sexta-feira, 8 de março de 2013

Nove de março

NOVE DE MARÇO
Por: » RONALD MENDONÇA – médico e membro da AAL.
Vítima de assalto numa padaria, o jornalista Joaldo Cavalcante, em contundente artigo, responsabilizou o atual governador pela precária situação da Segurança Pública de Alagoas. De fato, sem falsas modéstias, repetidas pesquisas vêm demonstrando como temos evoluído desde o ano 2000. Hoje, disputamos pau a pau a liderança desse ranking. Há 13 anos, eram modestas 25 mortes por cem mil habitantes. Em 2006, conseguimos atingir entre 50 e 56 mortes por cem mil. Hoje, nossa marca supera as 60!

Não é difícil inferir que o país está comandado por facínoras e à mercê de facções de todos os credos. São Paulo, mesmo, que até o ano passado brandia dados escandinavos, apenas nesses dois primeiros meses viu dobrarem os crimes de morte. A Bahia é caso sem jeito, e até a pacata Florianópolis vive tempos de horror. Vitória, Recife e Fortaleza têm índices medonhos. Sem falar no Rio de Janeiro, pai e mãe do banditismo.

Alagoas nunca foi um lago de mansas águas. Em novembro de 1999, nossos filhos Lavínea e Ronald (que neste 09 de março completaria 36 anos), de 28 e 22 anos na época, foram friamente mortos por um empregado da casa. Latrocínio premeditado e covarde. Roninho, estudante de Direito e professor de inglês, diariamente dava carona ao criminoso. Não há como deixar de registrar o repúdio pela fala mentirosa, desonesta até, do defensor público por tentar denegrir a memória dos filhos mortos.

Não foi o único a querer aparecer. Um desconhecido marxista delirante achou-se no direito de nos admoestar. Por cartas, pedia-nos resignação. Segundo ele, fomos alvos da inexorável marcha da história que, como sabem, tem o comunismo como destino final. Ali era o retorno da luta de classes, em estado larvar desde o melancólico esfarelamento das ditaduras comunistas. O assassino seria, por essa via, algo como um agente do proletariado. Um guerrilheiro a serviço do stalinismo.

Várias vezes levantamos a suspeita de que houve participação de mais pessoas no momento dos crimes. Ficou claríssimo que uma inescrupulosa ex-patroa receptava objetos e valores roubados da minha casa pelo bandido. O tempo nos convenceu de que essa escroque era uma das únicas pessoas no mundo em condições de salvar nossos filhos. Fechando o círculo macabro, as vidas da Lavínea e do Roninho estiveram também nas mãos de uma loja de armas e de um soldado do Exército, que, criminosamente, forneceram arma e munição. 

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