife, havia uma retransmissora - acho que no Farol – que distribuía para a cidade. Escondido sob o morro, a barreira geográfica era fatal.
Mesmo no Farol, a coisa manquitolava. Os jogos da Copa de 1970 foram vistos em quarto de dormir, único local da casa onde as imagens poderiam ser chamadas de razoáveis. O colorido apareceu em 1974. Entre nós, o salto de qualidade, em termos de TV, deu-se com a criação, em 1975, da TV Gazeta, glorioso segundo grito de independência de Pernambuco.
Ferramenta revolucionária, a internet chegou de forma consistente para o público brasileiro na década de 90 do século passado. O acesso à rede, cada vez mais facilitado, inclusive pelo barateamento dos equipamentos, é uma verdade incontestável. Telefonia, internet e TV são instrumentos definitivamente interligados.
Até quase a dobrada do milênio, a importância do telefone se revelava de várias formas. Uma delas, era a imensa dificuldade de se obter uma linha; outra, pelo valor elevado, que fazia do equipamento sonho de consumo e bem de registro obrigatório nas declarações de imposto de renda. Hoje os celulares ultrapassaram em número a população. Sem pretender ser apologético, as privatizações abriram os horizontes do setor. Se dependesse do PT, o orelhão seria o equipamento símbolo.
A telefonia celular em Alagoas foi uma das pioneiras, graças a Marcelo Barros, o titã da telefonia caeté. Mas nem tudo era perfeito: um dia, procurei a Telasa Celular (hoje TIM) para uma queixa. Desgostoso com a má vontade de um burocrata indolente, vaticinei seu desemprego na hora em que a empresa fosse privatizada.
Usuário de várias corporações de telefonias e bandas largas, constato que os serviços oferecidos estão aquém da massacrante propaganda. Passados quase 20 anos, tenho as mesmas restrições para falar no celular em Ipioca. No mesmo distrito, não consigo sinal de banda larga por nenhuma das principais siglas. Sinal telefônico é pé de cobra em vários trechos no percurso para Arapiraca. Num flagrante desrespeito ao município que mais cresce em Alagoas, a telefonia móvel é uma alegoria azul. As bandas largas nem isso.
PAULICEIA DESVAIRADA
Em 1978, participei, de forma mais ativa, de primeira e última campanha eleitoral. Acompanhei passeata, botei retrato do meu candidato nos vidros do meu carro, pedi votos, fiz o diabo. Em Maceió, metemos trinta mil votos de diferença, vantagem tirada de letra por seis ou oito pequenas cidades do sertão, cuja votação dava quase cem por cento aos postulantes situacionistas. Era o tempo de MDB X Arena.
O MDB da época, único partido de oposição, abrigava várias correntes, desde democratas do calibre de Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, dentre outros, que lutavam pela normalidade no País, até grupos que estavam convencidos de que a solução era uma ditadura nos moldes de Cuba ou da Albânia, quem sabe da chinesa ou da coreana.
O fato é que meu candidato não foi eleito. Mas as coisas mudariam: O MDB virou PMDB, a Arena ficou sendo PFL.
Uma coisa permaneceu quase imutável: o nordeste, sobretudo no interior, continuou governista até a alma. O clientelismo parecia estar no DNA do nosso povo. O Sul e o Sudeste, menos dependentes, elegiam oposicionistas, mas a maioria, graças ao Norte e Nordeste, permanecia dizendo amém à ditadura.
O PFL e o nordeste pagavam o preço pela submissão. Nossos irmãos de outras plagas (na época, oposicionistas), para achincalhar, chamavam o partido governista de “pefelê”, numa referência debochada ao modo “nordestinês” de recitar o alfabeto. Falavam misérias de nós. Até nordestinos repetiam o vocativo provocador, fazendo coro à descriminação.
O povo é mais fiel que nossos políticos. O tempo passou e ele continuou governista. Antes, era o clientelismo dos coronéis, hoje é o Bolsa Família. Nesse aspecto, o nordeste não decepciona, não faz feio, não trai. Povo valoroso, grato, de vergonha na cara: não deixou na rua a afilhada do Lula. É por isso que é questão de honra manter e ampliar esse Bolsa Família.
A propósito, há uma celeuma em torno de declarações ofensivas contra os nordestinos que elegeram a governista. Com ou sem razão, não é a primeira vez que isso acontece. Se hoje é a direita raivosa a acusar, ontem era a esquerda ressentida. No embalo, até velhas aspirações separatistas paulistanas vieram à tona. Desvairada, a pauliceia não livrou nem o nosso Márcio Canuto. Há muito se sabe que parte dos paulistanos nos vê como intrusos e usurpadores. Que adianta ficar falando em Graciliano, Raquel, Jorge Amado, Adib Jatene, se no meio disso espirram Zé Sarney, Jader Barbalho, Genoíno, Tiririca?
(*) É médico e escritor.
O MDB da época, único partido de oposição, abrigava várias correntes, desde democratas do calibre de Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, dentre outros, que lutavam pela normalidade no País, até grupos que estavam convencidos de que a solução era uma ditadura nos moldes de Cuba ou da Albânia, quem sabe da chinesa ou da coreana.
O fato é que meu candidato não foi eleito. Mas as coisas mudariam: O MDB virou PMDB, a Arena ficou sendo PFL.
Uma coisa permaneceu quase imutável: o nordeste, sobretudo no interior, continuou governista até a alma. O clientelismo parecia estar no DNA do nosso povo. O Sul e o Sudeste, menos dependentes, elegiam oposicionistas, mas a maioria, graças ao Norte e Nordeste, permanecia dizendo amém à ditadura.
O PFL e o nordeste pagavam o preço pela submissão. Nossos irmãos de outras plagas (na época, oposicionistas), para achincalhar, chamavam o partido governista de “pefelê”, numa referência debochada ao modo “nordestinês” de recitar o alfabeto. Falavam misérias de nós. Até nordestinos repetiam o vocativo provocador, fazendo coro à descriminação.
O povo é mais fiel que nossos políticos. O tempo passou e ele continuou governista. Antes, era o clientelismo dos coronéis, hoje é o Bolsa Família. Nesse aspecto, o nordeste não decepciona, não faz feio, não trai. Povo valoroso, grato, de vergonha na cara: não deixou na rua a afilhada do Lula. É por isso que é questão de honra manter e ampliar esse Bolsa Família.
A propósito, há uma celeuma em torno de declarações ofensivas contra os nordestinos que elegeram a governista. Com ou sem razão, não é a primeira vez que isso acontece. Se hoje é a direita raivosa a acusar, ontem era a esquerda ressentida. No embalo, até velhas aspirações separatistas paulistanas vieram à tona. Desvairada, a pauliceia não livrou nem o nosso Márcio Canuto. Há muito se sabe que parte dos paulistanos nos vê como intrusos e usurpadores. Que adianta ficar falando em Graciliano, Raquel, Jorge Amado, Adib Jatene, se no meio disso espirram Zé Sarney, Jader Barbalho, Genoíno, Tiririca?
(*) É médico e escritor.
DISCURSO PROFERIDO NO MOMENTO EM QUE RECEBI O TÍTULO DE CIDADÃO ARAPIRAQUENSE
Meus senhores, minhas senhoras
É com grande emoção e entusiasmo que hoje compareço a esta egrégia casa legislativa para diante desta seleta plateia receber o honroso título de Cidadão Honorário da bela, operosa e próspera Arapiraca.
Arapiraca freqüenta a minha imaginação desde a mais tenra idade. É que meu pai, o psiquiatra e professor José Lopes de Mendonça, tinha por esta terra enorme simpatia e grandes amigos. Com efeito, um dos maiores amigos do meu saudoso pai foi o grande médico doutor Edler Lins, amigo-fraterno e compadre. Doutor Edler era padrinho do meu falecido irmão Robson Mendonça, que, como meu pai, era psiquiatra e professor da Universidade Federal de Alagoas.
Os arapiraquenses sabem que Edler Lins aqui chegou nos meados dos anos 40 do passado século, realizou um belo trabalho de desbravador, salvou muitas vidas, constituiu família criando profundas raízes neste território abençoado por Nossa Senhora do Bom Conselho. Nossas famílias fazem questão de preservar esses laços.
Durante este breve discurso quero homenagear algumas pessoas, arapiraquenses, de berço ou não, que prestaram relevantes e inestimáveis serviços à comunidade. Doutor Edler Lins é um deles.
O momento é de muita emoção e não quero, traído pelos sentimentos, me separar do essencial. Nasci em Maceió, no bairro de Bebedouro, há quase 63 anos. Minha mãe Rosa Cabral de Mendonça era professora. Cuidando de onze filhos, seu pendor para o ensino foi para educar os rebentos. Até dedicar-se à psiquiatria, meu pai exerceu a clínica médica em Bebedouro, já na época um bairro que tinha uma rica história de memoráveis festejos natalinos e carnavalescos liderados pelo lendário Bonifácio Silveira. Consta que o imperador D. Pedro II, nas suas andanças pelas Alagoas, lá estivera servindo-se das águas mansas da lagoa Mundaú.
Foi nesse bairro tradicional, embora algo decadente, que me criei. A partir dos seis anos iniciei meus estudos no Colégio Diocesano (hoje Marista) de onde saí aos dezoito incompletos para ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas. Posso lhes garantir que comecei a aprender a ser médico desde criança, com o meu pai, um médico de excepcionais qualidades. Apaixonado pela cirurgia, quando estudante, aproximei-me de Dirceu Falcão e outros famosos cirurgiões da época.
Depois de formado, fui para São Paulo. A essa altura já estava casado com a minha colega de turma Nadja Mendonça – hoje famosa psiquiatra e psicanalista – e já tinha uma filha, minha saudosa Lavínea. Passamos 4 anos em São Paulo e um ano no Rio de Janeiro nos aperfeiçoando. Em dezembro de 1976, após cinco anos de muito estudo e trabalho, voltamos a Maceió.
Dois meses após o regresso, passei a dar aulas na Faculdade de Medicina como professor de Neurologia, ao mesmo tempo em que assumia emprego de médico da Previdência, lugar que ocupo até hoje. No mesmo período, comecei a dar plantões no velho HPS de Maceió, na Rua Dias Cabral, e a prestar assistência na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, onde permaneço até os dias atuais.
Havia muito trabalho pela frente, como a pedra de Sísifo, personagem mitológica condenado a carregar uma grande pedra ao cume da montanha. Como castigo, a pedra rolava morro abaixo todas as vezes em que se aproximava do ponto mais alto, obrigando a infeliz criatura a repetir o esforço a cada dia. Essa praticamente é a vida de todos, médicos ou não. O segredo da longevidade na profissão é carregar a pedra de Sísifo não como um castigo, mas como um dever prazeroso.
Quando jovem, recusei dois convites para trabalhar em outra cidade. Um deles foi para assumir emprego de neurocirurgião no Hospital do Servidor de São Paulo, fazendo jus a aprovação em concurso público. O outro foi para fixar residência na distante Chapecó. Optei por Maceió e lá permaneci, exclusivamente, durante três décadas.
A perspectiva concreta de vir para a “capital do fumo” surgiu de forma inesperada há cinco anos. De repente, criou-se um hiato nos plantões de fim de semana na Unidade de Emergência do Agreste e a proposta de trabalho quis nos parecer razoável. Embora não fosse nossa intenção percorrermos quase 150 quilômetros a essa altura da vida, encaramos o desafio com o entusiasmo de um recém-formado. Acho que tem valido a pena esse esforço, agora coroado com esse título, graças à incalculável generosidade dos senhores. Faria tudo outra vez. Aproveito a oportunidade para fazer justiça aos nosso estimados amigos o casal Denise e José Lopes, grandes incentivadores desse projeto. Obrigado Denise, obrigado Zé Lopes.
O fato é que aqui fui recebido de braços abertos, com carinho e respeito. Sou o mais velho do grupo de plantonistas. Com certeza, a maioria absoluta dos meus colegas de plantão é de ex-alunos. Aliás, muitos colegas apostaram que eu não viria e se viesse demoraria pouco. Felizmente eles estavam enganados. Passados cinco anos, ainda há quem se admire da minha presença e pergunte se aquele encanecido médico que caminha pelas enfermarias do hospital é mesmo o Dr. Ronald.
De vez em quando recebo visitas de outros colegas: Judá Fernandes, uma lenda viva da medicina de Arapiraca, meu estimado companheiro da Sobrames, já me deu a honra de me ver nas dependências da UE. Outro que aparecia de quando em vez era José Mendes, professor, empreendedor na saúde e na educação, fundador da Unimed, cujo falecimento precoce e inopinado enlutaria os amigos e a comunidade. Um autêntico arapiraquense que deixou uma enorme lacuna no coração dos seus amigos e clientes.
A Unidade de Emergência de Arapiraca, local do meu trabalho, é a materialização de uma idéia luminosa que não pode se perder por questiúnculas políticas. Está além de partidos e governos. Pela importância, pela relevância dos serviços, é um patrimônio da região que deve merecer cuidados ininterruptos. Valorizar seus funcionários, palpar seus anseios, deve ser vista como prioridade absoluta. Não hesito em afirmar que é a unidade hospitalar mais importante da região. Sinto-me orgulhoso em poder contribuir com a minha experiência e o meu trabalho para este projeto.
Arapiraca, com suas terras férteis foi, em 1848, a preferida do fundador Manoel André Correia dos Santos. Então foi nessa Arapiraca, a árvore frondosa e acolhedora situada à margem direita do Riacho Seco, onde Manoel André acampou no primeiro dia, quando procurava uma fonte de água doce onde pudesse se instalar”.
Abrigando-se sob a árvore teria proferido: “Esta Arapiraca será minha moradia”. Olha, gente. Arapiraca tem uma história muito bonita. Não vou recontá-la agora para não cansar os senhores. Mas a prefeitura, o Google, a Academia tem registrado sua evolução. Vale a pena conferir. Com a genética irremediavelmente voltada para o fumo e outras atividades agropecuárias o município vem sofrendo graduais e importantes modificações. Converso com meu querido amigo e dentista particular Lula Santana, um arapiraquense 25 horas por dia, apaixonado pelo glorioso ASA, que me discorre com invulgar eloquência sobre as grandezas de sua terra (agora nossa). Atento às mudanças, entusiasmado, ele me diz que Arapiraca não para de crescer. Concordo plenamente.
A Arapiraca que eu conheci há cinco anos já não é a mesma. De fato, há um estado permanente, eu diria frenético, de ebulição. Beneficiada por sucessivas administrações voltadas para o progresso, a cidade ferve, se expande, prospera. Repito mais uma vez: é uma honra estar aqui na presença dos senhores, dos meus amigos Clailton e Socorro, Maria Auxiliadora,Eduardo e Andreia, dos colegas Helly Carlos, Fabiana,Moroni e Lula Santana, dos pacientes e familiares, dos meus familiares, dos meus cunhados Milton Dário e Tânia Oliveira, dos meus tios Ruy, Breno e Manoel, da minha esposa Nadja, dos meus filhos Carlos Eduardo e Bruna e dos meus netos Caio e Maria Clara recebendo essa valiosíssima homenagem.
Arapiraca vai além do fumo e do glorioso ASA. Município mais importante de Alagoas – fora a capital, é uma das cidades que mais cresce no Brasil. Não se trata de incenso gratuito do homenageado. Há poucos meses foi destaque numa revista de circulação nacional como exemplo de cidade a ser seguido pelo país. Na província, marca presença como força política e econômica. O atual prefeito, Luciano Barbosa, foi ministro do governo FHC. A deputada eleita Célia Rocha, por sinal médica, ex-prefeita da cidade, é uma das maiores lideranças do Estado.
Não é de hoje essa liderança. No panteão de grandes líderes, mesmo correndo riscos da omissão, lembro o médico Marques da Silva, os Lúcio, inclusive o senador João Lúcio, os Pereira, os Albuquerque e a saudosa Ceci Cunha.
Falecido em 1935, Francisco de Paula Magalhães é apontado pelos historiadores com o grande pioneiro na cultura do tabaco em Arapiraca. Se hoje a cultura do fumo não mostra a força de décadas atrás, é preciso que recordemos do seu apogeu nos anos 60-70 quando foi conhecida nacionalmente e até internacionalmente como a “capital brasileira do fumo”, fama que lhe trouxe grande prestígio atraindo novos investimentos que alavancaram ainda mais seu desenvolvimento.
O pioneirismo de Paula Magalhães frutificou. Nesse rol de grandes continuadores da indústria do fumo estão Eduardinho, Gabi, Aurelino, Severino das Bananeiras, Adalberto Rocha e tantos outros.
Destaco outros empresários que ajudaram a construir a grandeza desta terra. Alonso de Abreu, vereador, empresário, deputado, honra esse solo generoso. Os já citados Deca Moço (pai de Lula Santana) e Adalberto Rocha e filhos. Geraldo Lyra foi outro que contribuiu para o crescimento do município com a indústria de algodão, outro produto forte da região.
Zé Alexandre é um exemplo de político e arrojado empresário com o seu bem- sucedido Grupo Coringa. O filho, Marcelino Alexandre, habilidoso político, segue-lhe os passos Quem vem sendo alvo da admiração e o respeito de todos são os irmãos Genilson e Jadielson da rede Unicompras. Zé Pivete cresceu em Arapiraca e já expande as empresas para além das fronteiras.
Na Educação, Arapiraca vive momento de grande efervescência com a implantação de unidades da UFAL. Quero homenagear o educador Moacir Teófilo, ex-secretário estadual de educação e dirigente do sexagenário Colégio Bom Conselho. Em seu nome saúdo todos os professores do município.
No quesito Saúde, a cidade está em voo ascendente. Além dos tradicionais estabelecimentos de saúde, e eu ressalto a presença dos médicos José e Judá Fernandes. Aliás Judá Fernandes é um dos escritores médicos mais fecundos. Envaideço-me da doce convivência na Sobrames. Dizia eu que, além dos tradicionais estabelecimentos, novos hospitais surgiram nos últimos anos, bem aparelhados e com equipes médicas da melhor qualidade científica e ética, realizando procedimentos médicos que nada deixam a dever daqueles executados nos grandes centros nordestinos. Tem nos chamado a atenção o rápido andamento das obras de ampliação da Unidade de Emergência do Agreste, o que será um grande avanço na assistência aos traumatizados da região.
Com tanto progresso, com tanta gente trabalhando em prol do desenvolvimento, da grandeza do município, seria mais do esperado que grandes lideranças políticas por aqui frutificassem. Ao lado de eminentes figuras dos quilates do senador João Lúcio, do deputado Marques da Silva, do deputado e artista plástico Ismael Pereira, do secretário de educação Rogério Teófilo, de Nascimento e Júnior Leão, do já citado Marcelino Alexandre, entre outros, homenageio os deputados eleitos Ricardo Nezinho, Severino Pessoa, Célia Rocha e o prefeito Luciano Barbosa. Certamente Arapiraca crescerá ainda mais com a chegada de recursos públicos e novos empreendimentos.
Senhor presidente, senhores vereadores, meus amigos aqui presentes, meus estimados pacientes, meus queridos tios, minha querida Nadja, meus queridos filhos e netos Carlos Eduardo, Bruninha, Caio e Maria, para alegria geral estou findando o discurso. Machado de Assis dissera certa feita que o elogio faz bem não só à alma, mas também ao corpo. E acrescentava: “as melhores digestões de minha vida foram de jantares em que fui homenageado”. Por isso estou me sentindo tão leve e tão saciado.
Hoje é um grande dia. Um dia muito especial. Receber essa homenagem do povo arapiraquense é algo que nunca imaginei acontecer. O momento é de um misto de humildade e orgulho. Certamente que a comenda estreitou ainda mais meu relacionamento com a cidade e multiplicou minhas responsabilidades e compromissos com a saúde dos seus habitantes.
Muito obrigado a todos.
É com grande emoção e entusiasmo que hoje compareço a esta egrégia casa legislativa para diante desta seleta plateia receber o honroso título de Cidadão Honorário da bela, operosa e próspera Arapiraca.
Arapiraca freqüenta a minha imaginação desde a mais tenra idade. É que meu pai, o psiquiatra e professor José Lopes de Mendonça, tinha por esta terra enorme simpatia e grandes amigos. Com efeito, um dos maiores amigos do meu saudoso pai foi o grande médico doutor Edler Lins, amigo-fraterno e compadre. Doutor Edler era padrinho do meu falecido irmão Robson Mendonça, que, como meu pai, era psiquiatra e professor da Universidade Federal de Alagoas.
Os arapiraquenses sabem que Edler Lins aqui chegou nos meados dos anos 40 do passado século, realizou um belo trabalho de desbravador, salvou muitas vidas, constituiu família criando profundas raízes neste território abençoado por Nossa Senhora do Bom Conselho. Nossas famílias fazem questão de preservar esses laços.
Durante este breve discurso quero homenagear algumas pessoas, arapiraquenses, de berço ou não, que prestaram relevantes e inestimáveis serviços à comunidade. Doutor Edler Lins é um deles.
O momento é de muita emoção e não quero, traído pelos sentimentos, me separar do essencial. Nasci em Maceió, no bairro de Bebedouro, há quase 63 anos. Minha mãe Rosa Cabral de Mendonça era professora. Cuidando de onze filhos, seu pendor para o ensino foi para educar os rebentos. Até dedicar-se à psiquiatria, meu pai exerceu a clínica médica em Bebedouro, já na época um bairro que tinha uma rica história de memoráveis festejos natalinos e carnavalescos liderados pelo lendário Bonifácio Silveira. Consta que o imperador D. Pedro II, nas suas andanças pelas Alagoas, lá estivera servindo-se das águas mansas da lagoa Mundaú.
Foi nesse bairro tradicional, embora algo decadente, que me criei. A partir dos seis anos iniciei meus estudos no Colégio Diocesano (hoje Marista) de onde saí aos dezoito incompletos para ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas. Posso lhes garantir que comecei a aprender a ser médico desde criança, com o meu pai, um médico de excepcionais qualidades. Apaixonado pela cirurgia, quando estudante, aproximei-me de Dirceu Falcão e outros famosos cirurgiões da época.
Depois de formado, fui para São Paulo. A essa altura já estava casado com a minha colega de turma Nadja Mendonça – hoje famosa psiquiatra e psicanalista – e já tinha uma filha, minha saudosa Lavínea. Passamos 4 anos em São Paulo e um ano no Rio de Janeiro nos aperfeiçoando. Em dezembro de 1976, após cinco anos de muito estudo e trabalho, voltamos a Maceió.
Dois meses após o regresso, passei a dar aulas na Faculdade de Medicina como professor de Neurologia, ao mesmo tempo em que assumia emprego de médico da Previdência, lugar que ocupo até hoje. No mesmo período, comecei a dar plantões no velho HPS de Maceió, na Rua Dias Cabral, e a prestar assistência na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, onde permaneço até os dias atuais.
Havia muito trabalho pela frente, como a pedra de Sísifo, personagem mitológica condenado a carregar uma grande pedra ao cume da montanha. Como castigo, a pedra rolava morro abaixo todas as vezes em que se aproximava do ponto mais alto, obrigando a infeliz criatura a repetir o esforço a cada dia. Essa praticamente é a vida de todos, médicos ou não. O segredo da longevidade na profissão é carregar a pedra de Sísifo não como um castigo, mas como um dever prazeroso.
Quando jovem, recusei dois convites para trabalhar em outra cidade. Um deles foi para assumir emprego de neurocirurgião no Hospital do Servidor de São Paulo, fazendo jus a aprovação em concurso público. O outro foi para fixar residência na distante Chapecó. Optei por Maceió e lá permaneci, exclusivamente, durante três décadas.
A perspectiva concreta de vir para a “capital do fumo” surgiu de forma inesperada há cinco anos. De repente, criou-se um hiato nos plantões de fim de semana na Unidade de Emergência do Agreste e a proposta de trabalho quis nos parecer razoável. Embora não fosse nossa intenção percorrermos quase 150 quilômetros a essa altura da vida, encaramos o desafio com o entusiasmo de um recém-formado. Acho que tem valido a pena esse esforço, agora coroado com esse título, graças à incalculável generosidade dos senhores. Faria tudo outra vez. Aproveito a oportunidade para fazer justiça aos nosso estimados amigos o casal Denise e José Lopes, grandes incentivadores desse projeto. Obrigado Denise, obrigado Zé Lopes.
O fato é que aqui fui recebido de braços abertos, com carinho e respeito. Sou o mais velho do grupo de plantonistas. Com certeza, a maioria absoluta dos meus colegas de plantão é de ex-alunos. Aliás, muitos colegas apostaram que eu não viria e se viesse demoraria pouco. Felizmente eles estavam enganados. Passados cinco anos, ainda há quem se admire da minha presença e pergunte se aquele encanecido médico que caminha pelas enfermarias do hospital é mesmo o Dr. Ronald.
De vez em quando recebo visitas de outros colegas: Judá Fernandes, uma lenda viva da medicina de Arapiraca, meu estimado companheiro da Sobrames, já me deu a honra de me ver nas dependências da UE. Outro que aparecia de quando em vez era José Mendes, professor, empreendedor na saúde e na educação, fundador da Unimed, cujo falecimento precoce e inopinado enlutaria os amigos e a comunidade. Um autêntico arapiraquense que deixou uma enorme lacuna no coração dos seus amigos e clientes.
A Unidade de Emergência de Arapiraca, local do meu trabalho, é a materialização de uma idéia luminosa que não pode se perder por questiúnculas políticas. Está além de partidos e governos. Pela importância, pela relevância dos serviços, é um patrimônio da região que deve merecer cuidados ininterruptos. Valorizar seus funcionários, palpar seus anseios, deve ser vista como prioridade absoluta. Não hesito em afirmar que é a unidade hospitalar mais importante da região. Sinto-me orgulhoso em poder contribuir com a minha experiência e o meu trabalho para este projeto.
Arapiraca, com suas terras férteis foi, em 1848, a preferida do fundador Manoel André Correia dos Santos. Então foi nessa Arapiraca, a árvore frondosa e acolhedora situada à margem direita do Riacho Seco, onde Manoel André acampou no primeiro dia, quando procurava uma fonte de água doce onde pudesse se instalar”.
Abrigando-se sob a árvore teria proferido: “Esta Arapiraca será minha moradia”. Olha, gente. Arapiraca tem uma história muito bonita. Não vou recontá-la agora para não cansar os senhores. Mas a prefeitura, o Google, a Academia tem registrado sua evolução. Vale a pena conferir. Com a genética irremediavelmente voltada para o fumo e outras atividades agropecuárias o município vem sofrendo graduais e importantes modificações. Converso com meu querido amigo e dentista particular Lula Santana, um arapiraquense 25 horas por dia, apaixonado pelo glorioso ASA, que me discorre com invulgar eloquência sobre as grandezas de sua terra (agora nossa). Atento às mudanças, entusiasmado, ele me diz que Arapiraca não para de crescer. Concordo plenamente.
A Arapiraca que eu conheci há cinco anos já não é a mesma. De fato, há um estado permanente, eu diria frenético, de ebulição. Beneficiada por sucessivas administrações voltadas para o progresso, a cidade ferve, se expande, prospera. Repito mais uma vez: é uma honra estar aqui na presença dos senhores, dos meus amigos Clailton e Socorro, Maria Auxiliadora,Eduardo e Andreia, dos colegas Helly Carlos, Fabiana,Moroni e Lula Santana, dos pacientes e familiares, dos meus familiares, dos meus cunhados Milton Dário e Tânia Oliveira, dos meus tios Ruy, Breno e Manoel, da minha esposa Nadja, dos meus filhos Carlos Eduardo e Bruna e dos meus netos Caio e Maria Clara recebendo essa valiosíssima homenagem.
Arapiraca vai além do fumo e do glorioso ASA. Município mais importante de Alagoas – fora a capital, é uma das cidades que mais cresce no Brasil. Não se trata de incenso gratuito do homenageado. Há poucos meses foi destaque numa revista de circulação nacional como exemplo de cidade a ser seguido pelo país. Na província, marca presença como força política e econômica. O atual prefeito, Luciano Barbosa, foi ministro do governo FHC. A deputada eleita Célia Rocha, por sinal médica, ex-prefeita da cidade, é uma das maiores lideranças do Estado.
Não é de hoje essa liderança. No panteão de grandes líderes, mesmo correndo riscos da omissão, lembro o médico Marques da Silva, os Lúcio, inclusive o senador João Lúcio, os Pereira, os Albuquerque e a saudosa Ceci Cunha.
Falecido em 1935, Francisco de Paula Magalhães é apontado pelos historiadores com o grande pioneiro na cultura do tabaco em Arapiraca. Se hoje a cultura do fumo não mostra a força de décadas atrás, é preciso que recordemos do seu apogeu nos anos 60-70 quando foi conhecida nacionalmente e até internacionalmente como a “capital brasileira do fumo”, fama que lhe trouxe grande prestígio atraindo novos investimentos que alavancaram ainda mais seu desenvolvimento.
O pioneirismo de Paula Magalhães frutificou. Nesse rol de grandes continuadores da indústria do fumo estão Eduardinho, Gabi, Aurelino, Severino das Bananeiras, Adalberto Rocha e tantos outros.
Destaco outros empresários que ajudaram a construir a grandeza desta terra. Alonso de Abreu, vereador, empresário, deputado, honra esse solo generoso. Os já citados Deca Moço (pai de Lula Santana) e Adalberto Rocha e filhos. Geraldo Lyra foi outro que contribuiu para o crescimento do município com a indústria de algodão, outro produto forte da região.
Zé Alexandre é um exemplo de político e arrojado empresário com o seu bem- sucedido Grupo Coringa. O filho, Marcelino Alexandre, habilidoso político, segue-lhe os passos Quem vem sendo alvo da admiração e o respeito de todos são os irmãos Genilson e Jadielson da rede Unicompras. Zé Pivete cresceu em Arapiraca e já expande as empresas para além das fronteiras.
Na Educação, Arapiraca vive momento de grande efervescência com a implantação de unidades da UFAL. Quero homenagear o educador Moacir Teófilo, ex-secretário estadual de educação e dirigente do sexagenário Colégio Bom Conselho. Em seu nome saúdo todos os professores do município.
No quesito Saúde, a cidade está em voo ascendente. Além dos tradicionais estabelecimentos de saúde, e eu ressalto a presença dos médicos José e Judá Fernandes. Aliás Judá Fernandes é um dos escritores médicos mais fecundos. Envaideço-me da doce convivência na Sobrames. Dizia eu que, além dos tradicionais estabelecimentos, novos hospitais surgiram nos últimos anos, bem aparelhados e com equipes médicas da melhor qualidade científica e ética, realizando procedimentos médicos que nada deixam a dever daqueles executados nos grandes centros nordestinos. Tem nos chamado a atenção o rápido andamento das obras de ampliação da Unidade de Emergência do Agreste, o que será um grande avanço na assistência aos traumatizados da região.
Com tanto progresso, com tanta gente trabalhando em prol do desenvolvimento, da grandeza do município, seria mais do esperado que grandes lideranças políticas por aqui frutificassem. Ao lado de eminentes figuras dos quilates do senador João Lúcio, do deputado Marques da Silva, do deputado e artista plástico Ismael Pereira, do secretário de educação Rogério Teófilo, de Nascimento e Júnior Leão, do já citado Marcelino Alexandre, entre outros, homenageio os deputados eleitos Ricardo Nezinho, Severino Pessoa, Célia Rocha e o prefeito Luciano Barbosa. Certamente Arapiraca crescerá ainda mais com a chegada de recursos públicos e novos empreendimentos.
Senhor presidente, senhores vereadores, meus amigos aqui presentes, meus estimados pacientes, meus queridos tios, minha querida Nadja, meus queridos filhos e netos Carlos Eduardo, Bruninha, Caio e Maria, para alegria geral estou findando o discurso. Machado de Assis dissera certa feita que o elogio faz bem não só à alma, mas também ao corpo. E acrescentava: “as melhores digestões de minha vida foram de jantares em que fui homenageado”. Por isso estou me sentindo tão leve e tão saciado.
Hoje é um grande dia. Um dia muito especial. Receber essa homenagem do povo arapiraquense é algo que nunca imaginei acontecer. O momento é de um misto de humildade e orgulho. Certamente que a comenda estreitou ainda mais meu relacionamento com a cidade e multiplicou minhas responsabilidades e compromissos com a saúde dos seus habitantes.
Muito obrigado a todos.
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