Miserando atque
eligendo
Ronald Mendonça
Médico e membro da AAL
Soa inquestionável que os médicos cooperados da
Unimed queriam que a atual diretoria permanecesse à frente da entidade para um
segundo mandato. De fato, foi um desejo expresso nas urnas, em votação livre e
secreta nesse dia 13/03. Certamente (espero), sem conchavos, negociatas
espúrias, promessas de favorecimentos ou outros expedientes inconfessáveis,
comuns em territórios alhures.
Sem baixarias, bolsa família, bolsa consulta, bolsa
exame, injúrias, calúnias ou difamações, a lealdade do certame não deixa dúvidas
sobre a maturidade da cooperativa. A verdade é que qualquer que fosse o eleito,
estaríamos bem servidos. Nesse aspecto, não há perdedores. Não obstante, quer
parecer imprescindível que a atual diretoria comece a preparar-se para voltar à
planície, ao fim do mandato, entregando o bastão a um sucessor idôneo e
capaz.
Perpetuar-se no poder é coisa de ditadura. Dois
mandatos já estão de bom tamanho. É tempo suficiente para o sujeito gastar as
idéias, exaurir a criatividade e esgotar a libido. Afinal, a Unimed não é uma
Cuba, muito menos uma Venezuela. É pacífico que o poder vicia, embriaga e
corrompe. Não vamos repetir erros. Tem gente por aí que não quer largar o osso,
nem a pau. Se alguém fala em rodízio, alternância de poder, o sujeito vira uma
fera. O único rodízio que ele aceita discutir é o de
picanha...
De tudo, o que parece fundamental é que a Unimed
não deve lidar com seus cooperados e associados como um plano de saúde comum,
posto que eliminamos o espectro do intermediário. Com efeito, ao nos juntarmos
numa cooperativa, elidimos Bradescos, Smiles e outras figuras que nos sugam e
nos humilham.
Falo em eleições e já me lembro das bolsas esmolas
que o governo federal espertamente distribui. Quem pode ser contra um pão que
se doa a um faminto? Atire a primeira pedra quem não se sensibiliza com as
sebentas cuias vazias seguras por trêmulas e esquálidas mãos estendidas nas
portas dos restaurantes, nas calçadas das igrejas, nas esquinas e becos... Por
isso a tolerância a esses óbulos eleitoreiros.
Habemus papam. A cadeira de Pedro está ocupada. Seu
caduceu nas mãos de um consistente argentino. Francisco foi dissecado pela
esquerda e pela direita. Pela frente e por trás, rostral e caudalmente. Como já
se disse, mesmo agnóstico, é bom saber que atrás daquelas vidraças há um homem
de vestes brancas preocupado com os costumes. Sempre haverá quem ande na linha
apenas porque morre de medo das labaredas do inferno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário