segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O MURO DE BERLIM E O ARCADISMO COMPORTAMENTAL

O MURO DE BERLIM E O ARCADISMO COMPORTAMENTAL
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
A derrubada do Muro de Berlim comemorou 25 anos. Foco os jovens de menos de 30 anos para dizer que essa bizarra fortaleza “impedia” a livre circulação de pessoas. Era exibido com orgulho pelos comunas como o símbolo da derrota do capitalismo. Proclamava-se que se não fosse o ‘Muro’, os moradores de Berlim Ocidental migrariam em revoadas, em busca de melhores condições...

Cínicos, diziam isso e nem um músculo da face fasciculava. Depois de sua queda, o discurso foi mudado. Passar-se-ia a difundir que ele (o Muro) fora um “equívoco” do socialismo/comunismo. Assim como Gulag e o Paredón... E assim caminha a humanidade.

Na realidade, a queda do Muro foi a epifania de um processo iniciado muitos anos antes – 1968 – com a ocupação de Praga por tanques russos. O próprio Nikita Krushev, malcriado premier russo, anteriormente e de forma irrefutável, já havia desmascarado Stalin e Lênin, responsabilizando-os pelo extermínio de 20 milhões de sovietes.

Veio a aventura polonesa bem sucedida do Solidariedade, de Walesa. A eleição de um polonês para a cadeira de S. Pedro foi uma das últimas pás de cal no regime comunista. Anticomunista convicto, João Paulo II sabia o que dizia. Quando Varsóvia foi invadida (sob o olhar benevolente de Stalin) e arrasada pelas tropas nazistas, o jovem Karol Wojtyla, das montanhas nevadas, infernizava os invasores. Depois, consagrado padre, ainda na Polônia, sofreria os horrores da perseguição comunista. Papa, Woytyla foi o coveiro das ditaduras.

Há anos em estado larvar no resto do mundo, eis que a América Latina assiste ao recrudescimento dos apelos comunistas. Acena-se com retorno poético ao arcadismo comportamental. De repente, a vida comunitária das tabas indígenas pode ser uma experiência emocional agradabilíssima. Ah! Deve mesmo ser uma delícia acordar com o gorjear dos pássaros e o cheiro de mata e de terra orvalhadas. Ao lado, espreguiçando-se languidamente, uma linda ameríndia de lábios de mel.

Com guerra declarada ao consumismo, outros valores precisam ser repassados. O comunista autêntico, por exemplo, é desprovido de ciúmes, detestável sentimento pequeno burguês. Nesse aspecto, “Iracema”, se assim o queira, pode ser compartilhada. Nada a impede de caminhar despida... Usar os rios como depósito de dejetos ... Ver o magnífico ocaso, no seu recorrente multicolorido esplendor... O mais legal de tudo: ninguém precisará pensar. O Partido fará isso.

O FIM (2)


O FIM (2)

Ronald Mendonça

Dei-me 20 anos de prazo. Afinal, trabalhar até os 88 anos não está táo ruim. O nosso Duílio Marsiglia está com 90 e vai ao Serviço diariamente.. Mas ele é uma exceção. O Adib Jatene que faleceu há dois dias trabalhou ativamente com mais de 80 anos.

 De fato, um médico que se aposenta, um professor que deixa de ensinar em pleno vigor são perdas inestimáveis. Para a comunidade e para o próprio. Mutatis mutandis, seria como jogar alimentos e remédios, em bom estado, no lixo. Imaginem o que um neurocirurgião de um certo nível vai fazer com a Escala de Coma de Glasgow, a Cascata Excitotóxica, as leis de Sherrington os Princípios de Pascal, o Estudo dos Fluidos, o Teorema de Pitágoras... Ninguém esquece os conhecimentos científicos do dia para a noite. A falta de sensibilidade de algumas pessoas em não aproveitá-las...

 Vou dar dois exemplos: . Estou aposentado da Ufal. Durante mais de 30 anos dei aulas para duas turmas. Houve um momento em que as turmas eram subdivididas e as mesmas aulas eram repetidas três vezes por semestre. Durante 10 anos acumulei as mesmas obrigações na ECMAL. Resumindo: o conhecimento organizado das principais patologias do SN estão praticamente intactos. Não digo que não são aproveitados porque continuo clinicando e operando.

 No Ministério da Saúde completei o meu tempo. Há um estímulo de 800 reais para continuar. De vez em quando digo a alguém, incrédulo, que o meu salário no MS é de 800 pilas. Sim, tenho algumas regalias, mas, ainda assim, atendo cerca de 160 pacientes por mês. Tenho uma paciência imensa com meus pacientes, virtude que talvez tenha me faltado quando era mais jovem.

Já que estamos em conversa quase íntima, Digo a vcs. Convenci-me de que o meu tempo está acabando como médico. Náo tenho mais tempo de corrigir, embora humanas, eventuais falhas. Por isso sou mais rigoroso comigo mesmo, na execução das tarefas. As cirurgias são mais minuciosas, as consultas mais prolongadas... No restante da vida continuei quase o mesmo. Apesar de incomensuravelmente mais triste e mais decepcionado

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

SÍSIFO E PROMETEU NO INFAME VALHACOUTO



Na quadra que antecedeu a vitória do “Bem sobre o Mal”, produzi alguns textos que não mereceram ser publicados. Foi um rico período de produções de tendências variadas. Uma delas, muito me impressionou. Bem concatenada, é da lavra de um engenheiro de minas, antigo militante das esquerdas universitárias, do vulcânico diretório da UF de Pernambuco.
Ex-eleitor confesso do “Bem” (Lula e Dilma), meu amigo extravasa sua decepção com os rumos do país. A análise técnica minuciosa da hecatombe que desabou na Petrobrás é uma peça que deveria ser lida e relida por todos. Sobretudo por aqueles que ainda guardam um pouco de patriotismo, além do umbigo melado de vermelho. Muito longe de ser um descrente amargurado, sua dissecção anatômica cobriria de vergonha o mais cínico dos catecúmenos. Não escondeu que não votaria nesses pândegos astuciosos.
O engenheiro reconhece os avanços (quem os ignora?) sociais. De fato, tudo leva a crer-se que ninguém mais passa fome nesse país. Salvo os que, voluntária e estoicamente, fazem regime para emagrecer. Os ex-famélicos, securitários do bolsa família, segundo sua análise, daí não passarão. Estacionarão nesse patamar de subsistentes. Falta-lhes a boa Educação, alavanca que promove a verdadeira mudança de classe. Para completar, não há empregos na área privada em quantidade suficiente que privilegiem os que atingem maior saber. Por isso a corrida por cargos públicos.
Nesse sombrio cenário,  áulicos psicodélicos enchem a boca “de baixas taxas de desempregados”. O mais radical dos lulodilmistas sabe de quais empregos as estatísticas estão referindo. A imprensa hegemônica, reacionária e golpista, de forma até misericordiosa, tem tratado do tema. Não há como não confirmar o abismo que os companheiros cavaram com os pés, não sem antes  guardarem o “bem-bom” nas algibeiras.
Gostaria de ter escrito esses comentários. Naturalmente que me faltaria a qualificação na área de Energia para discorrer sobre matrizes energéticas, pré-sal e políticas criminosas no valhacouto de despudorados em que se transformou nossa maior empresa.
Ao produzir textos semanalmente, há quase duas décadas - nem sempre  publicados-  faço jus a compromisso de fio de bigode. Vejo-me um Sísifo a diariamente empurrar uma pedra morro acima sem conseguir fixa-la. Outras vezes, estaria mais para Prometeu: meu fígado carcomido pela impiedosa fúria dos companheiros. O sacrifício deixou de valer a pena?

domingo, 2 de novembro de 2014

O CAVALEIRO DA CONVENIÊNCIA



Depois de restrições ao meu crédito,  não sei se sou mais ou menos infeliz por não ter partido político para bajular. Com certeza, sou menos patrulhado do que muitos dos meus amigos que “amarelam” na hora de expor seus pontos de vista. Impiedosos e sarcásticos com os adversários, viram cordeirinhos na hora de  criticar publicamente os da sua “ideologia”, ainda que o sujeito cometa as mais vis baixarias.
A propósito, nessa quinta-feira assisti a uma espécie de documentário  sobre Luis Carlos Prestes, o “Cavaleiro da Esperança”. Dois filhos e mais algumas pessoas fizeram a apologia do líder comunista. Discretas críticas sobre estratégias equivocadas do líder, mas tudo muito leve. Segue-se à risca aquela velha cartilha de não abrir a guarda para não dar combustível à hipócrita e decadente burguesia.
Não há como negar. Prestes colocou seu Partido, o extinto PCB, e a União Soviética acima de todos os seus interesses pessoais. Foi um abnegado. Acho que era pessoalmente corajoso. Se era ou não homossexual, conforme insinuavam seus inimigos, essa condição parece nunca ter interferido nas suas atitudes. Teve filhos. Nunca houve muitas dúvidas acerca da paternidade da filha de Olga Benário, a terrorista alemã que foi extraditada de forma arbitrária pela ditadura Vargas.
Em pelo menos duas oportunidades o “Cavaleiro da Esperança” pisaria na bola. Numa delas, praticaria lamentável  beija-mão a Getúlio Vargas, em histórico comício em São Paulo. Além de implacável caçador de comunistas, a extradição de Olga, pejada companheira, na minha visão de pequeno burguês, não recomendava qualquer aproximação. Mas, o cara tinha estômago de avestruz. Enfim, eles se mereciam.
A subserviência a Stalin era comovente. Entre exílios voluntários e forçados, Prestes viveria extensos períodos na União Soviética. Há quem garanta que era um engenheiro de excelsas habilidades.  Sem dúvidas, recebeu treinamento em guerrilhas e outros que tais. Foi num desses exercícios que teria conhecido a futura companheira, responsável pela perda da virgindade do nosso herói, quando beirava os 40 anos.
Como dizia, Stalin, nos anos 50 do século passado, num Congresso do PC, foi formalmente responsabilizado pelo extermínio de pelo menos 20 milhões de almas. O autor das revelações foi ninguém menos que Nikita Krushev, o premier russo que ocupou o lugar do bigodudo ex-aliado de Hitler.
É difícil imaginar que o “Cavaleiro” desconhecesse essa barbárie.

CUBA É AQUI



CUBA É AQUI
RONALD MENDONÇA
MÉDICO. MEMBRO DA AAL
Nesta semana, a Clínica de Repouso Dr. José Lopes de Mendonça completou cinquenta e quatro anos de existência. Meu pai, o fundador que lhe deu o nome, desde cedo envolveu a família no seu projeto de transformar seu hospital numa referência do ramo. Quando foi inaugurada, em 1960, existia o Portugal Ramalho e a Miguel Couto.
Inóspito, o Portugal Ramalho, do estado, lutava com grandes dificuldades que o próprio “doutor Zélopes”, como era conhecido pelo povão, sabia ex-cathedra. O outro frenocômio, Miguel Couto, era praticamente o único. Meu pai o conhecia muito bem, posto ter sido seu funcionário durante 12 anos. Recusou arrendá-lo. Preferiu começar do zero, arriscando seu patrimônio pessoal.
Em momento algum o poder público mostrou-se solidário e chegou junto com alguma ajuda. Na verdade, torcia-se até que o projeto não desse certo. O velho era obstinado. Em dois anos e sem convênios, sua clínica estava com a capacidade máxima: quarenta pacientes. A nova e definitiva sede se encaixaria como uma luva nos sonhos de crescimento.
 A “Zé Lopes” passaria a ser referência e até sinônimo de hospital psiquiátrico. Essa fama e um relativo sucesso financeiro despertariam (por que não dizer?) imenso grau de inveja destrutiva. Avesso a badalações, extremamente dedicado e morando no próprio hospital, era mesmo difícil competir com ele.
A Clínica Zé Lopes “bombou”. Chegou a ter quatrocentos pacientes. Até 1974 – coincidindo com o “milagre brasileiro” do Delfim Neto, os hospitais particulares multiplicaram-se. O exemplo corajoso do velho Zé Lopes seria imitado. Clínicas de especialidades diversas seriam criadas na cidade e no interior e até um novo hospital psiquiátrico...
A “luta antimanicomial” chegaria em Alagoas na boca dos que detestavam os donos de hospitais psiquiátricos. O eletrochoque passaria a ser satanizado. Maldosamente, esqueciam-se os casos de remissão dos surtos, dos pacientes que retornavam ao trabalho e aos lares.
Eviscerava-se impiedosamente. Os pacientes mais regredidos eram expostos nos noticiários. Babacas que  conheciam pirocas de doença mental viraram estrelas. Entrevistas idiotas ganhavam repercussão. A contra-psiquiatria caeté tinha, enfim, sua “grã-fina de narinas de cadáver”. A balofa burra e presunçosa dava entrevistas e perguntava: “cadê o doido”?
O paradoxo: com uma diária abjeta de R$ 30,00 reais quer-se diminuir o número de leitos, para reduzir despesas e conseguir uma diária menos acachapante. O poder público, que vive sacaneando, “nega-se” a aceitar. Estamos em Cuba.   

O AZUL É A COR MAIS QUENTE


(Texto censurado pela editoria da Gazeta de Alagoas - sem qualquer explicação).


O TSE, sob a presidência do honrado ministro Dias Toffoli, um dos mais competentes juízes da Suprema Corte (além de uma imparcialidade de fazer inveja à deusa da Justiça), decidiu criar regras para esse segundo turno.
Ainda que carregue no seu esquálido currículo vários anos de advocacia em prol do não menos honrado Partido dos Trabalhadores (e uma reprovação em concurso público para juiz), Sua Excelência teve o cuidado de tentar proteger a vida privada dos candidatos, poupando-os de  insultos pessoais, muitas vezes caluniosos.
As opções sexuais, por exemplo, têm sido, segundo consta, uma das maiores preocupações do jovem e honrado ministro. Não há de se crer que ele tenha tentado esconder alguém dentro de armários. Penso haver até um certo exagero na postura ministerial. É que evoluímos tanto com o bolsa família que o País parece estar suficientemente maduro para aceitar, sem problemas, que o candidato de sua escolha tenha preferências por pessoas do mesmo gênero.
A propósito de opções sexuais, o Festival de Cinema de Cannes, em 2013, premiou o polêmico O azul é a cor mais quente, que aborda justamente esse tema. Ignoro o porquê desse filme não ter tido grande repercussão no Brasil, sobretudo em Alagoas. A sala de cinema que o Sesi mantém o exibiu algumas vezes, ainda assim não “decolou”.
O enredo foca o relacionamento de uma jovem de 15 anos, Adéle, com Emma, uma universitária com madeixas azuladas, estudante de Belas Artes. Mesmo na evoluída Paris, a ginasiana sofreria discriminação grosseira no próprio ambiente escolar. Ao mesmo tempo em que tórridas cenas são expostas em detalhes (e bote tórridas nisso), há uma preocupação de mostrar as diferenças sociais e os anseios da sociedade.
As atrizes, muito bonitas, por sinal, entregam-se completamente. Em pelo menos três oportunidades, a intensidade das trocas amorosas tirariam o fôlego até de Santo Agostinho. Segundo as atrizes, as pessoas dão muito importância a essas vulcânicas cenas (impossível ignorá-las) e deixam de analisar outros aspectos, muitas vezes mais profundos e instigantes.
Não sei exatamente qual a “moral” que o filme encerra. Aliás, dispenso-me esmiuçar se obras de arte, produções literárias e outras expressões da inteligência têm, necessariamente (como as fábulas), de transmitir algo moralista. Ao contar uma boa história, o filme cumpriu maravilhosamente o seu papel.

CARTA A THOMÁZ BELTRÃO



Caro Thomáz Beltrão

Desculpe comentar um pouco atrasado. Vi sua postagem, pensei em comentar, mas outros compromissos me detiveram. Admiro sua luta. Mas nessa questão vc está equivocado.  Vc é muito jovem, talvez não lembre. Mas o Nordeste era o principal ponto de apoio da ditadura militar. A bancada que dava sustentação ao governo (uma capa de democracia) era quase toda daqui. Enquanto estados do sudeste davam as costas aos milicos, elegiam pessoas contrárias à ditadura, nosso sofrido Nordeste ajoelhava-se, ficava de cócoras.
 Vc deve saber bem as razões que faziam o Nordeste de ontem lamber as botas da milicada e hoje fazer esse oba-oba aos candidatos do Pt & Cia. A mesma revolta que os "progressistas" da época nos devotavam, hoje repete-se do lado oposto. E da pobreza nunca saímos, caro Thomaz Beltrão. Não interessa a ninguém nosso desenvolvimento, companheiro. Ontem eram as pipas hoje é o bolsa família.
Lula, seu guru, num rasgo de intuição, certa vez nomeou o Bolsa escola (criação do FHC)  como o espelhinho do colonizador. Ele era oposição. Quando assumiu, alguém lhe cochichou:”bote mais espelhinhos que a gente nunca mais perde eleição”. 
Infelizmente o País está pipocando, à deriva. A reeleição da Dilma não está garantida. Os companheiros, com as exceções de praxe (você é uma delas) estão dilapidando, saqueando impiedosamente o País. Sobram migalhas para o Nordeste continuar submisso e acocorado. Renovo minha admiração. Minhas recomendações à Mônica e ao meu colega médico, seu filho. Tenho notícias de que é um grande médico. O saudoso e honrado João Beltrão deve estar feliz. Um abraço

CARTA A ÊNIO LINS



Meu querido Enio Lins,

 Estimadíssimo amigo, quero compreender sua posição. É coerente. Não surpreende, posto que suas braçadas sempre foram river gauche. Agora, amigo, quer parecer que certos argumentos não fazem jus a sua brilhante inteligência.
Quem de bom senso acredita que Aécio Neves seja traficante de cocaína? Que ele seria cocainômano? Nossa historia recente, a nação, também assistiu estarrecida que figurões da República tiveram na sua juventude abusado do pó.

A propósito, lembro da sua revolta quando disseram na TV que o Lula havia proposto, no verdor da imaturidade, aborto a uma namoradinha inadvertidamente gravida. A filha, Lurian, apareceu e confirmou tudo… Vc e eu consideramos essa acusação abominável.  E não era mentira! Aquilo não modificou em nada o conceito que eu tinha acerca do  Lula. Continuou raso, como sempre.
Alguém de bom senso crê que o Aécio Neves seja viciado em cocaína? Pelos anos que falam isso, ele estaria com o cérebro tão deteriorado que seria incapaz de juntar sujeito e predicado.
Seria ele um ladravaz e continuar sendo eleito? É possível. Eleições acabaram de ocorrer e o povo continuou elegendo escórias para representa-los. Vc sabe melhor de que qualquer um. Vitorioso em várias eleições, Aécio Neves não parece ser pior do que a trupe da sua concorrente.
Confrontam-se, em algum lugar das discussões, idéias esquerdistas e direitistas. (Capitalismo X Comunismo). Apesar das "crises cíclicas" o capitalismo sobrevive com um nível de vida jamais comparável ao melhores dias da Rússia stalinista. Sem crises cíclicas, o regime sonhado por tantos homens de boa vontade, como vc e alguns outros, desabou de podre. 

Digo isso, mas não estou cego aos lucros que os bancos tiveram sob Lula e Dilma. Com essa última, as condiçoes herdadas de FHC e mantidas pelo neoliberal H. Meirelles , Dilma, com Mantega, não conseguiu sustentar. Só os bancos continuaram lucrando poços de dinheiro.
Vamos supor que Aécio tinha o poder de engavetar denúncias. Doze anos de governo, com a maioria no STF, é estranho que o PT et alii não tenham reaberto (ou desengavetado) um sequer.
Privatizar é tão ruim assim? O PT, cuja diretoria está na cadeia por roubalheira, privatizou aeroportos e estradas. Fala-se em privatizar hospitais universitários. Teriam sido PSDB e PT os primeiros a corromper? É uma ingenuidade assim pensar.
  Na Casa Civil, Dilma (que substituiu ZEDIRCEU, sub chefe da quadrilha de mensaleiros) mantinha uma certa Erenice, da sua relação intima, que traficava influência descaradamente. Sob suas fuças, fazendo vistas grossas, a futura presidente ou era conivente ou incompetente.
A Petrobrás é um poço sem fim de denúncias de corrução. Dilma avalizou compras desastrosas.  Seriam ordens emanadas da presidência aquelas para prender os suspeitos? A quem Dilma quer convencer ao alardear  que a Polícia Federal é do seu governo? Sussurra-se na PF de que ela não interfere, às vezes até "aplaude" quando a PF bota as mãos em algum amiguinho seu. Mas a represália vem a seguir com cortes de verbas para equipamentos e outros que tais.
Sei que não é o Lula o candidato, mas sua influencia é tão grande que não custa lembrar o gênio da lâmpada que ele tinha em casa. Atendia por Lulinha e era simpático cuidador de animais selvagens. Literalmente viva na m.. Rapidamente, após o pai ser presidente, vende uma empresa de fundo de quintal por milhões (cinco, dez milhões?).
Apesar do escandaloso mensalão, Dilma foi posta na presidência. Por ela própria não seria eleita inspetora de quarteirão. Os motivos são prosaicos, sobressaem-se uma incomensurável antipatia pessoal que a fazem uma das líderes menos amada por seu povo. Ouço dizer que é mal humorada, grossa e pornográfica. Seu linguajar seria chulo como de um torneiro debochado.
Não se pode dizer que a direita não suporta ter um operário no poder. Agora, são dois universitários oriundos da classe média. Vc sabe que Dilma, para engrossar o currículo, mentiu descaradamente dizendo ter mestrado e doutorado?  Caraterzinho complicado da nossa amiga, hein?
O fato é que chegou a hora de mudar. Nas democracias, que alguns de nós defendemos, a alternância do poder é salutar. Caso contrário, vira ditadura. Veja São Paulo, o PSDB está há tanto tempo no poder que problemas crônicos se tornam insolúveis. Infelizmente o "poste Hadadad"está desastroso...
Apesar de todos os defeitos morais de Dilma, de sua incompetência no gerenciamento da Petrobrás e do País, da corrupção dando no meio da canela, ela não teria a menor dificuldade em se reeleger se a Economia estivesse razoável. Basta lembrar que a detestável ditadura militar só passaria a ser contestada pelo povão quando a Economia começou a pipocar.
Enfim( e esse é o maior trunfo) apesar de toda essa bandalheira, que ninguém menospreze a força que o Bolsa Família tem.
Um abraço do incondicional admirador. Ronald