sábado, 22 de dezembro de 2012

A LOUCURA NO BANCO DOS RÉUS

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA


A LOUCURA NO BANCO DOS RÉUS

RONALD MENDONÇA


MÉDICO E MEMBRO DA AAL

Luiza Nagib Eluf é a autora de A Paixão no Banco dos Réus, opúsculo que oscila entre o
Jornalismo investigativo e o Direito. Ali são relatados os mais rumorosos casos de (loucos)
crimes passionais do país, desde a época do império até os dias atuais. O mais antigo a merecer a atenção da autora foi o delito praticado por Pontes Visgueiro, um sexagenário alagoano, magistrado, residente no Maranhão. Um crime bárbaro contra uma adolescente que enloqueceu Visgueiro.

São impressionantes os detalhes que culminariam com o assassinato da cultuada professora
Margot Proença, a mãe de Maitê Proença, crime cometido pelo marido, um ensandecido
promotor de Justiça, que, aliás, anos depois se suicidaria.

O livro também vai fundo na atribulada vida de Ana, esposa de Euclides da Cunha, cujo
amante, Dilermando, depois marido, mataria não só o iracundo autor de Os Sertões, como
também o filho deste (e de Ana). O curioso é que, em ambas ocasiões, os crimes teriam sido
praticados em legítima defesa.
 
Dentre tantos outros relatos, especialmente comovente foi o caso do advogado Galvão Bueno. Atingido por um tiro disparado pela esposa, Bueno chegaria vivo ao hospital. O depoimento do médico que o atendeu seria fundamental para a absolvição da assassina. Consta que o ferido, um renomado criminalista, em agonia, teria dito ao cirurgião: "Doutor, por favor me salve; preciso defender minha mulher."

Embora não conste ainda do texto da Dra. Nagib, acho que em breve ela acrescentará as
tragédias protagonizadas por duas mulheres: Elisa, a ex-prostituta que esquartejou o marido
japonês e Carla Cepollina, temperamental advogada que teria compartilhado dos últimos
momentos de vida do polêmico coronel Ubiratan.

Antes de desejar Boas Festas, um último comentário sobre mortes violentas, em massa. Se os
móveis nos crimes passionais são o ciúme, a traição (real ou imaginária), a "perda da posse",
em chacinas, como as recorrentes dos Estados Unidos, a loucura ou uma pseudomotivação
política são destaques. Loucos desarmados jogam pedras, picham paredes, escrevem cartas, discursam em vias públicas... Loucos armados fazem o quê?

Loucura mata. No Brasil, tivemos dois casos emblemáticos, superponíveis aos dos  americanos.
Um deles, em S. Paulo, num cinema. O outro, numa escola do Rio de Janeiro. Em ambos ficou
comprovada doença mental grave. Tidos como frios assassinos,  Hitler, Mao e Stalin estariam enquadrados em outra fatia nosológica. De qualquer forma, um tratamento psiquiátrico, com internamento compulsório dessa turma, poderia ter salvo a vida de milhões de inocentes.

Nenhum comentário: