UM TEXTO DE RONALD MENDONÇA
PLANOS DE SAÚDE
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL
Numa involuntária moção ao 14 de julho, como um horrendo Danton ou um simulacro
do "incorruptível" jacobino, a cabeça de Demóstenes Torres rolou após inúteis vesperais verborreicos.Uma pena que por trás daquela máscara de probidade se escondesse figura tão tinhosa. Seu substitutojá chega irisado por desairosos comentários que incluem relação promíscua com a contravenção atéirreparáveis desgostos, como a perda da bela e sensual esposa, justamente para Cachoeira. É a síntese doParlamento brasileiro. Sai um sujo, entra um mal lavado. Será que um dia ainda teremos saudades doDemóstenes ¿
Quem também teve uma cólica de eficiência foi a Agência Nacional de Saúde ao punir planos de
saúde, inclusive nossa Unimed. Sem olhar para o próprio rabo, a ANS castigou a chamada Saúde
Complementar, mise en scène midiático, com direito a ministro da Saúde. No fim, ficou a impressão deque algumas empresas deixaram de ser incluídas.
Até o início dos anos 1990 não atendia por convênios. O empobrecimento da classe média e o descasocom a Assistência Médica, dentre outros, jogariam parte da população no colo dos planos de saúde.
Assim filiei-me a esses famigerados intermediários. Com a Hapvida tive dissabores que me impeliram a solicitar o desligamento. Não suportei assistir à reincidência de meus doentes neurocirúrgicosserem transferidos para Fortaleza. Fui objetivo: sem sofrer da "síndrome do colonialismo científico" e despidode arrogância, fiz ver que os anos de ensino e de exercício da medicina me conferiram um grau dematuridade profissional para não admitir ingerências maliciosas no meu ofício. A mocinha do convêniopareceu-me convencida, mas na primeira oportunidade aplicou-me a mesma rasteira...
O convênio Bradesco é quase sui generis. Além de pagar merreca, como todos os outros, de súbito
resolveu alijar a Santa Casa da parceiria nas cirurgias de coluna. Decisão inusitada e pouco explícita,
posto que, até onde sei, esse dado só é revelado no instante em que o incauto usuário precisa desse
tipo de intervenção, criando uma situação vexatória para todos.
O fato é que os convênios adorariam que as cirurgias e os exames complementares tivessem parado na década de 1970. Alguns querem impor aos seus usuários materiais cirúrgicos do mesmo naipe que osdo "bandejão" do SUS. Ora, ora, o contribuinte faz um esforço tremendo para fugir do SUS e na hora deuma cirurgia, o engraçadinho do convênio quer enfiar material de discutível confiabilidade...
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