domingo, 20 de junho de 2010

A PARTE QUE RESTA

É natural que todos cantem hinos de louvores a si próprios. Na conheço governo ou instituição privada que se autoesculhambe, que deprecie seus produtos. Pode ser o maior engodo do mundo, a maior porcaria, mas os caras estão lá, anunciando maravilhas.
É mais ou menos o que está acontecendo neste período pré-eleitoral. Partidos e pessoas com posturas de homens de bem – poucos são de verdade - a se auto-elogiarem, a contar gogas, “farosos”, como dizem os mais jovens. O cara é o político mais ordinário do planeta, com um histórico mais sujo do que pau de galinheiro e, no entanto, aparece manso, voz pausada, didático, ar de Santa Terezinha, como a dizer: “estou mais uma vez aí, bando de babacas”.
Feridas que só fazem crescer, os problemas da saúde no País só se avolumam e se agravam. Ainda no governo de F. Henrique, o cirurgião Adib Jatene, na época ministro da Saúde, conseguiu emplacar um imposto provisório para dar um refrigério ao setor.
“Contribuição” provisória, o governo Lula esforçou-se, sem sucesso, para mantê-lo. Provando que, na oposição, sempre apostou no “quanto pior, melhor”, Lula foi contra sua criação. Aliás, ele também se opôs ao Plano Real, leito no qual, por ironia do destino, desliza a economia.
Pois bem, os governos, hoje e sempre, têm gasto fortunas para, em versos e prosas, encherem a bola de suas gestões. Exaltam-se obras reais e imaginárias (muitas delas amontoados de escombros abandonadas) nos horários nobres de rádios e TVs, massacrando mentes incautas com delírios lisérgicos dos publicitários.
São estradas de primeiro mundo, fábricas impecáveis, hospitais assépticos e diligentes, guardas que orientam, escolas maravilhosas, onde crianças estudam, brincam e se alimentam. Para fechar os filminhos, pessoas do povo prestam, de forma “espontânea”, comoventes depoimentos.
Numa dessas recentes peças de sonho, após o locutor fazer uma introdução laudatória ao Governo Federal, há a participação de “trabalhadores” e crianças, cada um com a sua fala: um está com a carteira assinada; o outro comprou a casa própria; o terceiro voltou a estudar; o quarto foi bem atendido num posto de saúde.
Nós outros, que não temos escola pública para os netos, vivendo em estado de insegurança, somos obrigados a pagar planos de saúde, sujeitos à dengue (que, pela incúria das autoridades sanitárias, voltou com todo gás), ficamos nos perguntando qual a nossa parte nesta propaganda: apenas pagar impostos?

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