Roma ainda não havia encontrado o seu apogeu quando foi invadida e subjugada por um grupo de guerreiros liderados por Breno. A ele atribui-se a célebre frase “Vae victis” (Ai dos vencidos) que, atravessando milênios virou regra, e ainda hoje é aplicada. Até o grande Cesar, quatro séculos depois, ao impor seu poderio costumava repeti-la diante de submissos derrotados.
Relembrei a glória gaulesa ao sabor do noticiário que propala punições ao fraco time da Coréia do Norte, humilhada na última Copa do Mundo, dentre outros previsíveis insucessos, por inusual escore de 7 x 0 diante da medíocre seleção portuguesa.
Deve ter sido horrível para o orgulho nacional. Sim, porque os dirigentes coreanos, entusiasmados com a estréia do time e o placar de 2 x 1 diante do Brasil, abriram uma exceção e liberaram o jogo, justo na impiedosa derrota para Portugal.
O fato é que a imprensa (burguesa, hegemônica, golpista e reacionária?) espalhou aos quatro cantos que o técnico da Coréia do Norte foi afastado da equipe e punido com trabalhos “forçados” na construção civil, enquanto o time teria participado de uma sessão de tortura oral, de pé durante seis horas, enquanto quatrocentos “camaradas” deitavam esporros e lições de moral.
Exageros à parte, quero acreditar que o citado técnico é um operário da construção civil. É possível que tenha assumido a função no selecionado por demonstrar pendores que iam além da colher e do fio de prumo. Tal como ocorreu com o nosso Dunga, e com centenas de técnicos de futebol espalhados no mundo inteiro, foi defenestrado do cargo e voltou ao batente do tijolo, da areia e do cimento.
Na verdade, isso deveria acontecer na política. Os sujeitos ao se afastarem de cargos eletivos (ou de secretários de estado, ministros etc) deveriam voltar às funções anteriores. Por que não voltam? Podres de ricos, não precisam mais melar as mãos na massa. O Lula, por exemplo (“um operário no poder”), o que o impede de voltar às suas funções originais?
Mas o “Ai dos vencidos” tem a sua versão alagoana. Na adolescência, defendendo o Bebedourense, participei de jogos em campos de usina, no interior do estado. Numa dessas vezes, encaramos um time cujo técnico (e juiz da partida) era o usineiro, famoso pelos proverbiais maus bofes. Por infelicidade, o time da casa acabou derrotado.
Mal o jogo terminou, ouviu-se a voz trovejante: “Vocês não têm vergonha de perder para um time safado desse? Vão passar seis meses sem jogar”.
14/08/2010
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