sábado, 12 de junho de 2010

COPA, EM BUSCA DA EMOÇÃO PERDIDA



Na quinta-feira, a cerimônia de abertura da Copa do Mundo não teve, a meu ver, o brilho de outras. É possível que o julgamento seja precipitado, até por não ser um expert em aberturas ou fechamentos de Copas do Mundo. Cumprindo jornada de trabalho num hospital de emergência, talvez tenha perdido os melhores momentos que fizeram referência ao motivo da celebração: um torneio de futebol. O fato é que não senti qualquer entusiasmo especial, a não ser no final, com a apresentação de Shakira, a simpática cantora colombiana, interpretando a música-tema do evento. Os colegas de plantão também elogiaram a performance de Shakira e até se cogitou fazer uma vaquinha para vê-la cantar em Arapiraca.
Abertura de Copa não é mesmo a minha praia. Ainda sou daqueles que preferem sonolentos modelos tradicionais, com desfiles de delegações no estádio, grupos de dança, um pouco de folclore (só um pouco, que é para não enjoar), ginastas, música (por que não?), sujeitos engolindo fogo, outros se espetando em espadas, coreografias usando o público, enfim, o modelo mais tradicional e conservador, sempre girando em torno da bola. Ah! E discursos breves.
A grande verdade é que esta Copa não está empolgando. Lembro de décadas anteriores, certamente menos velho, participando com a família de grupos de torcida, acertando encontros nas casas dos amigos. Algumas derrotas ficariam retidas na memória. Numa dessas, no restaurante Bebaki, do engenheiro José Augusto. De tão desgostoso, seu proprietário fechou o próspero estabelecimento, desde então considerado inadequado para assistir a jogos do Brasil.
Desmotivado, ainda não consegui decorar os nomes dos jogadores do nosso escrete. Não sei, por exemplo, quem é o lateral esquerdo.
Seja quem for, concordo com o Dunga pela não convocação de Roberto Carlos, não obstante hoje batendo um bolão pelo Corinthians - sua imagem ajeitando a meia, enquanto a França encaçapava em nossas redes, permanece muito viva em nossas lembranças. Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Gorducho, Adriano CV e os infantes Neymar e Ganso, por motivos diversos não eram boas opções. O técnico fez bem em não chamá-los.
Machado de Assis, em famoso poema sobre o Natal, concluiria com o estrofe: “E, em vão lutando/ contra o metro adverso/ Só lhe saiu este pequeno verso: Mudaria o Natal ou mudei eu?” Carente da emoção para vivenciar o momento esportivo, tomo carona em MA e também me pergunto: mudou a Copa, ou mudei eu?

Nenhum comentário: