Incrível carta de um indignado
(*) Ronald Mendonça
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Quer me parecer que foi na década de 70 do findo século que as empresas multinacionais de saúde enxergaram no Brasil um mercado promissor.
Certamente por isso, jornais e empresas de televisão começaram a repercutir fortemente notícias do mau funcionamento do sistema de saúde pública vigente.
De fato, poucos eram os dias em que não aparecia uma denúncia de falhas no atendimento, braços e pernas encanados de forma equivocada, moribundos arquejantes recusados nas portas de hospitais, quando não, crianças nascendo em plena via pública. Um desmantelo dos diabos.
Nesse ínterim, floresceriam no País os chamados “Planos de Saúde” privados. A verba curta, a improvisação gerencial, as ingerências partidárias, a incompetência, a roubalheira, os desvios no erário, ou tudo isso junto, a grande verdade é que o, hoje, SUS é simplesmente caótic. Quanto aos Planos de Saúde, nascidos para ocupar o vazio da assistência pública, transformaram-se em verdaeiras armadilhas. A propósito,transcrevo parte de inacreditável e-mail de um neurocirurgião de São Paulo,Dr. Carlos Brandão, que talvez retrate um pouco o modus operandi dessas arapucas:
“No fim de semana de 22 e 23 de janeiro, vivi mais um abuso de plano de saúde, perpetrado não contra mim, mas contra uma garotinha de 20 dias”.
“Nasceu em um hospital da capital, e depois de 20 dias, o perímetro cefálico havia aumentado 10 cm!!! Enviada ao meu consultório às 16h30 do dia 21 de janeiro último, e com plano de saúde para vencer no dia seguinte”.
“Recém-nascidos têm 30 dias para serem incluídos no plano, e a mãe ainda não o fizera. O convênio, Porto Seguro, negou a Guia de Internação (atrás do convênio e respondendo por ele existe um médico, que negou a internação).
Durante toda a madrugada os familiares, na recepção do hospital, tentando internar a paciente, o que só foi possível quando a madrinha concordou em interná-la, particular”.
“Às 2 horas da manhã, depois de muita conversa, o convênio concorda em ceder vaga no Hospital Sabará (outro hospital). Mas, os familiares querem que eu a opere, não conhecem o médico que vai atendê-la e nem se ele o fará logo pela manhã de sábado.
Fica internada particular. A criança tem que ficar umas horas em jejum, fazer pré-operatórios. Finalmente operada, agora está bem. Ninguém jamais saberá quais os danos adicionais por esta demora de mais de 14 horas, em regime de franca hipertensão intracraniana”.
“E quanto mais ainda os pais terão que gastar com psicólogas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais, tempo, etc. Porque? Porque um auditor resolveu defender o ‘seu’. (Auditores ganham bônus por procedimentos negados
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