domingo, 9 de janeiro de 2011

ELE EXISTE!

Embora o domínio seja o de Papai Noel, a Igreja Católica, desde que eu me entendo de gente, bate na tecla do Natal como a comemoração do nascimento de Jesus. Na concepção cristã, aquela criança nascida numa estrebaria de Belém, seria ninguém menos que o próprio Criador, gestação que teria seu início anunciado nove meses antes, à própria mãe, por uma figura que habitaria os céus: o Arcanjo Gabriel. Este ano não tem sido diferente. Padres, bispos, cardeais, leigos católicos e até o papa têm se devotado a mais uma vez criticar o consumismo que cerca o Natal, centrado apenas na figura do “bom velhinho”.
Uma das minhas lembranças prediletas do Natal da minha infância caminha para uma manjedoura que duas piedosas vizinhas, as irmãs Olímpia e Bulú, minuciosamente construíam. Já falei sobre ela: havia a família (Maria, o resignado e solícito José e a criança). Em volta, os bichos de sempre (bois, ovelhas, galinhas, cachorros).
Para provar a transcendência do momento, miniaturas de leões, tigres e elefantes também lá estavam em submissa atitude, convivendo em fraterna harmonia. Para completar, imagens de Getúlio Vargas e Padre Cícero –ao lado dos conspícuos reis magos - também ali marcavam presença na adoração ao Menino Deus. Em permanente exposição na sala de visitas, sempre que podia deitava no chão de tijolo batido e passava horas a apreciar e conjecturar sobre tudo aquilo que, aos olhos do menino que eu era, parecia belo e real.
Lá em Bebedouro, o Papai Noel não tinha grande prestígio, pelo menos na minha casa. Acho que ele não gostava das crianças do meu bairro, porque meus amigos também não recebiam sua dadivosa visita. Não precisei de muitos natais para ter dolorosas certezas: 1º ) que ele me esnobava; 2º ) de sua inexistência.
Há três anos estas convicções seriam seriamente abaladas. É que estive, junto com os netos Maria Clara e Caio em Gramado, justamente na noite de Natal. É uma festa muito bonita, com variadas atrações, cujo máximo apelo é o desfile de Papais Noeis, e a apoteótica presença do “legítimo” Papai Noel, com direito a carruagem puxada por encantadas renas. Meu neto, um especialista no ramo, foi taxativo: “Vô, esse é o verdadeiro!”
O nosso Noel, como costuma fazer quase todo ano, já andou por Brasília e concedeu um aumento aos deputados de quase sessenta e três por cento. Aproveitou e diplomou Paulo Maluf, o “mais ficha limpo do país”.
Brasília agora está gloriosa. Ali estão: Tiririca, Maluf, Papai Noel, Lula e Dilma.

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