ESCORÇO HISTÓRICO
DA CONTEMPORÂNEA NEUROCIRURGIA ALAGOANA
Ronald Mendonça
Neurocirurgião da
Santa Casa. Membro da AAL
Há 42 anos, o Dr.
Abynadá Liro, caruaruense de nascimento e alagoano por opção emigrou para nossa
cidade. Na mala, a firme vontade de exercer a Neurocirurgia. Até 1972, ano de
sua chegada, sofrer um Traumatismo Cranioencefálico em nosso Estado era uma
tragédia. As doenças neurológicas eram quase desconhecidas, enigmáticas,
carregadas de tabus.
Na enfermaria da
Santa Casa, praticamente morador do Hospital, havia um paciente com Mal de Parkinson. Com efeito, o Sr. Izídio era
a pièce de résistance da Neurologia acadêmica. "Ensinou" a várias
gerações de médicos.
Abynadá arregaçaria as mangas. Foi para a emergência do HPS da Dias Cabral. Entrou na Ufal e na
ECMAL e destacou as patologias mais frequentes. Doenças como Epilepsia,
Cefaléia e AVC passariam a ter abordagem científica organizada. Os portadores
de tumores cerebrais não precisavam mais transferir-se para outros Estados.
Finalmente, a Neurologia era exercida por alguém do metier.
Izídio receberia
alta melhorado, até porque a levodopa foi descoberta e a doença foi
desmistificada.
A Santa Casa
passaria a ser o bunk do Prof. Abynadá. Em 1977 juntei-me ao professor. Nos
anos 80, a Neurocirurgia ampliaria seus quadros com a chegada de outros colegas
neurocirurgiões. Extraordinário salto de qualidade, um Tomógrafo Computadorizado
foi adquirido. Diagnósticos precoces
e precisos passariam a ser feitos. Na realidade,
o Tomógrafo mudou a feição da Neurologia no mundo todo.
Pouco tempo depois,
graças à obstinação da equipe de Neurocirurgia, a Santa Casa seria pioneira na aquisição de um aparelho de
Ressonância Magnética. Embora sem o
impacto da Tomografia, a chegada da Ressonância foi um salto com vara em
direção `à perfeição estética.
Antes disso, em 1978, aportaria na Santa Casa
a primeira equipe de cirurgia cardíaca. Tomamos carona no bonde dos
cardiologistas, sobretudo em relação à UTI e à angiografia seriada por
cateterismo. Foi uma proveitosa troca .Ensinamos a Neuroradiologia aos hemodinamistas a eles faziam os exames para nós. Os biológos chamam essa
colaboração em dupla via de simbiose. Os rapazes aprenderam rápido. Em breve estavam dando laudos sem nossa ajuda.
Não se pode falar em Neurorradiologia e na
história da Neurocirurgia em Alagoas sem mencionar o saudoso Prof. Eduardo
Jorge Silva. Chefe do Serviço de Radiologia, criativo, na época em que fazíamos as angiografias puncionando as
artérias no pescoço, ele bolaria um escamoteador de três filmes. Eduardo Jorge
foi fundamental como mentor e avalista na aquisição de novas tecnologias. Um
sonhador que viu seus sonhos tornarem-se realidade.
Nesse escorço histórico, assinalamos que o Dr. Abynadá continua no exercício da Neurologia Clínica. Um grande desfalque: em pleno fastígio profissional, declinou de operar. Sem dúvidas, a semente plantada pelo caruaruense frutificou e espalhou-se pelo Estado. Talvez já tenhamos 20 neurocirurgiões ocupando não só os grandes hospitais de Maceió e também nas principais cidades do interior.
No ano passado tivemos a lúcida iniciativa de comemorarmos os quarenta anos de
Neurocirurgia em Alagoas. Exercendo uma natural liderança pela indiscutível
experiência e capacidade dos seus quadros neurocirúrgicos, a Santa Casa de
Maceió reuniu especialistas renomados e realizamos um encontro científico de
gala.
Alagoas pode se orgulhar: a nossa equipe de Neurocirurgia da Santa Casa contabiliza cerca de quinze mil neurocirurgias nesses 42 anos. É uma cifra que deixa os visitantes impressionados. A fila anda. A mais nova aquisição da Neurocirurgia da bicentenária instituição foi um potentíssimo microscópio cirúrgico. Os astronautas da Nasa estão loucos de inveja.
Alagoas pode se orgulhar: a nossa equipe de Neurocirurgia da Santa Casa contabiliza cerca de quinze mil neurocirurgias nesses 42 anos. É uma cifra que deixa os visitantes impressionados. A fila anda. A mais nova aquisição da Neurocirurgia da bicentenária instituição foi um potentíssimo microscópio cirúrgico. Os astronautas da Nasa estão loucos de inveja.
Nesta sexta-feira (08/08/2014) , repetimos a dose de esbanjamento científico. Com o apoio moral do CRM, convidados de todos os rincões do País estiveram presentes em mais um encontro, debatendo a Neurocirurgia contemporânea sem perder de vista o que nos espera nos próximos anos. O local escolhido não poderia ser mais significativo: o auditório da própria Santa Casa. Nesse jaez, o neurocirurgião Prof. Aldo Calaça, um dos delfins da Neurocirurgia alagoana, foi incansável na organização do evento.
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