sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TORCIDAS DE SONHOS APLAUDAM, TALVEZ...

Torcidas de sonhos aplaudam talvez...


Ronald Mendonça

Médico e membro da AAL



Ao interpretar a Balada número 7, o cantor Moacir Franco seria alvo de ódio narcísico de uma colega, a sambista Elza Soares. É que Garrincha, o lendário 7 do Botafogo e da seleção brasileira, ex-companheiro da consagrada cantora, está inteiro na comovente canção, que, aliás, receberia magistral tratamento na voz de outro ícone da MPB, ninguém menos que Noite Ilustrada.

Na realidade, ela e nosso Garrincha, na época já em franca decadência, insustentável nas suas pernas cansadas, carcomidas por graves artroses, alcoólatra irrecuperável, ambos inconformados, tentavam esculpir uma ilusão de que seria possível triunfal retorno aos estádios. A balada sepultava o sonho.

Relembro da poesia do suposto autor, o desconhecido Alberto Luiz, temendo cumprir o mesmo destino de Moacir Franco, que praticamente sumiu do mapa, como cantor, desde o entrevero com Elza.

É que velhos atletas, no caso, ultrapassados homens públicos, também estão se apegando aos gramados da política. Não querem largar o osso, viciados em esquemas de patrimonialismo. Sentem falta dos conchavos, nostalgias das benesses.

Quer parecer penoso viver-se como um cidadão comum: dar expedientes, ser cobrado pelo desempenho, receber um salariozinho safado ao fim do mês, suportar aporrinhações de toda sorte e, sobretudo, ter responsabilidade civil pelos atos.

O exemplo de José Serra, em São Paulo, é o mais emblemático, não obstante longe de ser o único. Serra – a meu ver, um enjoado – como político não se enquadraria dentre os piores. Poderia ter ido mais longe, não houvesse a infelicidade de enfrentar uma pedreira, o Lula. Embora com chances de ir para o segundo turno, seu alto índice de rejeição é um urubu que selou a sua sorte.

Carcomido pelo câncer de laringe, por químio e radioterapia, fisicamente decrépito, voz cavernosa, Deus Lula é outro que teima em permanecer jogando. Arrogante, mantendo distância de peias morais e éticas, tem sido melancólica sua presença nos programas eleitorais. Cancros morais corroem sua biografia. Comparsas e amigos de outrora fazem revelações que o emudecem. Não por acaso, em São Paulo e em outras grandes capitais, seus degradados afilhados estão vazando pelo pito.

Por aqui, o estimado alcaide Cícero perdeu a humildade, sua marca registrada. Com curioso pedantismo, fala de si na terceira pessoa. Um Apolo capaz de eleger um poste. Desde que esse poste não tenha nome.







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