domingo, 24 de junho de 2012

O FIM
Quase à sorrelfa, como cunhou o mestre Aloysio Galvão, peregrino pelo Velho Mundo capitalista em busca de respostas para as minhas bebedourenses inquietações existencialistas. Com efeito, tenho vagado por labirintos de melodiosas ruas e becos, ruínas, gloriosos escombros, góticas catedrais e efervescentes galerias, movido pela incrível certeza de que tudo isso está com prazo de validade vencido. Prenúncio, por sinal, indetectável entre os nativos.

Como aquele garotinho que se deu conta do que restou do seu balaio de frutas displicentemente consumidas, também a ficha caiu para mim: o abominável capitalismo chegou ao fim. Morre sem foguetes, sem luar, sem violão. Ah! Se eu soubesse que este epílogo estava assim tão próximo, como o menino da história, em vez de frutas deveria ter aproveitado mais, lambido e chupado até os caroços, mastigado e engolido as cascas... do capitalismo

O que consola é constatar que sobrevivi, apesar da vida talvez não ter sido tão gentil comigo. O bom Deus, que negou fogo quando precisei mais dele, hoje me dá essa colher de chá de ver in loco os últimos suspiros do “selvagem”. O fato é que aqui estou a rever esse legado que séculos de opressão e exploração deixaram para as gerações vindouras. De afrescos a esculturas que só faltam falar, passando por estupendas edificações.

O conflito invade a pobre alma suburbana. De um lado, vivo num país cujo Ministério da Educação ensina que “nóis vai ferrar ele” pode estar irretocável. Num outro mundo, estimula-se o culto a Júlio César, Cícero, Ovídio, Copérnico, Aligiere, Da Vinci, Galileu Galilei, Michelangelo, Rafael, Maquiavel e outros tantos. É bem verdade que poderemos encher a boca e dizer que temos Pelé, Ronaldinho Gaucho, Neymar, Love; um Adriano, que tem até título de Imperador...

Para não humilhar os italianos não deveria falar sobre Berlusconi. Apenas exalto a qualidade da nossa política regida por Lula, Zé Dirceu, Dilma & Ministros, Erenice e seus traquinos pimpolhos, José Sarney, Demóstenes (o incorruptível) e tantos homens e mulheres de bem que fazem a grandeza da nossa terra.

Enfim minha alma está lavada. Tinha o maior complexo porque o calçamento de Bebedouro demorou cerca de quatro anos para ser concluído. Por aqui há igrejas que levaram séculos para terminar. É um bálsamo também para o Cícero Almeida. Há obras que não acabam nunca. Sequer começam

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