domingo, 18 de julho de 2010

NUDEZES E BARBÁRIE



A ausência de Eduardo Bonfim das páginas da Gazeta às sextas abre um vazio. Afastado por conta de lei eleitoral, repito mais uma vez: seus artigos me inspiram. Para compensar, os editores publicaram texto inédito do pranteado d. Fernando Iório, uma das maiores figuras do clero alagoano e um dos articulistas mais lúcidos deste espaço.
Mas o momento é de reflexão. Menos pela eliminação do Brasil da Copa do Mundo, um acontecimento normal quando duas equipes se confrontam. Uma delas há que sair vitoriosa. Ao contrário do que pensa boa parte da imprensa burguesa, golpista, reacionária e hegemônica (como diria Bonfim), não considero nem Dunga nem Lula os responsáveis pelo insucesso.
A culpa de Dunga seria pela insistência em escalar gente do quilate de Felipe Melo, o “Abominável Homem da África”. A Lula atribui-se uma aura de azar, de mau agouro, o chamado “pé de galocha”, sobretudo quando o assunto é seleção. Embora não acredite nessas coisas, coincidência ou não, foi apenas o presidente cavalgar seu “Lula I” em direção à África para ocorrer o fracasso.
Em meio à decepção, o bálsamo foi a goleada que os argentinos tomaram da Alemanha. Los hermanos haviam sido desumanos com a nossa dor, de modo que o troco dos brasileiros era inevitável. Além disso, livramo-nos (em nome da estética) do visual despido de Maradona. Como se sabe, d. Dieguito comprometera-se em desfilar no pêlo em praça pública.
Aliás, despir-se em público também fazia parte das promessas da modelo paraguaia Larissa Riquelme. Não obstante a desclassificação dos guaranis, a “namoradinha do Mundial”, para alegria de milhões de torcedores, mostrou os montes e vales que compõem sua exuberante anatomia.
Nem só de glamour vive o mundo esportivo. Com efeito, o ritual macabro que eliminou a jovem paranaense Eliza Samúdio desnudou um dos seus lados mais sórdidos. Frequentadora dos bacanais e surubas dessa turma de deslumbrados (o universo político é superponível), a gravidez e o pedido de pensão para a criança soariam como uma traição imperdoável para o goleiro psicopata. O tal de Bruno não admitia posar de “babaca” para os colegas. Afinal de contas, a moça não era nenhum modelo de castidade.
Com a carreira sepultada, graças à lassitude das leis, o mandante e seus comparsas deverão estar livres em poucos anos. O que esperar de um país que mantém impune o “chefe da quadrilha dos mensaleiros”, coincidentemente, paparicado expoente da política nacional?
10/07/2007

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