domingo, 14 de julho de 2013

O jegue do Galileu


UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA

O JEGUE DO GALILEU

RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL

O

Montado num jegue, em triunfal entrada em Jerusalém, segundo registra o ritual do catolicismo em episódio conhecido como “Domingo de Ramos, é difícil crer que uma semana após, o alvo dessas manifestações estaria no Calvário, literalmente pregado numa cruz, depois de comer o pão que o diabo amassou.
 Falo de Jesus Cristo, para muitos o Salvador, aquele que teria sido enviado pelo próprioDeus com a missão de resgatar-nos da imundície do pecado original.  Com tal compromisso,era previsível que a coisa descambasse para aquelas baixarias, onde rolaram grana,  beijos, traições, negações e até pungentes pedidos para que o cálice do sofrimento fosse afastado.
Mutatis mutandis, nossa meiga presidente passa por essa provação. Há bem pouco, vivia seu “Domingo de Ramos”, lua de mel refletida nos índices de aprovação popular lambendo oitenta por cento. Quase unanimidade, achava-se com direitos infinitos. Na obscuridade da planície, aos pobres mortais só chegavam os excessos temperamentaisde madame. Iracunda crônica, a gerentona notabilizar-se-ia pelo semblante carrancudo, riso de aeromoça, não obstante horas e horas de embonecamento milionário pagas a peso de ouro.
O esbanjamento era (ou é) a regra. Como se reprisasse o “último baile da Ilha Fiscal” – marco da queda de D. Pedro II – o fausto lhe fazia companhia em viagens internacionais. Na coroação do papa Francisco, por exemplo, malgrado a condição de ateia de carteirinha, espantaria o Velho Mundo em crise hospedando-se num dos hotéis mais caros do planeta. A compunção exigida pelo momento cederia lugar ao pândego, ao desperdício. Em vez do metafórico jegue do Galileu, tal uma Cleópatra, imaginou conseguir dobrar os joelhos dos romanos (e do mundo) com demonstrações de riqueza e pompa.
Abro parêntesis para dizer que “o último baile da Ilha Fiscal” também é revivido pela cara de pau do presidente da Câmara ao fazer farra com amigos num jato da FAB. Como ia dizendo, a economia (mal gerenciada pelos companheiros, é bom que se diga) começou a pipocar. Os “bilhões de dólares” da reserva, parece, não são suficientes para garantir os descalabros governamentais.
O inferno zodiacal dilmesco – ou o Monte das Oliveiras – seguindo a analogia do texto, teria seu início numa arena esportiva recém construída. Indignada com o absurdo valor da obra, os torcedores brindariam a presidente com uma humilhante vaia. Apupos que cruzaram o Atlântico e ressoaram no Velho Continente.Um vexame.
Nas manifestações das ruas, a incompetência oficial foi eviscerada. Saúde, educação, segurança, transporte, inflação, malversação do dinheiro público, corrupção em todos os níveis... O país apodreceu em dez anos. O grande responsável, Lula da Silva, escafedeu-se entalado no oco do mundo.
Sua antipática e medonha criação, antes temida – nunca foi amada, apenas tolerada – está acuada. Suas ideias fajutas surgem ao sabor das pressões. Plebiscito, constituinte, arremedos de médicos que não resistem a uma simplória provinha de revalidação...Tudo isso é motivo de profunda tristeza. O país mantem no posto de maior relevância uma figura sem empatia, sem afinidades com seu povo.

Até os aduladores de plantão estão batendo em retirada. Delineia-se melancólica a solidão institucional de madame. Por puro medo não encerrou a Copa das Confederações. Por fim, sairia de fininho, escorraçada, da reunião com os prefeitos. Nem eles temem mais a fúria da gerentona de palanque.

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