ENSAIO SOBRE A
HONRA E A GRATIDÃO
RONALD
MENDONÇA
MÉDICO E
MEMBRO DA AAL
Inesperado
round envolvendo os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula ganhou uma certa
notoriedade na imprensa. FHC, como é
conhecido, assinou um texto publicado no Globo e no Estadão em que faz
referência, dentre outras coisas, ao nanismo moral do governo que o sucedeu,
cujo fastígio teria se materializado no mensalão.
A reação foi dura e na mesma altura. Segundo
os defensores ad hoc do ex-metalúrgico, Lula foi um grande estadista, um emérito
administrador, que recebeu o País falido, anérgico, com inflação em dois
dígitos, pendurado no cadafalso do FMI. Uma bagaceira. Nada funcionava. Para
completar, duas desgraças emolduravam os oito anos de FHC: um mensalão
(considerado o “pai” do atual) para comprar parlamentares para a emenda da
reeleição e a entrega das riquezas nacionais ao horrendo e insaciável capital
estrangeiro. Entreguistas, impatrióticos, os leilões teriam sido de cartas
marcadas, e a preços de banana.
O fato é que
ninguém sabe (nem o Delfim) o que seria do Brasil sem Lula, aliados e
companheiros. Sinto calafrios ao imaginar uma nação literalmente desamparada não
fora a mão forte e heróica do inigualável combatente Zé Dirceu, de um estrategista com as
qualidades de um Genoíno, dos sábios conselhos do professor Delúbio, de um
Silvinho Land Rover... Felizmente, da pífia administração de FHC sobraria
Valério, exemplo de financista e publicitário, reforço que seria capital nos
rumos da administração pública.
O que seria de Vera Cruz sem o endosso dos
fios do bigode de um Zé Sarney, sem as comoventes
cirurgias e a proverbial honestidade de Roseana Sarney? Sem o Lobão (um dos
maiores especialistas do planeta), Orlando Silva e o Barbalho, cujo PhD em rãs é um orgulho nacional? Não quero
esquecer do Lulinha Júnior – um gênio que jazia em estado larvar na portaria de
um zoológico – descoberto graças a Deus e ao governo petista. Sim, porque
Lulinha (nosso B. Gates), salvo do obscurantismo, tem lugar reservado no
Panteão, ao lado de Graham Bell, como um
dos grandes benfeitores da humanidade. Por isso, o justo e súbito
enriquecimento do garoto.
Lula foi vilipendiado.
Sua honestidade, sobretudo sua ética, ilumina os caminhos mais tenebrosos. Farol
dos homens de bem, nunca nesse conspurcado torrão havia desabrochado flor mais
pura. Daí nossa não mais digna presidente expedita acorrer em defesa de sua
inatacável honra. Ainda existem pessoas gratas. Fora a Dilma, enumero pelo
menos três: Lewandowsky, Toffoli e Maluf.
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