Nos últimos cinco anos, cumpro percurso que dura cerca de duas horas até o meu destino. Vou à progressista Arapiraca honrar compromisso acordado com o Estado de Alagoas. Encaro uma rodovia razoavelmente conservada e até me dou ao luxo de acompanhar as obras de duplicação para a Barra de São Miguel, por sinal, passando por um aparente processo de arrefecimento no seu ritmo.
Assumi um plantão semanal sem nada assinado: a mim cabia atender os pacientes com o capital de mais de trinta anos de vivência neurocirúrgica. Ao gestor, o inalienável dever de remunerar-me pelo trabalho. Simples assim. Dolorosamente, muitas vezes pensei em chutar o pau da barraca por uma questão singularíssima: o patrão não cumpre a sua parte e atrasa o pagamento além do aceitável.
Com o olhar numa remuneração menos aviltante, os neurocirurgiões alagoanos organizaram-se em torno de uma cooperativa, até para se ter uma relativa segurança. Ainda assim, os atrasos nos pagamentos se repetem. Como num vício, persisto acreditando nas boas intenções desses caras e sigo em frente.
Falando de médicos e de medicina, esta semana a comunidade alagoana teve motivos para se orgulhar. É que a quase bicentenária Santa Casa de Misericórdia de Maceió realizou seu tradicional Congresso Médico. Tendo como tema central dedicado à Geriatria, dezenas de conferências e mesas redondas de expressivas consistências científicas marcaram o encontro. Apropriadamente, o reumatologista João Palmeira denominou o conclave como o mais importante das Alagoas.
Volto à UE de Arapiraca. Impregnado pelo noticiário da morte de Osama Bin Laden pretendo saber a opinião dos colegas. Não há unanimidade. Alguns acham que Bin Laden era tão inocente em relação ao fatídico e histórico 11 de setembro, quanto seria o meu neto Caio (que, coincidentemente, nasceu naquele exato dia). Para esses, foi o próprio Bush o autor da tragédia.
Outros gostariam de ver Osama em lenta agonia, sob medievais suplícios, de preferência meses a fio. Nesse aspecto, o tiro mortal teria sido um prêmio. Para os partidários dos Direitos Humanos, o terrorista deveria ter amplo direito de defesa e aguardar o julgamento em casa. Fazer o quê se bons advogados e a lassitude das leis garantem a postergação do julgamento?
A grande verdade é que meus colegas estavam mesmo de olho na decisão do Supremo sobre a legalização das relações homoafetivas. Finalmente favorável, o clima entre alguns foi de perspectivas de memoráveis comemorações.
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