segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NADA MUDOU

Meses atrás, num sinal de grande atrevimento, preenchi ficha de inscrição para candidato a sócio da AAL, na vaga de d. Fernando Iório, um dos mais destacados membros do clero brasileiro, além de impecável intelectual. A ousadia foi premiada, tendo tomado posse em 6 de dezembro último.
Ainda inebriado pela glória da convivência no Templo da Cultura Alagoana, recordo um trecho do pronunciamento em que referi ter escrito contos, mas que meu trabalho literário era concentrado em textos para a Gazeta de Alagoas, publicados aos sábados, nessa página. Foram cerca de seiscentos artigos nesses últimos 14 anos, sobre as mazelas que nos cercam. Ouço dizer que são comentados, o que significa que mais de onze leitores, além da família, desperdiçam seu precioso tempo com baboseiras.
Mas o que queria dizer é que nada, absolutamente nada, mudou, numa confirmação meio às avessas do postulado de Lavoisier.Deus me livre de ser infectado pelo vírus do pessimismo. A essa altura da vida, seria fatal.
Por isso, tenho acreditado na luta dos anestesistas, essa imprescindível especialidade, muitas vezes mágica, que transforma dores em sorrisos – sobretudo quando usava o gás hilariante como agente anestésico.
O que querem os anestesistas alagoanos? Em vias de cruzarem os braços, as pretensões não são recentes nem isoladas. São reivindicações que interessam a toda a classe médica, que está exaurida de ser humilhada pelo SUS e pelos planos de saúde. Nossos governantes fingem não saber que a vida humana é a mesma, se de Lula e Dilma ou dos ferrados da sorte. Se ricos ou mendigos, temos os mesmos compromissos éticos e também os mesmos ônus civis. Num país em que se acha justo pagar um milhão de reais (ou mais!) por quilômetro de uma estrada onde todos circulam, não há argumentos para pagar mal a médicos e hospitais do SUS, só pelo fato de lidarmos com a “massa ignara”.
O SUS está longe do “universal” que se diz. Muito menos do “equânime”. Em Pernambuco, o famigerado paga ao anestesista oitenta e oito reais por uma curetagem; em Alagoas, o mesmo procedimento vale vinte e um! Afinal, se no Recife tem, por que a gente não tem?
O fato é que esses socialistoides, que há anos beiçam as tetas do Ministério da Saúde – desde Fernando Henrique –, acham, por exemplo, que os aumentos dos encargos hospitalares (impostos, salários, inflação, etc.) não justificam majoração anual no valor de honorários médicos e diárias. Nesse setor, há anos, nada evolui

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