segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A GLÓRIA QUE ESPREITA E NAUFRAGA

O naufrágio do Costa Concordia, portentosa nave sinistrada durante prosaico passeio pelo Mediterrâneo, nos remete a outros monumentos da tecnologia, o Titanic e o Airbus da Air France, igualmente vítimas da soberba e da incúria.
É possível que daqui a 90 anos algum gênio da cinematografia crie uma comovente história de amor, semelhante àquela dos adolescentes Rose e Jack, personagens de Titanic. Quem sabe, na dobrada do século 22, será encenado o romance de um piloto de transatlântico apaixonado por um ilhéu de Giglio, por coincidência garçom da embarcação. Certamente um glamouroso enredo com todos os ingredientes das arrebatadas paixões, desde as imorredouras promessas de amor, passando por triângulo amoroso, até um dos mais mesquinhos dos sentimentos: o ciúme. Tudo culminando com malfadada colisão em milenares rochas, que só o desastrado comandante não viu.
Falemos de alegria. Sim, porque a pequenina Alagoas vive momentos gozosos. Parodiando, posso dizer que nunca dantes nosso Estado teve tanta intimidade com a gloria. Afinal é o que fica, honra, eleva e consola. Disputadíssima, nossa Faculdade de Medicina, uma das “joias da coroa” da não menos gloriosa Ufal, mostrou serviço nesse exame do Enem.
Para os leitores mais jovens, repito que nossa Famed foi fundada há seis décadas. A antiga Faculdade de Medicina cumpriu seu objetivo de formar bons médicos, na maioria alagoanos. Em 1960 integrou-se à Ufal e continuou a prover as comunidades alagoana e brasileira de profissionais respeitados. Hoje, “uma referência nacional”, optou como meta o ensino da “Cidadania”, subtraindo horas de disciplinas “menos importantes” como Anatomia, Semiologia, Patologia etc.Estava a dizer que a Ufal se superou. Hoje, o país inteiro prosterna-se diante desse santuário do ensino. Foram mais de cem mil inscrições do SISU, para preencher modestas seis mil vagas. Que importa se o longínquo Piauí ferve com número maior de inscrições?
Quase esquecia de comentar que as vagas para os nossas “joias” foram ocupadas por candidatos de outros Estados. Aqui inscritos, não na bacia das almas porque descartados por universidades melhores, mas, sobretudo, por terem sido atraídos pelas nossas excelsas qualidades. É mero detalhe a rala presença de alagoanos nas listas dos classificados. Na Catedral da Cidadania (a Famed), por exemplo, das oitenta disponíveis, triunfalmente emplacamos oito.

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