domingo, 1 de agosto de 2010
ABRAÃO, SODOMA E GOMORRA
Humilhada na Copa do Mundo com acachapante derrota de 4 x 0, a Argentina deu a volta por cima e conseguiu legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foi uma vitória espetacular e inédita no continente, em que o país de Maradona deu uma goleada no preconceito. Comemorada por milhões de pessoas do mundo inteiro, aqui mesmo entre nós, vários colegas médicos e professores perderam a timidez e passaram a mostrar aquele ar triunfante, tipo: “Estamos já chegando lá”. O fato se torna mais impressionante pelo detalhe de o homossexualismo ainda ser visto com restrições, mesmo em países do “primeiro mundo”. Com efeito, é comum a violência patrocinada pelo Estado, como no caso das Repúblicas teocráticas islâmicas, que tem no Irã dos Aiatolás sua expressão mais bem esculpida. A crença em poder acabar com o homossexualismo na chibata leva o alucinado dirigente Ahmadinejad a anunciar a ausência de homossexuais no Irã.O tema é mesmo polêmico. Enquetes revelam que entre pessoas comuns há resistências em aceitar a legalização da união, enquanto um aplauso maciço, diria incondicional, vem do meio artístico. Nessa profissão, aliás, há cada vez mais gente “saindo do armário” e admitindo sua condição, sem temer eventual perda de prestígio.Entre nossos políticos, lamentavelmente, expor sua posição ainda não se tornou habitual. Seria bem mais saudável que candidatos a postos eletivos tivessem a naturalidade em explicar como lidam com sua sexualidade. Ao contrário, preferem exibir-se ambíguos, como irresistíveis garanhões e/ou lobas insaciáveis. Não obstante, a convicção, hoje, é de que nosso País alcançou a maturidade para ter um presidente gay.A abordagem atual é por conta de texto na Gazeta de Alagoas desta semana sobre Deus e Abraão, versando sobre os diálogos que antecederam a destruição de Sodoma e Gomorra. É crença bíblica que essas cidades teriam sido detonadas por Deus pelas “iniquidades” (leia-se, homossexualismo) praticadas por seus habitantes. Afora a exegese que afirma “enamoramento” de Abraão por Deus, o frívolo “diálogo” entre os dois enquanto se decidia a morte de milhares de pessoas – crianças inclusive – é um desafio ao bom senso.Admitindo a verossimilhança da narrativa bíblica, não restam dúvidas de que a destruição de Sodoma e Gomorra é um dos maiores marcos da intolerância sexual. Além de não acabar com o homossexualismo no mundo, tornou-se o símbolo definitivo do preconceito divino.
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