segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A PITONISA DE NARIZ VERMELHO

A PITONISA DO NARIZ VERMELHO
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
O manco sargento Eusébio era uma figura polêmica do bairro da minha infância. Dizia-se ex-combatente, herói de guerra que havia arriscado a vida em campos da Itália. Orgulhava-se de ter sido aluno de tiro ao alvo de Lampião. Para muitos, não passava de um enganador.

No olhar do menino que fui, Eusébio era fantástico. Lembro daquele único e definitivo tiro de fuzil que atravessou os corpos de mais de 15 inimigos! Bala salvadora. Graças a ela, escapou da morte iminente, ganhou a medalha de herói e a promoção, além da aposentadoria.

Nessa época do ano, Eusébio fazia previsões. Foi certeiro ao anunciar a morte de padre Belarmino, o octogenário pároco. É mero detalhe o fato de o religioso estar em coma há vários meses. Anteviu que o meu irmão quebraria um braço e até a derrota do Brasil na Copa de 1954.

Nasceu daí o hábito de, anualmente, checar o que nos reservam os astros, os búzios, as cartas e o misterioso pregueamento palmar, armas semiológicas de perquirição do porvir.

Entre cobras criadas, nossa sensitiva presidente tem se revelado uma inspirada pitonisa. Contrariando os fatos, a doce “rena do nariz vermelho” está impagável. Com efeito, suas otimistas previsões de um robusto crescimento da economia, de rígido controle nas “interrupções” de energia, dentre outros eufemismos e delírios, têm nos enchido de esperanças. Apesar do Mantega.

No ano de Ogum e Iemanjá, tudo converge para uma grande reviravolta. Nos EUA, finalmente, Castro & Cia. assumirão o poder e farão ministro ninguém menos que Luiz I. da Silva. Com o capitalismo de cócoras, Valério será o presidente do Banco Central americano. Serão auxiliares, Cachoeira, Demóstenes, Maluf, Genoino e Delúbio. Pairam atrozes dúvidas sobre a primeira dama: se Rose, Erenice Guerra ou Marta Suplicy.
 
 O guerrilheiro Dirceu está sendo cotado para chefiar a CIA ou o FBI. Já garantidos como presidente e vice da Suprema Corte americana os probos juristas Lewandovski e Toffoli. O narcotráfico será pulverizado por Marcola, Evo Morales e Hugo Chávez.

A americanalhada não pode reclamar. A parte espiritual estará bombando com os bispos Lugo, do Paraguai e Edir Macedo. Monsenhor Luiz Marques, Frei Betto e Leonardo Boff darão o suporte doutrinário. As melhores previsões: 1) Celso Daniel suicidou-se; 2) Nunca houve mensalão. 3) O PT voltará a ser o partido da ética que não rouba, nem deixa roubar.

Próspero Ano Novo!

sábado, 22 de dezembro de 2012

A LOUCURA NO BANCO DOS RÉUS

UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA


A LOUCURA NO BANCO DOS RÉUS

RONALD MENDONÇA


MÉDICO E MEMBRO DA AAL

Luiza Nagib Eluf é a autora de A Paixão no Banco dos Réus, opúsculo que oscila entre o
Jornalismo investigativo e o Direito. Ali são relatados os mais rumorosos casos de (loucos)
crimes passionais do país, desde a época do império até os dias atuais. O mais antigo a merecer a atenção da autora foi o delito praticado por Pontes Visgueiro, um sexagenário alagoano, magistrado, residente no Maranhão. Um crime bárbaro contra uma adolescente que enloqueceu Visgueiro.

São impressionantes os detalhes que culminariam com o assassinato da cultuada professora
Margot Proença, a mãe de Maitê Proença, crime cometido pelo marido, um ensandecido
promotor de Justiça, que, aliás, anos depois se suicidaria.

O livro também vai fundo na atribulada vida de Ana, esposa de Euclides da Cunha, cujo
amante, Dilermando, depois marido, mataria não só o iracundo autor de Os Sertões, como
também o filho deste (e de Ana). O curioso é que, em ambas ocasiões, os crimes teriam sido
praticados em legítima defesa.
 
Dentre tantos outros relatos, especialmente comovente foi o caso do advogado Galvão Bueno. Atingido por um tiro disparado pela esposa, Bueno chegaria vivo ao hospital. O depoimento do médico que o atendeu seria fundamental para a absolvição da assassina. Consta que o ferido, um renomado criminalista, em agonia, teria dito ao cirurgião: "Doutor, por favor me salve; preciso defender minha mulher."

Embora não conste ainda do texto da Dra. Nagib, acho que em breve ela acrescentará as
tragédias protagonizadas por duas mulheres: Elisa, a ex-prostituta que esquartejou o marido
japonês e Carla Cepollina, temperamental advogada que teria compartilhado dos últimos
momentos de vida do polêmico coronel Ubiratan.

Antes de desejar Boas Festas, um último comentário sobre mortes violentas, em massa. Se os
móveis nos crimes passionais são o ciúme, a traição (real ou imaginária), a "perda da posse",
em chacinas, como as recorrentes dos Estados Unidos, a loucura ou uma pseudomotivação
política são destaques. Loucos desarmados jogam pedras, picham paredes, escrevem cartas, discursam em vias públicas... Loucos armados fazem o quê?

Loucura mata. No Brasil, tivemos dois casos emblemáticos, superponíveis aos dos  americanos.
Um deles, em S. Paulo, num cinema. O outro, numa escola do Rio de Janeiro. Em ambos ficou
comprovada doença mental grave. Tidos como frios assassinos,  Hitler, Mao e Stalin estariam enquadrados em outra fatia nosológica. De qualquer forma, um tratamento psiquiátrico, com internamento compulsório dessa turma, poderia ter salvo a vida de milhões de inocentes.

domingo, 16 de dezembro de 2012

corinthians campeao

sábado, 15 de dezembro de 2012

A APOSTA E O ABACAXI

 


A APOSTA E O ABACAXI
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Já era idoso quando o conheci. Morava na antiga Rua Nova, no Centro de Maceió um distinto senhor chamado Pedro Wanderley. Éramos unidos por laços familiares. Viagem desnecessária nos dias atuais, seu Pedro foi operado de catarata no Rio de Janeiro.

Um oftalmologista alagoano, amigo de infância do paciente, havia se esmerado, produzindo o que de melhor poderia ser feito naqueles distantes anos 1950 da passada centúria. Durante anos, Wanderley enfrentaria estoicamente as trevas da cegueira. Não obstante, era visto atravessando ruas em meio a um trânsito adverso e mesquinho.

O boom de excelência que hoje irisa a oftalmologia alagoana tem um sólido alicerce. Com efeito, o histórico da especialidade registra médicos de nomeada, tais como Neves Pinto, Calazans Simões, Moura Resende, os irmãos José e Jorge Lyra, Arthur Breda, Ramos Oliveira, João Carlos Lyra, Everaldo Lemos, Jefferson Araújo , Raul Dias, Oceano Carleial, Arnoldo G. Barros, Alan Barbosa, que, dentre outros, abriram caminho para o atual patamar.

Não me ocorre esquecer os novos valores que assimilaram as modernas técnicas, capacitando-se e importando instrumentais de alto custo, abrindo espaços confortáveis, arriscando o patrimônio pessoal. Impossível nomeá-los todos. Prefiro homenagear a especialidade na figura do oftalmologista João Marcelo Lyra, indicado para tentar dar luzes, clarear as sombras que recobrem a saúde no município de Maceió.

Ignoro as razões do prefeito eleito Rui Palmeira  apostar em João Marcelo. Profissional de altíssimo nível, muito bem sucedido, ele mesmo, João, demonstra desprendimento ao aceitar o desafio. Não há nada de estranho. O próprio prefeito é uma aposta que os munícipes “pagaram para ver” ao escolhê-lo para burgo mestre.

Critica-se o fato de Marcelo “não ser do ramo”. Certamente, de não fazer parte dessa confraria que borboleteia nas secretarias, desde os gloriosos tempos em que os sindicatos sonhavam com a Albânia, imaginavam-se reencarnar o “Che” e acordarem   nos bares temáticos cheios das coisas. Por fim, jactavam-se por não saber prescrever um Elixir Paregórico.

Ao mesmo tempo em que parabenizo o futuro prefeito pela escolha, tenho pena do João Marcelo. Maceió não alcançou 30% de cobertura no PSF. Paga-se uma miséria aos hospitais. Por isso as Unidades de Emergência de Maceió e Arapiraca vivem superlotadas. Os médicos recebem merrecas inacreditáveis. Mistérios insondáveis rondam o destino das verbas do SUS. Sacaneia-se quem trabalha. Há privilégios inexplicáveis. É muito abacaxi.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Link de entrevista na TV Pajuçara

 


 



 




Vídeo de entrevista na TV Pajuçara





JUSTA HOMENAGEM


JUSTA HOMENAGEM

RONALD MENDONÇA

MÉDICO E MEBRO DA AAL

 Ontem,  oficialmente, a Neurocirurgia alagoana comemorou seus 40 anos de existência.  Um marco da chegada do jovem neurocirurgião caruaruense, vindo do Rio de Janeiro. Em importância não pode ser comparada a outras, como a da fundação da  Faculdade de Medicina de Alagoas, em 1950, ou a criação da Escola de Ciências Médicas, em 1968. Mas o lugar na história da medicina caeté está garantido.

 Como primeira consequência, cortar-se-iam laços da arraigada dependência científica que nos amarravam a Recife. Não há dúvidas de que gritos de gratidão estão presos nas gargantas de milhares de pacientes beneficiados com o nosso alvorecer neurocirúrgico. Estamos muito orgulhosos do que fazemos. Somente nos últimos seis anos, os neurocirurgiões da Santa Casa de Maceió realizaram perto de duas mil neurocirurgias!

Singelamente, o evento, com o apoio do CRM (Conselho Regional de Medicina), foi lembrado com sessões científicas de elevado nível, com a participação de personagens que contribuíram para a construção da grandeza da especialidade. Foi comovente a presença de pacientes. Quem não foi, não sabe o que perdeu.

Com efeito, a "prata da casa" marcou presença com palestras de jovens e maduros valores da especialidade, neurocirurgiões, neurologistas, fisiatras, ortopedistas, reumatologistas. Vindos de longe, sobretudo dos vizinhos estados e de São Paulo, também aqui acorreram grandes nomes.

 Pontuei, em pretérito artigo, a dor dos doutorandos de 1971  com o acidente de um dos colegas de turma. Vítima de TCE, dolorosamente, não havia ninguém com experiência para orientar o caso.  Triste história, por sinal, que se repetia além do que imaginávamos.  Com a chegada da Neurocirurgia, sua prima irmã, a Neurologia Clínica passaria a ser ensinada nas escolas médicas.

A evolução foi natural, muitas vezes em saltos, numa imitação ao darwinismo. Tudo foi muito rápido. É possível até não ter havido tempo suficiente para festejar-se a chegada do primeiro Tomógrafo Computadorizado. Logo a Santa Casa de Maceió importaria um aparelho de Ressonância Magnética, num passo gigantesco em direção à perfeição diagnóstica. Nada se faz só. Outras áreas médicas foram compelidas a crescer.

Olhando para trás é que se tem a verdadeira dimensão do pioneirismo que guiou a decisão de Abynadá de aqui criar raízes e integrar-se  ao modus vivendi da Província. Testemunha e personagem dessa caminhada, participo  das homenagens a esse corajoso desbravador.

ACONCHEGO


ACONCHEGO

RONALD MENDONÇA

MÉDICO E MEMBRO DA AAL



É inteiramente falsa a notícia de que os companheiros estariam contratando Macarrão
e Bola, dois amigos do goleiro Bruno, para, digamos, dar um sumiço em Rosemary.
Tudo não passa de sórdida campanha difamatória da imprensa hegemônica, rancorosa
e golpista, inconformada com a chegada da classe trabalhadora ao poder, tendo à
frente um sujeito de uma dimensão ética nunca vista.

Além disso, mesmo que o operário-presidente fosse um nanico moral (Deus nos livre
imaginar isso), como tem sido amplamente comprovado ao longo desses 12 anos
de governança, o PT não é partido que usa habitualmente a violência como técnica
preferencial de persuasão.

Celso Daniel, o desditoso prefeito de Santo André também assim pensava. Fato
exaustivamente divulgado, ele e os companheiros comandavam um esquema de
arrecadação ilícita para engordar o caixa 2 do seu partido. Ocorreu que, por uma
dessas fragilidades humanas - perfeitamente compreensíveis - parte da bufunfa estava
sendo embolsada para desfrute pessoal dos companheiros.

Daniel era um cara sério, comprometido, um soldado do partido. Jamais admitiria
corrupção que não fosse para honra e glória da sua agremiação. Morreu fiel ao
compromisso com a sigla. Foi heroi e mártir do jeito PT de ser.

Ainda que não se tenha apreço pelo PT, é preciso que se reconheça: no poder ou
fora dele, é um partido que nem rouba, nem deixa roubar. Axiomas demonstrados
mui recentemente durante o julgamento, pelo STF, do mensalão: uma quadrilha
de "homens de bem" condenada por perseguição política.

Como genérico de Casanova, o histórico de Lula (o PR) - enrolado até o gogó com
a travessa companheira Rosemary (a"segunda dama") -  é edificante. Ainda jovem
dirigente sindical, nosso ídolo era um protetor de viúvas "de primeira muda". A sede
do órgão revelar-se-ia o ambiente propício para as investidas. Na sua grandeza de caráter intuía as carências das viúvas dos companheiros, oferecendo aconchegos que amenizassem as
agruras de um corpo emergente. O predador tornou-se um especialista. Em célebre depoimento, PR jactava-se de haver "papado" várias viuvinhas.

A carne é fraca e o espírito vacilante - já dizia monsenhor Luiz Marques, de Arapiraca. Na presidência, o pelanco de Pitigrilli, PR, daria asas ao apetite "papando" a cúmplice Rosemary, em ardentes combustões aéreas renováveis a cada viagem. Foram 40.

Não existem almoços nem viagens grátis. Em pelo menos numa das travessias, Rose teria
carregado na sua mala o aconchego de 25 milhões de euros!

domingo, 2 de dezembro de 2012

O BOM SELVAGEM

O BOM SELVAGEM
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Encaro, mais uma vez, a sacolejante travessia do Atlântico. O motivo não poderia ser mais nobre: a busca de novas técnicas neurocirúrgicas no Velho Mundo, especificamente na Alemanha, teoricamente, último reduto do selvagem capitalismo. Como anunciam nossos amigos socialistas, o capitalismo está moribundo. Respira com a ajuda de aparelhos, recebe alimentação por sonda e é estimulado por drogas vasoativas. A Prússia é exceção.

Não quero pensar nisso. Vivo ainda as emoções de quase 12 horas de voo. Onde eu estava com a cabeça quando resolvi ser neurocirurgião? Poderia ter atendido ao chamamento divino e ter abraçado a vida religiosa. Hoje, sexagenário, certamente estaria em vias de merecido recolhimento monástico. Prosaica bicicleta seria meu meio de transporte. Talvez fosse um monsenhor ou um gordo cônego.

Com sorte teria sido pároco da Matriz de Bebedouro. Minha inspiração laica seria o Major Bonifácio Silveira. Organizaria quermesses. O pastoril iria reviver. Lindas pastorinhas cheias de graça estariam defendendo suas cores. O São João voltaria a viver o apogeu. Para organizar o Carnaval convocaria ninguém menos que Carlito Lima.

Nas minhas homilias não faltariam Cícero e Aristóteles, Tomás de Aquino e Santo Agostinho. Ensinaria que o mundo foi feito em uma semana. A modéstia, somente o excesso de modéstia divina fez com que o Criador demorasse tanto tempo.Reafirmaria que o Paraíso Terrestre foi bom enquanto durou. Infelizmente, Adão e Eva jogaram tudo fora. Tarados insaciáveis, não resistiram a uma rapidinha. A cobra levaria a culpa.

Enxotados a pontapés, mancharam o DNA da alma com uma tatuagem indelével. Como castigo, tivemos de suar para comer. Claro que essa medida não atingiu a todos. Membros e aliados de certo partido político foram dispensados dessa obrigação.

Nos meus sermões, não deixaria de bater nessa tecla: Deus misericordioso enviou seu filho unigênito, nascido de uma virgem, para nos livrar da mancha com que Adão e Eva melaram nossa alma.

Inevitavelmente, iria aos cemitérios encomendar almas desencarnadas. Umas poucas viveriam a glória dos céus. A maioria absoluta seria de uma horda de cafajestes que iria assar eternamente nas labaredas dos infernos.

O fato é que sobrevivemos. Nadja, minha esposa, o neurocirurgião Aldo Calaça e eu. No mesmo voo, o cacique Raoni, com seu sensual adereço labial, também ileso pisou em território europeu. Ignoro sua missão. Quem sabe, será entronizado nos saraus literários como o “bom selvagem”... Aquele que nasce bom, mas é corrompido pela sociedade consumista