domingo, 8 de agosto de 2010

DEVERES E DIREITOS

Admito sem acanhamento ou empáfia que a minha autoestima recebeu esta semana uma nova injeção. Nada a ver com o coquetel de lançamento do meu livro de crônicas Latim aos Sábados, no espaço Memorial à República, cuja seleta frequência foi muito além do que poderiam imaginar as fantasias mais otimistas. Com efeito, a presença de fatias representativas da comunidade revelam, sobretudo, a impagável indulgência dos colegas, amigos e leitores. Mas falava de autoestima e queria me referir a uma correspondência enviada, através da internet, pela Secretaria Municipal de Finanças da Prefeitura de Maceió. Nela, o órgão lembrava o vencimento de parcela de “Taxa de Licença (TLFLIF)” (existe isso?) no fim do mês de agosto. O documento pede para não esquecer do compromisso, sob pena de multas e outras sanções de relevo.Sem ignorar que moramos no “País dos impostos”, não nego o orgulho pessoal ao ser objeto dos cuidados municipais. Sim, porque também sou alvo dos mimos dos federais, através do pagamento do imposto de renda (órgão bisbilhoteiro e partidário) e de outros menos suculentos, como o polêmico “Imposto de Marinha”, taxa que “premia” terrenos distantes 100 metros da maior maré de 1813. Naturalmente, que é mais um a engordar a lista de dezenas que fazem a alegria de governantes, políticos, apaniguados e outros que tais, que vivem às custas de impostos.
Calcula-se que dedicamos cinco meses de trabalho por ano, somente para pagar impostos. Ninguém neste País ignora o exato destino desses tributos. Está aí a campanha nas ruas. Agora mesmo, escuto persistentes cantorias de carros de som que, incansáveis, bradam as qualidades dos candidatos. Não tenho dúvidas de que o meu suado dinheirinho está financiando parte dessas propaladas virtudes.
Voltemos à Prefeitura de Maceió. Quão gentil foi o órgão ao lembrar que já em setembro estaria na cola dos recalcitrantes que declinaram do dever cívico de pagar a sua quota e assim receber os bons serviços que a municipalidade presta: transporte público de qualidade, trânsito organizado, ruas e praças limpas, saúde e educação nos trinques, segurança e tranquilidade nas ruas para todos.
O chato dessa questão é que a Prefeitura de Maceió abdica de seus deveres na hora de cumprir suas obrigações. A Secretaria da Saúde do Município, por exemplo, deve há mais de um ano a médicos e hospitais sem que demonstre a mínima intenção de honrar os compromissos. Juros e correção, nem pensar.

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