DOR DE DENTE NAS COSTAS
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Jeff Chandler era um sujeito imenso de quase dois metros de altura. Não tenho grandes recordações de sua atuação como ator. Por um cacoete da profissão, liguei-me ao seu prontuário médico. Tinha em torno de 40 anos quando foi submetido a uma cirurgia de hérnia de disco, nos anos 60. Uma infecção generalizada, adquirida no pós-operatório, teria sido a causa do seu falecimento precoce.
JFK sofria desse mal. Como ninguém está livre do comentário malsão, dizia-se, nem tanto à sorrelfa, que o presidente americano, de tanto usar analgésicos em doses cavalares, teria uma dependência química. Consta nunca ter sido operado. A musa Marilyn Monroe, uma das grandes paixões do líder, teria feito inconfidências sobre as penúrias gravitacionais do casal nos momentos de maior arrebatamento.
O homem que preferia o cheiro das estrebarias ao do povo sofreu pra caramba. O país acompanhou seu calvário. Figueiredo tentou tudo. Do fisiatra oriental às curas espirituais. A definição de sua dor reverberou mundo afora: “uma dor de dente nas costas”. Terminou no bisturi do neurocirurgião. Cavalgar, nunca mais.
Somente dez por cento dos portadores chegam à sala de cirurgia. A maioria convive bem com suas hérnias.
De quando em vez, há uma recorrência dolorosa contornada com medicação sintomática e repouso. Às vezes, a infiltração anestésica atua na contratura muscular, aliviando de forma passageira a contratura e a dor.
A cura definitiva é obtida somente pela exérese da lesão, por processo cirúrgico. Poucos centros no Brasil, por razões óbvias, podem dispensar a presença do neurocirurgião.
Alagoas não está incluída nesse rol. O implante de material de síntese em hérnias simples eleva custos e, sobretudo, riscos de maior morbidade.
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