sábado, 8 de setembro de 2012

ENSAIO SOBRE A HONRA E A GRATIDÃO


ENSAIO SOBRE A HONRA E A GRATIDÃO

RONALD MENDONÇA

MÉDICO E MEMBRO DA AAL

 

 

Inesperado round envolvendo os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula ganhou uma certa notoriedade na imprensa.  FHC, como é conhecido, assinou um texto publicado no Globo e no Estadão em que faz referência, dentre outras coisas, ao nanismo moral do governo que o sucedeu, cujo fastígio teria se materializado no mensalão.

 A reação foi dura e na mesma altura. Segundo os defensores ad hoc do ex-metalúrgico, Lula foi um grande estadista, um emérito administrador, que recebeu o País falido, anérgico, com inflação em dois dígitos, pendurado no cadafalso do FMI. Uma bagaceira. Nada funcionava. Para completar, duas desgraças emolduravam os oito anos de FHC: um mensalão (considerado o “pai” do atual) para comprar parlamentares para a emenda da reeleição e a entrega das riquezas nacionais ao horrendo e insaciável capital estrangeiro. Entreguistas, impatrióticos, os leilões teriam sido de cartas marcadas, e a preços de banana.

O fato é que ninguém sabe (nem o Delfim) o que seria do Brasil sem Lula, aliados e companheiros. Sinto calafrios ao imaginar uma nação literalmente desamparada não fora a mão forte e heróica do inigualável combatente  Zé Dirceu, de um estrategista com as qualidades de um Genoíno, dos sábios conselhos do professor Delúbio, de um Silvinho Land Rover... Felizmente, da pífia administração de FHC sobraria Valério, exemplo de financista e publicitário, reforço que seria capital nos rumos da administração pública.

 O que seria de Vera Cruz sem o endosso dos fios do bigode  de um Zé Sarney, sem as comoventes cirurgias e a proverbial honestidade de Roseana Sarney? Sem o Lobão (um dos maiores especialistas do planeta), Orlando Silva e o Barbalho, cujo  PhD em rãs é um orgulho nacional? Não quero esquecer do Lulinha Júnior – um gênio que jazia em estado larvar na portaria de um zoológico – descoberto graças a Deus e ao governo petista. Sim, porque Lulinha (nosso B. Gates), salvo do obscurantismo, tem lugar reservado no Panteão, ao lado de Graham Bell, como um  dos grandes benfeitores da humanidade. Por isso, o justo e súbito enriquecimento do garoto.

Lula foi vilipendiado. Sua honestidade, sobretudo sua ética, ilumina os caminhos mais tenebrosos. Farol dos homens de bem, nunca nesse conspurcado torrão havia desabrochado flor mais pura. Daí nossa não mais digna presidente expedita acorrer em defesa de sua inatacável honra. Ainda existem pessoas gratas. Fora a Dilma, enumero pelo menos três: Lewandowsky, Toffoli e Maluf.

Nenhum comentário: