Na quadra que antecedeu a
vitória do “Bem sobre o Mal”, produzi alguns textos que não mereceram ser
publicados. Foi um rico período de produções de tendências variadas. Uma delas,
muito me impressionou. Bem concatenada, é da lavra de um engenheiro de minas,
antigo militante das esquerdas universitárias, do vulcânico diretório da UF de
Pernambuco.
Ex-eleitor confesso do “Bem”
(Lula e Dilma), meu amigo extravasa sua decepção com os rumos do país. A
análise técnica minuciosa da hecatombe que desabou na Petrobrás é uma peça que
deveria ser lida e relida por todos. Sobretudo por aqueles que ainda guardam um
pouco de patriotismo, além do umbigo melado de vermelho. Muito longe de ser um descrente
amargurado, sua dissecção anatômica cobriria de vergonha o mais cínico dos catecúmenos.
Não escondeu que não votaria nesses pândegos astuciosos.
O engenheiro reconhece os avanços
(quem os ignora?) sociais. De fato, tudo leva a crer-se que ninguém mais passa
fome nesse país. Salvo os que, voluntária e estoicamente, fazem regime para
emagrecer. Os ex-famélicos, securitários do bolsa família, segundo sua análise,
daí não passarão. Estacionarão nesse patamar de subsistentes. Falta-lhes a boa Educação,
alavanca que promove a verdadeira mudança de classe. Para completar, não há
empregos na área privada em quantidade suficiente que privilegiem os que
atingem maior saber. Por isso a corrida por cargos públicos.
Nesse sombrio cenário, áulicos psicodélicos enchem a boca “de baixas
taxas de desempregados”. O mais radical dos lulodilmistas sabe de quais
empregos as estatísticas estão referindo. A imprensa hegemônica, reacionária e
golpista, de forma até misericordiosa, tem tratado do tema. Não há como não confirmar
o abismo que os companheiros cavaram com os pés, não sem antes guardarem o “bem-bom” nas algibeiras.
Gostaria de ter escrito esses
comentários. Naturalmente que me faltaria a qualificação na área de Energia
para discorrer sobre matrizes energéticas, pré-sal e políticas criminosas no
valhacouto de despudorados em que se transformou nossa maior empresa.
Ao produzir textos semanalmente,
há quase duas décadas - nem sempre publicados- faço jus a compromisso de fio de bigode. Vejo-me
um Sísifo a diariamente empurrar uma pedra morro acima sem conseguir fixa-la.
Outras vezes, estaria mais para Prometeu: meu fígado carcomido pela impiedosa fúria
dos companheiros. O sacrifício deixou de valer a pena?
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