COMUNISTAS PREDILETOS
RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
No auge do prestígio, Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira curtiam caminhar no Centro da cidade junto com seus lugares-tenentes, dentre os quais os conspícuos e saudosos Hélio Miranda e Arlindo Chagas, amigos pessoais e indispensáveis conselheiros informais do governador Suruagy.
Certamente, muito do desenvolvimento de Alagoas se deve a essas duas inteligentes e envolventes figuras. Por sinal, Chagas – se publicou, desculpem a falha! – ficou devendo seu livro de memórias, o sugestivo Quem for podre que se quebre. Com certeza, um manancial de bom humor e seletas informações sobre fatos e pessoas que orbitavam o Palácio dos Martírios.
O fato é que Suruagy percorria imperial e despreocupadamente a Rua do Comércio, cumprimentando as pessoas, dando e recebendo beijocas, dedos de prosa ali e acolá. Naturalmente, deveria ouvir alguma cobrança, algum pedido de emprego e ia tirando de letra, em proverbial jogo de cintura.
A propósito, lembro o major Luiz, antecessor de Divaldo, sentado nos bancos da Praça dos Martírios jogando conversa, reunido com pequenos vendedores ambulantes, chupando roletes de cana, prática que lhe valeria o simpático apelido de “Lula Rolete”. Chamava a atenção a ausência de ostensiva segurança. A atitude criaria um clima favorável de humildade e desprendimento. Faria escola.
Revelando coragem, louvo a postura do atual governador, que tem sido visto correndo na orla da Pajuçara, sem proteções especiais, a despeito da popularidade algo abalada e dos riscos de ser assaltado. É até recomendável não sair de bicicleta e deixar relógio e celular com o guarda-costa. Dinheiro, nem pensar.
Volto a Suruagy. Num dos prosaicos passeios, a imprensa registraria um encontro entre o governador e o militante e ex-vereador Nilson Miranda. Mal saído das perseguições políticas, Miranda também era afeito a amenas conversas nos fins de tarde. O encontro casual, afetivo, teria leves doses de ironia. Ao se despedirem, Divaldo dispararia: “Nilsinho é o meu comunista predileto...”.
O meu comunista predileto é um amigo de infância. Jogamos muita ximbra e algum futebol. Ele conseguia ser pior do que eu. Fomos contemporâneos de universidade. Era frequentador de bares tematicos, sempre com O Capital sob o sovaco. Enquanto fingia ler, embriagava-se do legitimo scotch. Um líder discreto, foi dirigente do diretório com apoio maciço da estudantada. O fato de ninguém querer assumir -– com medo do pau de arara e dos choques elétricos no ânus e na uretra – aumenta-lhe o mérito.
Legitimo marxista burguês, hoje assiste preocupado aos espasmos do capitalismo. Torce para nunca acabar.
sábado, 30 de junho de 2012
domingo, 24 de junho de 2012
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Câmara Municipal presta homenagem ao médico Ronald Cabral Mendonça
A Câmara Municipal de Arapiraca realizou na noite de ontem, quinta-feira, 9, a sua última Sessão Solene de 2010, para entregar o título de Cidadão Honorário de Arapiraca, ao médico neurocirurgião, Ronald Cabral Mendonça.
A solenidade teve como local o Fórum de Arapiraca. O autor do projeto foi o vereador e presidente Josias Albuquerque.
O primeiro a fazer o uso da palavra foi o ex-vereador José Lopes, que enalteceu as qualidades profissionais do homenageado, como também, a sua dedicação aos pacientes atendidos por ele na Unidade de Emergência de Arapiraca, onde é plantonista todas as quintas-feiras.
O médico Ed Carlos, amigo e ex-aluno do homenageado, ressaltou o carinho dedicado pelo colega aos demais companheiros de profissão, como também aos pacientes da UE.
A vereadora Graça Lisboa, também parabenizou a todos os vereadores, principalmente ao autor do projeto, Josias Albuquerque, por ter reconhecido o trabalho do Dr. Ronald.
O vereador e deputado eleito, Severino Pessoa, também foi outro que parabenizou a Câmara Municipal de Arapiraca, por ter prestado aquela homenagem, lembrando que também foi paciente do Dr. Ronald Cabral Mendonça e que graças a ele, hoje estava completamente curado de um problema de saúde.
Ao agradecer as homenagens, Dr. Ronald Cabral Mendonça, disse que estava bastante emocionado e que jamais esperou ser homenageado, mesmo porque segundo ele, estava cumprindo com sua obrigação de médico.
Na qualidade de plantonista da Unidade de Emergência do Agreste, onde está há cinco anos, o médico falou da importância da unidade para Arapiraca e a Região do agreste, afirmando que se não fosse a UE, muitos pacientes morreriam a caminho de Maceió.
Outro dado preocupante segundo ele é o fato de que 25% dos pacientes atendidos com traumas na Unidade de Emergência do agreste são vítimas de acidentes de motos, em decorrência da falta de capacete ou mesmo a ingestão de bebidas alcoólicas.
Mostrando bastante preocupação com esse quadro, o Dr. Ronaldy Cabral Mendonça, chegou a conclamar as autoridades do trânsito em Arapiraca, a fazer uma ampla campanha de conscientização entre os motoqueiros.
Ao finalizar, ele também lembrou de grandes nomes da medicina em Arapiraca, citando como exemplo, Dr. Edler Lins, que deu início a um grande trabalho na área de Medina em Arapiraca, como também, o médico Judá Fernandes de Lima, a quem classificou de uma lenda viva da medicina.
Ele disse que a sua responsabilidade aumentava muito mais ainda por ser um dos mais novos filhos da cidade.
O autor da homenagem, Josias Albuquerque, disse que não era apenas o Poder Legislativo que sentia orgulho, mas também toda a população de Arapiraca, que reconhece no médico e amigo, um profissional completo e muitas qualidades.
Participaram da solenidade, além de familiares e amigos do homenageado, os vereadores Moisés Machado, Rogério Nezinho, Dorge do Queijo, Gilvania Barros, Adalberto Saturnino, Robério Lima Ataíde, Graça Lisboa, Josias Albuquerque e Severino Pessoa.
Fonte: Ascom = Câmara Municipal de Arapiraca
Médico recebe título de Cidadão Honorário de Arapiraca
O primeiro a fazer o uso da palavra foi o ex-vereador José Lopes, que enalteceu as qualidades profissionais do homenageado, como também, a sua dedicação aos pacientes atendidos por ele na Unidade de Emergência de Arapiraca, onde é plantonista todas as quintas-feiras.
O médico Ed Carlos, amigo e ex-aluno do homenageado, ressaltou o carinho dedicado pelo colega aos demais companheiros de profissão, como também aos pacientes da UE.
A vereadora Graça Lisboa, também parabenizou a todos os vereadores, principalmente ao autor do projeto, Josias Albuquerque, por ter reconhecido o trabalho do médico Ronald Cabral.
O vereador e deputado eleito, Severino Pessoa (PPS) parabenizou a Câmara Municipal de Arapiraca, por ter prestado aquela homenagem, lembrando que também foi paciente do Dr. Ronald Cabral Mendonça e que graças a ele, hoje estava completamente curado de um problema de saúde.
Ao agradecer as homenagens,o medico, assegurou que estava bastante emocionado e que jamais esperou ser homenageado, mesmo porque segundo ele, estava cumprindo com sua obrigação de médico.
Na qualidade de plantonista da Unidade de Emergência do Agreste, onde está há cinco anos, o médico falou da importância da unidade para Arapiraca e a Região do Agreste, afirmando que se não fosse a UE, muitos pacientes morreriam a caminho de Maceió.
Outro dado preocupante segundo ele é o fato de que 25% dos pacientes atendidos com traumas na Unidade de Emergência do agreste são vítimas de acidentes de motos, em decorrência da falta de capacete ou mesmo a ingestão de bebidas alcoólicas.
Mostrando bastante preocupação com esse quadro, o Dr. Ronaldy Cabral Mendonça, chegou a conclamar as autoridades do trânsito em Arapiraca, a fazer uma ampla campanha de conscientização entre os motoqueiros.
Ao finalizar, ele também lembrou de grandes nomes da medicina em Arapiraca, citando como exemplo, Dr. Edler Lins, que deu início a um grande trabalho na área de Medina em Arapiraca, como também, o médico Judá Fernandes de Lima, a quem classificou de uma lenda viva da medicina.
Ele disse que a sua responsabilidade aumentava muito mais ainda por ser um dos mais novos filhos da cidade.
O autor da homenagem, Josias Albuquerque, disse que não era apenas o Poder Legislativo que sentia orgulho, mas também toda a população de Arapiraca, que reconhece no médico e amigo, um profissional completo e muitas qualidades.
Participaram da solenidade, além de familiares e amigos do homenageado, os vereadores Moisés Machado, Rogério Nezinho, Dorge do Queijo, Gilvania Barros, Adalberto Saturnino, Robério Lima Ataíde, Graça Lisboa, Josias Albuquerque e Severino Pessoa.
O FIM
Para não humilhar os italianos não deveria falar sobre Berlusconi. Apenas exalto a qualidade da nossa política regida por Lula, Zé Dirceu, Dilma & Ministros, Erenice e seus traquinos pimpolhos, José Sarney, Demóstenes (o incorruptível) e tantos homens e mulheres de bem que fazem a grandeza da nossa terra.
Enfim minha alma está lavada. Tinha o maior complexo porque o calçamento de Bebedouro demorou cerca de quatro anos para ser concluído. Por aqui há igrejas que levaram séculos para terminar. É um bálsamo também para o Cícero Almeida. Há obras que não acabam nunca. Sequer começam
GÊMEOS
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL
Pela boca de Ivete Sangalo, a
proxeneta Maria Machadão ensina, ex-cathedra: “Puta que se apaixona é burra”. A
fala compõe a personagem que esculpe a denunciadora obra de Jorge Amado sobre a
vida no sul da Bahia, na fase áurea do cacau. Corolários desse, digamos,
aforismo, é a exigência do pagamento, às vezes antecipado, pelos serviços
recebidos. No caso de horas extras e outros que tais, “chega-se junto” pelos
excessos não previstos. Como propalam os economistas, não há almoços grátis.
Nessa pré-diluviana profissão,
a proibição do beijo na boca é cláusula pétrea. que resistiu aos costumes e
venceu os tempos. A tudo isso se convencionou chamar de código de ética.
Falando de profissões, ganhos,
ética etc, logo me vem a invejável categoria dos políticos. Não sei onde estava
com a cabeça quando me meti a ser médico. Poderia ter sido um advogado bem
sucedido, a exemplo do Dr. Thomaz Bastos.
Como ele, começaria defendendo
gratuitamente presos políticos, prostitutas, batedores de carteira, imaginários
perseguidos, alguns canalhas mais ricos– que ninguém é de ferro... Se o bom Deus
ajudasse, talvez chegasse a ministro da Justiça. Naturalmente, iria me fazer de
morto, fingiria que não faria tráfico de influência. Meu escritório, à sorrelfa,
bombaria.
Deus seria minha testemunha.
Quatro anos de renúncia por amor ao meu país, recebendo migalhas, míseros oito
mil reais. Anos bastante. Livre das peias do cargo, limitar-me-ia a continuar a
influenciar indicações para o Supremo. Um sacrifício horrivel. Seria uma espécie
de Richelieu do reinado petralista.
Claro que, como advogado,
mesmo sendo um ex-ministro da Justiça, não iria me sentir constrangido em
defender horrendos marginais e dar dicas – e até falar com mãozinha na boca.
P.Q.P. com noblesse oblige ! Qual o problema dos meus honorários saírem
da contravenção? Afinal de contas, se fosse depender de homens de bem como
clientes, morreria de fome. Eu queria mais era faturar...
Como queria dizer, na outra
vida voltarei político. É o meu sonho de reencarnação. Lula ou Maluf, tanto
faria. Preferiria ser Lula, um Maluf que chegou à presidência. Passaria oito
anos fazendo de conta que governava alguma coisa. Iria fofocar pra caramba,
tomar muita cana e fumar muito cubano. Antes, esculhambaria com tudo: picaretas
do Congresso, banqueiros, industriais, Sarney, Maluf, FHC, ACM, Serra, Barbalho...
Chegaria ao poder e me
agarraria àqueles caras que eu tanto odiara. No meu governo, meu filho, porteiro de
boate, gênio oculto, seria o quadrado de Bill Gates e Steve Jobs. Como um São
Jorge de Bordel, o mensalão correria solto sob as minhas encanecidas barbas.
Negá-lo-ia até sob tortura.
Sim, faria também uma
sucessora. Deixaria uma corja de conhecidos ladrões nos ministérios. Tudo cobra
criada. Humilharia o câncer, embora a voz minguasse. A radioterapia e as pesadas
drogas para me curar comeriam parte dos meus parcos neurônios. Nada mal. Um golpe de mestre superaria todas as expectativas: cairia no colo de Maluf, a minha encantadora alma gêmea.
sábado, 16 de junho de 2012
GENÉTICA, DESTINO E ESPERANÇA
Por: » RONALD MENDONÇA - médico e membro da AAL
Relata a crônica bebedourense que, há muitos anos, frequentava suas rodas de destaque um certo Domingos. Forasteiro, contador de gogas, dizia-se haver lutado na guerra. Sua patente estaria em torno da pré-oficialidade, se é que existe essa condição hierárquica no glorioso Exército Nacional. Como, de fato, manquitolava, não era infrequente vê-lo parado, a exibir heroica e longa cicatriz, estigma indelével da sua bravura. Era um marxista magoado. O tempo encarregar-se-ia de amenizar lembranças de suposto estupro praticado por hordas soviéticas, que por instantes o confundiram com um soldado nazista.
A irreverência bebedourense não perdoava suas descrições mirabolantes dos campos de Itália. Era tido como um dos maiores mentirosos que a região já abrigara. Na realidade, o que a plebe ignara identificava como mentiras, não passavam de delírios. Nosso herói era um paranoide que se recusava a tratar-se. De quando em vez surtava, espancava a mulher e um filho que, por previsível determinismo biológico (a genética), herdara a esquizofrenia paterna. Sentia-se perseguido, achava que os vizinhos o escutavam, reforçava as paredes, punha cadeados fortíssimos no portão de ferro e assim passava dias recolhido. Discretamente, a mulher introduzia na comida remédios que o filho usava e a coisa amainava.
Formado nas baias do quartel, sargento Domingos tinha rasgos de cientista. Julgava-se um profundo conhecedor da psiquiatria. Odiava médicos, sobretudo os raros alienistas existentes. Disparava cartas e telegramas ameaçadores. Um louco asilar de compêndio. Ateu, descia o cacete em Gregor Mendel, o capuchinho que revolucionou a biologia.
Uma tragédia grega o aguardava. Depois de sobreviver às granadas nazistas, o filho desagregado enforcaria o pobre Domingos em plena sesta. Falo de genética - aquele ramo da biologia que procura explicar os porquês das azaradas semelhanças e diferenças entre pais e filhos, sem tirar o olhar de que essa mesma vertente explica os talentos transmitidos por um Érico Veríssimo a seu filho Luiz Fernando. Sim, porque genética não são “somente” as milhares de doenças que se escondem nos emaranhados genômicos dos Domingos da vida. Através deles é que eclodem uma Fernanda Torres, a beleza de uma Ticiane Pinheiro, mas também a deformidade da filha Rafaela. A boa notícia é que a ciência acena com a terapia gênica, arma em gestação que modificará para melhor o destino de milhões de sofredores.
A irreverência bebedourense não perdoava suas descrições mirabolantes dos campos de Itália. Era tido como um dos maiores mentirosos que a região já abrigara. Na realidade, o que a plebe ignara identificava como mentiras, não passavam de delírios. Nosso herói era um paranoide que se recusava a tratar-se. De quando em vez surtava, espancava a mulher e um filho que, por previsível determinismo biológico (a genética), herdara a esquizofrenia paterna. Sentia-se perseguido, achava que os vizinhos o escutavam, reforçava as paredes, punha cadeados fortíssimos no portão de ferro e assim passava dias recolhido. Discretamente, a mulher introduzia na comida remédios que o filho usava e a coisa amainava.
Formado nas baias do quartel, sargento Domingos tinha rasgos de cientista. Julgava-se um profundo conhecedor da psiquiatria. Odiava médicos, sobretudo os raros alienistas existentes. Disparava cartas e telegramas ameaçadores. Um louco asilar de compêndio. Ateu, descia o cacete em Gregor Mendel, o capuchinho que revolucionou a biologia.
Uma tragédia grega o aguardava. Depois de sobreviver às granadas nazistas, o filho desagregado enforcaria o pobre Domingos em plena sesta. Falo de genética - aquele ramo da biologia que procura explicar os porquês das azaradas semelhanças e diferenças entre pais e filhos, sem tirar o olhar de que essa mesma vertente explica os talentos transmitidos por um Érico Veríssimo a seu filho Luiz Fernando. Sim, porque genética não são “somente” as milhares de doenças que se escondem nos emaranhados genômicos dos Domingos da vida. Através deles é que eclodem uma Fernanda Torres, a beleza de uma Ticiane Pinheiro, mas também a deformidade da filha Rafaela. A boa notícia é que a ciência acena com a terapia gênica, arma em gestação que modificará para melhor o destino de milhões de sofredores.
MEDICINA EM ARAPIRACA: GLÓRIA E
FRUSTRAÇÃO
RONALD
MENDONÇA
MÉDICO E
MEMBRO DA AAL
No início
dos anos cinquenta do passado século um grupo de médicos materializou o sonho do
pediatra e escritor Abelardo Duarte: sob a liderança de Ib Gatto Falcão estava
fundada a Faculdade de Medicina de Alagoas. A instituição revolucionaria a
Província. Já não seriam necessários deslocamentos para outros estados. O mérito
passaria a ser o critério de ingresso para estudar medicina, condição, aliás,
que prevaleceria até há bem pouco tempo, quando a tez substituiu o desempenho
intelectual.
Numa época
em que não se falava em SUS, a Santa Casa de Maceió disponibilizou 400 leitos
para o ensino, “matéria prima” indispensável para o aprendizado da arte de
Hipócrates. Era um curso rigoroso que tinha a aprovação em Anatomia como
conditio sine qua non. Seguia-se, enfim, o padrão exigido por outras
escolas médicas do planeta, sobretudo as francesas.
Anos
depois, nascia a Escola de Ciências Médicas, diria (sob pressão), num impulso de
coragem e generosidade, mais uma vez tendo à frente Ib Gatto e o apoio do
governador Lamenha Filho. A ditadura militar apenas começava, mas o Cel. Jarbas
Passarinho ainda não havia proferido sua maldição:“Terei médicos a preço de
banana.”
Por estranho
desígnio, a ECMAL transformar-se-ia no “paraíso dos estrangeiros”. É que o
índice de aprovação dos autóctones beiraria o ridículo. Hoje, outros problemas a
sombreiam, o mais terrível é a ausência de um hospital-escola, cruel ferida
narcísica.
As
lembranças afloram ao ler sobre o aumento de vagas para os cursos de medicina.
Nada menos que 2415 criadas de uma só canetada. Nossa pulcra Alagoas foi
contemplada com 80, cerca de 3% do total. Para o MEC e a douta presidenta faltam
médicos no país, daí a dadivosa parição, ponto de vista, aliás, refutado pelo
Conselho Federal de Medicina. Segundo esse órgão, há médicos suficientes, o que
existe é má distribuição decorrente de ausência de políticas públicas que
estimulem a presença de profissionais nas áreas carentes. Em outras palavras,
paga-se mal e não se oferecem meios satisfatórios para uma medicina
razoável.
Água no
chope nas pretensões do CESMAC, todas as vagas serão na Ufal, 60 destinadas ao
Campus de Arapiraca. Como seu cidadão honorário, incluo-me entre os ufanistas.
A má notícia é a previsão do vazio de arapiraquenses na futura faculdade. Com o
ENEM (além das famigeradas cotas), as vagas que sobrarem serão ocupadas por
brasileiros de outras plagas.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
MARCO AURÉLIO E LUPERCA
MARCO AURÉLIO E LUPERCA
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Orientado pelo mestre Aloysio Galvão, arrastei-me em andanças pela “Roma dos Césares”. Profundo conhecedor da matéria, o emérito latinista “exige” do atrasado pupilo não só a formalidade das visitas, mas a iconografia atualizada.
Dentre tantas “lições de casa”, acerta no alvo ao recomendar a imperdível visita ao Capitólio (Campidoglio), espaço histórico no monte do mesmo nome, segundo os estudiosos, uma das sete colinas da bela cidade.
Guardadas as devidas proporções, a geografia de Roma lembra um pouco a de Bebedouro – no que tange aos morros. A diferença é que em vez de sete colinas, em Bebedouro há apenas duas: O Alto do Urubu e a Chã. Em vez do Tibre, temos por aqui o braço infecto da lagoa Mundaú...
Falo de rios e lagoas e recordo que na “Cidade Eterna” parece não haver preocupações com a anunciada crise da água doce do planeta. Com efeito, a cidade é repleta de fontes encanadas, potáveis, a escorrer filiformes, continuadamente. Foi um chute nas minhas tênues bandeiras ecológicas. Preocupado com a decantada iminente escassez, chateio meus netos para banhos rápidos.
Desconheço o impacto nas finanças do país, mas de qualquer forma, esse acesso gratuito, representa uma economia para moradores e turistas, abastecidos com água de boa qualidade. Os italianos também não decepcionam nos quesitos vinhos e massas. Imagino quando isso tudo se transformar num paraíso socialista. Quero poder aqui degustar “Chianti Rosso” da torneira da hospedaria.
Falava das lições de casa do mestre Galvão. Admirador de Marco 410 Aurélio (o Imperador-Filósofo), tido como o último dos grandes governantes, segui à risca o compromisso de uma foto sob uma das réplicas de sua estátua eqüestre, justamente a que domina majestosa o centro do Campidóglio. Estóico, escritor e com fama de generosidade com os derrotados, não é à toa a aura de estadista e guerreiro de Aurélio. Com a sua morte, em torno de 180 DC, a célebre Pax Romana escafedeu-se. O filho e herdeiro do trono, Comodo, fez jus ao nome...
Aliás, a história do Império Romano é um manancial de relatos deliciosos onde o mito se funde de tal sorte ao supostamente real, que os pobres mortais duvidam da clivagem. Com efeito, nessa mesma praça de forte influência católica, havia um templo dedicado a Júpiter.
Nos museus que hoje a delimitam uma polêmica escultura registra a imaginária cena da loba Luperca amamentando os gêmeos Rômulo e Remo, míticos fundadores da cidade.
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Orientado pelo mestre Aloysio Galvão, arrastei-me em andanças pela “Roma dos Césares”. Profundo conhecedor da matéria, o emérito latinista “exige” do atrasado pupilo não só a formalidade das visitas, mas a iconografia atualizada.
Dentre tantas “lições de casa”, acerta no alvo ao recomendar a imperdível visita ao Capitólio (Campidoglio), espaço histórico no monte do mesmo nome, segundo os estudiosos, uma das sete colinas da bela cidade.
Guardadas as devidas proporções, a geografia de Roma lembra um pouco a de Bebedouro – no que tange aos morros. A diferença é que em vez de sete colinas, em Bebedouro há apenas duas: O Alto do Urubu e a Chã. Em vez do Tibre, temos por aqui o braço infecto da lagoa Mundaú...
Falo de rios e lagoas e recordo que na “Cidade Eterna” parece não haver preocupações com a anunciada crise da água doce do planeta. Com efeito, a cidade é repleta de fontes encanadas, potáveis, a escorrer filiformes, continuadamente. Foi um chute nas minhas tênues bandeiras ecológicas. Preocupado com a decantada iminente escassez, chateio meus netos para banhos rápidos.
Desconheço o impacto nas finanças do país, mas de qualquer forma, esse acesso gratuito, representa uma economia para moradores e turistas, abastecidos com água de boa qualidade. Os italianos também não decepcionam nos quesitos vinhos e massas. Imagino quando isso tudo se transformar num paraíso socialista. Quero poder aqui degustar “Chianti Rosso” da torneira da hospedaria.
Falava das lições de casa do mestre Galvão. Admirador de Marco 410 Aurélio (o Imperador-Filósofo), tido como o último dos grandes governantes, segui à risca o compromisso de uma foto sob uma das réplicas de sua estátua eqüestre, justamente a que domina majestosa o centro do Campidóglio. Estóico, escritor e com fama de generosidade com os derrotados, não é à toa a aura de estadista e guerreiro de Aurélio. Com a sua morte, em torno de 180 DC, a célebre Pax Romana escafedeu-se. O filho e herdeiro do trono, Comodo, fez jus ao nome...
Aliás, a história do Império Romano é um manancial de relatos deliciosos onde o mito se funde de tal sorte ao supostamente real, que os pobres mortais duvidam da clivagem. Com efeito, nessa mesma praça de forte influência católica, havia um templo dedicado a Júpiter.
Nos museus que hoje a delimitam uma polêmica escultura registra a imaginária cena da loba Luperca amamentando os gêmeos Rômulo e Remo, míticos fundadores da cidade.
A OBSOLETA MENTIRA PIEDOSA
A OBSOLETA MENTIRA PIEDOSA
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Participo das críticas e ressalvas inseridas no contundente texto de d. Lysette Lyra. Aliás, recomendo que meus colegas médicos e o público em geral façam uma reflexão em torno do artigo A Nova Medicina, publicado esta semana na Gazeta.
De há muito, o abandono da população à própria sorte é um fato corriqueiro. O problema está banalizado. Resumo: a República fica em paz se os seus dirigentes são atendidos nos braços pelas equipes do Sírio Libanês (SP). Se Lula e Dilma estão felizes, para quê ficarmos chateados com a assistência médica do País?
A propósito, acabo de chegar de Arapiraca, depois de cumprir um plantão de 24 horas. A Unidade de Emergência do Agreste realiza um papel de grande importância na sua área de atuação. A bem da verdade, não é o pior lugar do mundo para se trabalhar. Na madrugada de sexta, fui chamado para operar um hematoma agudo em uma criança de seis anos.
O expedito atendimento esbarra no craniótomo que não se encaixa, nos compelindo a usar a medieval furadeira doméstica, uma ameaça à vigilância sanitária. Minhas queixas são do conhecimento geral: foco (luz) cirúrgico deficiente, revisão mais cuidadosa nos equipamentos de coagulação, substituição de peças envelhecidas. Para completar, pela responsabilidade do nosso trabalho, sigo achando que nosso salário é patético.
Como esposa, mãe e avó de grandes médicos, Lysette Lyra acompanhou a evolução da medicina nesses últimos decênios. De fato, foi uma coisa surpreendente até para nós médicos que estudamos diariamente e falamos “medicinês” 24 horas por dia. Repito o que disse outras vezes: a saúde da população não é tratada com dignidade: nem pelo PT e aliados, muito menos pelos governos anteriores.
Certamente d. Lysette recorda que nos estertores do regime militar, as oposições se uniram sob um grande cobertor chamado MDB, depois PMDB. Estados importantes passariam a ser comandados por oposicionistas que ofereceram a Saúde de mão beijada a pândegos sindicalistas. Essa brincadeira custou o desmonte da razoável estrutura hospitalar vigente. Em Alagoas, por exemplo, o nível de conhecimento era tal que se chegou a comprar uma jamanta fechada de supositório de glicerina. E haja ânus...
A crescente “frieza” do médico vem assustando. Imitamos o modelo americano do politicamente correto. Cresce o conceito de que o paciente tem que saber absolutamente tudo sobre seu mal. Até a mentira piedosa ficou obsoleta
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Participo das críticas e ressalvas inseridas no contundente texto de d. Lysette Lyra. Aliás, recomendo que meus colegas médicos e o público em geral façam uma reflexão em torno do artigo A Nova Medicina, publicado esta semana na Gazeta.
De há muito, o abandono da população à própria sorte é um fato corriqueiro. O problema está banalizado. Resumo: a República fica em paz se os seus dirigentes são atendidos nos braços pelas equipes do Sírio Libanês (SP). Se Lula e Dilma estão felizes, para quê ficarmos chateados com a assistência médica do País?
A propósito, acabo de chegar de Arapiraca, depois de cumprir um plantão de 24 horas. A Unidade de Emergência do Agreste realiza um papel de grande importância na sua área de atuação. A bem da verdade, não é o pior lugar do mundo para se trabalhar. Na madrugada de sexta, fui chamado para operar um hematoma agudo em uma criança de seis anos.
O expedito atendimento esbarra no craniótomo que não se encaixa, nos compelindo a usar a medieval furadeira doméstica, uma ameaça à vigilância sanitária. Minhas queixas são do conhecimento geral: foco (luz) cirúrgico deficiente, revisão mais cuidadosa nos equipamentos de coagulação, substituição de peças envelhecidas. Para completar, pela responsabilidade do nosso trabalho, sigo achando que nosso salário é patético.
Como esposa, mãe e avó de grandes médicos, Lysette Lyra acompanhou a evolução da medicina nesses últimos decênios. De fato, foi uma coisa surpreendente até para nós médicos que estudamos diariamente e falamos “medicinês” 24 horas por dia. Repito o que disse outras vezes: a saúde da população não é tratada com dignidade: nem pelo PT e aliados, muito menos pelos governos anteriores.
Certamente d. Lysette recorda que nos estertores do regime militar, as oposições se uniram sob um grande cobertor chamado MDB, depois PMDB. Estados importantes passariam a ser comandados por oposicionistas que ofereceram a Saúde de mão beijada a pândegos sindicalistas. Essa brincadeira custou o desmonte da razoável estrutura hospitalar vigente. Em Alagoas, por exemplo, o nível de conhecimento era tal que se chegou a comprar uma jamanta fechada de supositório de glicerina. E haja ânus...
A crescente “frieza” do médico vem assustando. Imitamos o modelo americano do politicamente correto. Cresce o conceito de que o paciente tem que saber absolutamente tudo sobre seu mal. Até a mentira piedosa ficou obsoleta
LUZES QUE APAGAM, VIDAS QUE SE VÃO
LUZES QUE APAGAM, VIDAS QUE SE VÃO
A morte brutal e inopinada do conhecido médico e professor universitário José Alfredo Vasco comoveu e indignou a comunidade alagoana, sentimentos aos quais me alio. Pelo que sei, não era um homem de finanças culminantes. Prova maior era a idade de sua bicicleta e móvel do crime: 20 anos. A expressa solidariedade cristalizada em inúmeras manifestações é fruto, pois, de suada conquista. Da moral, da sua simpatia, da proverbial serenidade, da ligação com a família e do convívio com os alunos.
Mas, era sobretudo sob as luzes fluorescentes de um consultório, na sagrada relação médico-paciente que o Zé Alfredo exercia o seu “poder”. Foram quatro décadas esculpindo imagem de humildade, competência e espírito humanitário, modelo que se impõe aos que hoje ensaiam os primeiros passos na instigante arte de Hipócrates. A Medicina alagoana perdeu um dos seus membros mais corretos.
Como tem sido lembrado, diariamente o país está sacudido por irrefreável violência. Nossa Alagoas, nesse quesito, tem se superado. Pessoas humildes, anônimas, como nos recordam os formadores de opinião, morrem aos borbotões e a individualista classe média ignora. As esquerdas, sempre equânimes e justas, talvez estejam a lamentar que a sociedade não se mobilize em Passeatas pela Paz quando morre um pobre diabo morador de rua, por exemplo.
O fato é que a morte de Zé Alfredo não surpreende. Numa visão simplista, a tríade: drogas, omissão governamental e legislação leniente seria o delta de crimes com essas características. Não custa focar nos grandes escândalos.
Não faz muito tempo, enquanto rolava ladeira abaixo o conceito de um Partido que “nem roubava nem deixava roubar”, o presidente dessa mesma agremiação vociferava que podia existir alguém com ética nesse país, mas nada se igualava à própria. Naquele momento, como se sabe, o noticiário fervilhava com informações sobre uma das maiores patifarias oficiais, cujo central situava-se a dois metros do gabinete presidencial. Era o famigerado Mensalão, até hoje inconcluso.
Muitas águas rolaram e muitos homens e mulheres se amaram, até chegarmos no atual Carlinhos Cachoeira e seu braço político, o horrendo “incorruptível” Demóstenes Torres, versão goiana de Danton.
Que se espera de uma população, quando o “mais ético” dos brasileiros ressurge, gordo, cavernoso e canceroso, depois de driblar Creonte no vale das sombras, tentando chantagear um ministro do STF, em prol de um veredicto capcioso
A morte brutal e inopinada do conhecido médico e professor universitário José Alfredo Vasco comoveu e indignou a comunidade alagoana, sentimentos aos quais me alio. Pelo que sei, não era um homem de finanças culminantes. Prova maior era a idade de sua bicicleta e móvel do crime: 20 anos. A expressa solidariedade cristalizada em inúmeras manifestações é fruto, pois, de suada conquista. Da moral, da sua simpatia, da proverbial serenidade, da ligação com a família e do convívio com os alunos.
Mas, era sobretudo sob as luzes fluorescentes de um consultório, na sagrada relação médico-paciente que o Zé Alfredo exercia o seu “poder”. Foram quatro décadas esculpindo imagem de humildade, competência e espírito humanitário, modelo que se impõe aos que hoje ensaiam os primeiros passos na instigante arte de Hipócrates. A Medicina alagoana perdeu um dos seus membros mais corretos.
Como tem sido lembrado, diariamente o país está sacudido por irrefreável violência. Nossa Alagoas, nesse quesito, tem se superado. Pessoas humildes, anônimas, como nos recordam os formadores de opinião, morrem aos borbotões e a individualista classe média ignora. As esquerdas, sempre equânimes e justas, talvez estejam a lamentar que a sociedade não se mobilize em Passeatas pela Paz quando morre um pobre diabo morador de rua, por exemplo.
O fato é que a morte de Zé Alfredo não surpreende. Numa visão simplista, a tríade: drogas, omissão governamental e legislação leniente seria o delta de crimes com essas características. Não custa focar nos grandes escândalos.
Não faz muito tempo, enquanto rolava ladeira abaixo o conceito de um Partido que “nem roubava nem deixava roubar”, o presidente dessa mesma agremiação vociferava que podia existir alguém com ética nesse país, mas nada se igualava à própria. Naquele momento, como se sabe, o noticiário fervilhava com informações sobre uma das maiores patifarias oficiais, cujo central situava-se a dois metros do gabinete presidencial. Era o famigerado Mensalão, até hoje inconcluso.
Muitas águas rolaram e muitos homens e mulheres se amaram, até chegarmos no atual Carlinhos Cachoeira e seu braço político, o horrendo “incorruptível” Demóstenes Torres, versão goiana de Danton.
Que se espera de uma população, quando o “mais ético” dos brasileiros ressurge, gordo, cavernoso e canceroso, depois de driblar Creonte no vale das sombras, tentando chantagear um ministro do STF, em prol de um veredicto capcioso
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