
O cirurgião Luiz Carlos Buarque de Gusmão, meu companheiro de plantão em Arapiraca, é celebrado como um dos mais tinhosos caçadores do agreste e do sertão. Respeitado professor de anatomia da Ufal,Manga-Rosa – apelido que virou sobrenome, acompanhado de seus perdigueiros, sobreviverá ainda muitos anos como caçador, tudo indica que, como anatomista, é um dos últimos da espécie.Aos não iniciados na Arte de Hipócrates uma explicação: desde os primórdios o ensino da anatomia constituiu-se na porta de entrada e num dos principais pilares do conhecimento médico. Grande gargalo do curso, não é por acaso que os professores que a ela se dedicam revestem-se de uma peculiar aura que os tornavam odiados ou amados, indiscutivelmente os mais temidos do curso.Embora professores de outras áreas médicas corram o risco de ser varridos do planeta, na anatomia a coisa ficou difícil: a carga horária de dois anos vem sofrendo progressivo cruel processo de atrofia até o momento atual, restrita a magras semanas. A tendência é piorar. Os mentores da atual grade curricular dos cursos de medicina não fazem segredo de que a orientação precípua do curso é para “formar cidadãos” que se tornem sensíveis às grandes questões nacionais: injustiças sociais, desemprego, concentração de riquezas e outras que tais. Medicina que é bom, se sobrar tempo, será destinada às demandas do SUS.Ninguém, pois, deverá estranhar se as vagas nos cursos médicos forem ocupadas por engajados filósofos, historiadores, assistentes sociais, sociólogos, cientistas políticos – naturalmente gauchistes –, que é para apimentar a doutrina.Aliás, sobre esse tema, a revista Veja (ed. 2171) desta semana traz interessante contribuição assinada por Gustavo Ioschpe.Mas o que eu queria mesmo era aproveitar as lições do ardiloso caçador de nambu e aplicar ao time do Brasil. É que nas horas vagas, Manga-Rosa dá aulas de estratégias de caça. Sobre o perdigueiro ensina: 1) Odeia mau atirador; 2) Para ser bom, tem que ser magro; 3) Lugar de cachorro gordo é no colo. Ao observar o time do Brasil, logo se destacam os lulus de madame: Kaká e Robinho (Ronaldo “Fenômeno”, Ronaldinho e Adriano CV fizeram escola) que gordos e mimados, de papadinha, tropeçando na bola, fracos de pontaria, até agora pouco fizeram para justificar a fama. Já Maicon, Juan, Lúcio e Gilberto Silva eram os perdigueiros magros que até ontem garantiam o êxito da “caçada
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