Un cierto Capitán Lima
Ronald Mendonça
Médico e membro da AAL
Fora eu terrorista, espalharia aos ventos um texto
atribuído a Alexandre Garcia, um dos âncoras da Rede Globo. Não tive boa
impressão do comunicador. Ainda nos tempos da ditadura, tempos do general Figueiredo, AG publicou um texto na finada
Manchete que era uma lamentável “ puxação” de saco da primeira dama. Ao longo
dos anos, acho que ele se redimiu, credenciou-se como idôneo.
O fato é que, nos últimos dias,
circula na internet o assustador “Por onde andas Izabel?” Naturalmente, a “Izabel” é a princesinha que
assinou a Lei Áurea, em 1888, pá de cal na escravidão negra no Brasil. Por
tabela, segundo alguns historiadores, o atestado de óbito da monarquia
brasileira.
“Por onde andas Izabel” são
comentários sobre a importação de médicos cubanos pelo governo brasileiro. O
autor evita exprimir juízo sobre a qualidade profissional. Também passa ao
largo do estupro das leis que regem o exercício da medicina. Na verdade, o
texto mira numa questão que nossos esquerdistas, tão ciosos na observância dos
direitos trabalhistas, cegaram. Digamos que são vítimas de uma coletiva alucinação
negativa.
Sorridentes, com cara de quem
vendem saúde, os felizes médicos cubanos aqui apearam sem lenços, sem documentos,
em pleno sol de setembro. Não têm passaportes. Não pagarão impostos. Não
receberão dinheiro diretamente do “patrão”( governo brasileiro), não têm CPF, RG... Impedidos de circular
livremente, são comparados, guardadas as proporções, a escravos (voluntários?).
A vida é cruel: namorar só daquela forma adolescente -talvez como gratidão -
mirando o penteado novo de madame Dilma. Com as famílias reféns na temida ilha,
sem planos B, apenas um quarto do salário lhes chegará aos bolsos. E por aí vai
o texto de Garcia. A cumplicidade brasileira é caso para Ministério Público.
Escrevi demais sobre um tema que
não me toca diretamente. É que os velhos têm pressa. Seu balaio de frutas está
quase no fim. As restantes devem ser minuciosamente degustadas. Por isso,
propus ao temporão escritor Carlito Lima nos encontrarmos mais. Mesmo com ele ocupado
em lançar, na Bienal, Confesiones de um
Capitán Brasileño, versão hispânica que bombou em Portugal e em Frankfurt.
De olho no Quixote do terceiro
milênio, a Bienal, uníssona, pergunta: Que seriam dos domingos alagoanos (e do
mundo) sem as saborosas crônicas de CL? E o que seria da cultura alagoana sem o
otimismo da FLIMAR?
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