Miserando atque eligendo
Ronald Mendonça
Médico e membro da AAL
Soa inquestionável que os médicos cooperados da Unimed queriam que a atual diretoria permanecesse à frente da entidade para um segundo mandato. De fato, foi um desejo expresso nas urnas, em votação livre e secretanesse dia 13/02. Certamente (espero), sem conchavos,negociatas espúrias, promessas de favorecimentos ou outros expedientes inconfessáveis, comuns em territóriosalhures.
Sem baixarias, bolsa família, bolsa consulta, bolsa exame,injúrias, calúnias ou difamações, a lealdade do certame não deixa dúvidas sobre a maturidade da cooperativa. A verdade é que qualquer que fosse o eleito, estaríamos bem servidos. Nesse aspecto, não há perdedores. Não obstante, quer parecer imprescindível que a atual diretoria comece a preparar-se para voltar à planície, ao fim do mandato, entregando o bastão a um sucessor idôneo e capaz.
Perpetuar-se no poder é coisa de ditadura. Dois mandatos já estão de bom tamanho. É tempo suficiente para o sujeito gastar as idéias, exaurir a criatividade e esgotar a libido. Afinal, a Unimed não é uma Cuba, muito menos uma Venezuela. O poder vicia, embriaga e corrompe. Não vamos repetir erros. Tem gente por aí que não quer largar o osso, nem a pau. Se alguém fala em rodízio de poder, o sujeito vira uma fera. O único rodízio que ele aceitadiscutir é o de picanha...
De tudo, o que parece fundamental é que a Unimed nãodeve lidar com seus cooperados e associados como umplano de saúde comum, posto que eliminamos o espectrodo intermediário. Com efeito, ao nos juntarmos numa cooperativa, elidimos Bradescos, Smiles e outras figuras que nos sugam e nos humilham.
Falo em eleições e já me lembro dos bolsas esmolas que o governo federal espertamente distribui. Quem pode ser contra um pão que se doa a um faminto? Atire a primeira pedra quem não se sensibiliza com as sebentas cuias vazias seguras por trêmulas e esquálidas mãos estendidasnas portas dos restaurantes, nas calçadas das igrejas, nas esquinas e becos... Por isso a tolerância a esses óbulos eleitoreiros.
Habemus papam. A cadeira de Pedro está ocupada. Seu caduceu nas mãos de um consistente argentino. Franciscofoi dissecado pela esquerda e pela direita. Pela frente e por trás, rostral e caudalmente. Como já se disse, mesmo agnóstico, é bom saber que atrás daquelas vidraças há um homem de vestes brancas preocupado com os costumes.Sempre haverá quem ande na linha porque morre de medo das labaredas do inferno.
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